A embaixadora dos Estados Unidos na ONU (Organização das Nações Unidas), Susan Rice, rejeitou nesta terça-feira que a comunidade internacional seja intimidada pelo lançamento de mais dois mísseis de curto alcance pela Coreia do Norte, um ato considerado por ela como "provocativo e desestabilizador".

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O regime comunista lançou, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, mais dois mísseis de curto alcance nesta terça-feira, ignorando completamente a condenação do COnselho de Segurança da ONU, que deve ainda escrever uma nova resolução contra o país asiático.

O lançamento veio um dia depois de ter realizado seu segundo teste nuclear em três anos e de ter supostamente lançado outros três mísseis. A informação não foi confirmada oficialmente nem pelo governo de Seul nem pelo regime de Pyongyang.

"Se eles querem continuar com o teste e provocar a comunidade internacional, eles vão descobrir que pagarão preço, porque a comunidade internacional é muito clara: isso não é aceitável, isso não será tolerado, e eles não serão intimidados", disse Rice ao programa da CNN, American Morning.

"Nós estamos unidos, a Coreia do Norte está isolada e a pressão na Coreia do Norte vai aumentar", disse Rice.

O Conselho de Segurança --cujos cinco países-membros com direito a veto são Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França-- fez uma reunião de emergência nesta segunda-feira, em Nova York (EUA), na qual afirmou que o teste nuclear norte-coreano foi uma "clara violação" da resolução número 1.718, aprovada em 2006, que proibia aquele país de "conduzir qualquer teste nuclear ou de míssil balístico".

Depois de declarar a condenação oficial ao teste nuclear, o Conselho trabalha em uma nova resolução --"uma resolução forte com dentes", descreveu Rice. "Estes dentes podem ter várias formas diferentes, eles são sanções econômicas, eles são outras medidas que nós podemos adotar", disse Rice, sem afirmar quais seriam as outras medidas.

China

Em uma série de entrevistas matinais nos EUA, Rice afirmou ainda que a condenação da China, principal aliada da Coreia do Norte, ao teste nuclear pode indicar que a comunidade internacional terá uma carta diplomática mais forte contra Pyongyang.

"China tem um interesse no que diz respeito à Coreia do Norte. Elas dividem uma fronteira. Elas querem ver a Coreia do Norte estável. Nisso, nós estamos em total acordo", disse.

Rice destacou ainda que a administração do presidente americano Barack Obama está satisfeita com o apoio inicial à condenação ao teste e aos mísseis, não apenas da China, mas também da Rússia e outras nações.

"A China teve um papel construtivo", disse Rice. "Nós e nossos parceiros precisamos concordar em um pacote [de sanções] que mudará seu trajeto. Nós deixaremos a porta aberta para a diplomacia. Nós estamos preparados para ampliar nossos esforços para interceptar carga proibida da Coreia do Norte, mas, obviamente, nós não excluímos nenhuma opção", disse.

Acusação

Nesta terça-feira, Coreia do Norte culpou os EUA pela tensão crescente na Ásia. Em um editorial no principal jornal oficial do país, "Rodong Sinmun", o governo afirma que os EUA são "guerrilheiros" e afirmou que eles querem atacar o país. O argumento utilizado nesta segunda-feira para justificar o segundo teste nuclear realizado desde 2006 era de melhorar a capacidade de defesa do país.

O editorial da publicação diz ainda que a Coreia do Norte não espera nenhum tipo de mudança positiva sob a administração do presidente Obama.

O regime ditatorial de Kim Jong-il disse nesta terça-feira que os EUA sob a administração Obama continuam sendo um país "hostil" e que o Exército e o povo coreano "estão preparados para a batalha".

Analistas apontam que o anúncio de Pyongyang de que realizou "com sucesso" um novo teste nuclear é um sinal de sua desilusão com uma nova abertura de diálogo e a possível queda de sanções com o governo do democrata americano.

Segundo analistas consultados pelo jornal "Los Angeles Times" nesta segunda-feira, o ditador norte-coreano, Kim Jong-il, pode realizar ainda mais testes nucleares como uma forma de provocar os EUA e trazer o país à mesa de negociações sobre as atuais sanções econômicas impostas a Pyongyang.

"No ano passado, muitas pessoas de Seul e Washington visitaram Pyongyang, dizendo a Kim e seu povo que, assim que Obama chegasse à Casa Branca, os EUA agiriam de maneira totalmente diferente com o regime", disse Lee Dong-bok, especialista do Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos em Seul.

"Mas não está funcionando desta forma. Esta é a razão pela qual a Coreia do Norte está agindo de maneira tão errática", completou.

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