Quando a Usina Júlio de Mesquita Filho, em Foz do Chopim, foi construída, em 1970, a Copel instalou um aeroporto em Cruzeiro do Iguaçu para receber e mandar funcionários, da capital para o interior. A usina foi desativada em 1998, com a inauguração de Salto Caxias, em Nova Prata do Iguaçu, que tem hoje 30 vezes a potência da antiga. O lago encobriu toda a estrutura antiga da usina. Hoje, há uma Pequena Central Hidrelétrica em Foz do Chopim.E o que ficou daquela época da Usina Júlio de Mesquita Filho foi o aeroporto, que hoje está abandonado. Uma pista de aproximadamente dois mil metros, quase do mesmo tamanho do Aeroporto de Congonhas, o mais movimentado do Brasil. Trata-se da maior pista de aviação aérea do Sudoeste, mas está parada.Moradores próximos ao aeroporto dizem que o local está ficando perigoso. “Tem vezes que vem avião, dá um rasante, mas não pousa. Eu acredito que eles jogam alguma coisa na pista. Aí, o carro que fica ao lado da estrada carrega e leva embora”, conta Ângelo Pilonetto, 93, que mora há 52 anos no local e vendeu parte de sua propriedade para a construção do campo de aviação. “Acompanhei toda a história desse aeroporto. Uma vez ele era muito movimentado. Lembro bem de um acidente também, na década de 1980. O piloto e outro homem morreram. Eu vi o acidente, foi muito feio”, recorda-se.Ângelo é casado com Helena, 87, há 72 anos. Ele nasceu em Lagoa Vermelha (RS) e ela em Marcelino Ramos (RS). Tiveram 16 filhos, já perderam as contas de quantos netos e bisnetos, mas lembram são 17 tataranetos.Eles contam que, no tempo em que a Copel utilizava o aeroporto, a pista parecia um jardim, era muito bonita. “Tinha flores nos canteiros, uma casa para receber os passageiros. Mas depois que fecharam, foram roubados todos os móveis. Não sobrou nada”, revelam.O portão do aeroporto teria que estar fechado. Mas Ângelo garante que qualquer pessoa pode entrar. “É só chegar ali e tirar o cadeado. Algumas vezes, vieram vários jovens aqui fazer festa, com som alto. Depois que eles saem, deixam a pista toda suja”, acrescenta Helena. Receberam pelas terras 

A Usina de Salto Caxias foi a primeira brasileira a seguir a legislação ambiental e a primeira a ter indenizado todas as propriedades um ano antes de formar o seu reservatório. No total, foram 600 famílias de 1.108 propriedades indenizadas. O Governo do Estado pagou R$ 45 milhões pelos 23.128 hectares alagados. “Meu filho teve sua terra alagada, mas foi indenizado. O governo pagava bem, teve gente que gastou tudo e acabou na miséria”, completa Ângelo.

 

Fonte: Jornal de Beltrão –Publicada em 17/12/2011

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