A prefeitura de Dois Vizinhos segue trabalhando para tentar conter o avanço da dengue no município. A situação, no entanto, não é nada animadora já que quase 10% da população já foi infectada pelo vírus. Na última quarta-feira, 27, o boletim da secretaria de saúde apontou que o município já confirmou 4.345 casos, sendo que 17 pacientes estão hospitalizados e 25 pessoas aguardam os resultados dos exames. Foram ainda 78 casos negativados. “Estamos tendo cerca de 115 casos confirmados diariamente e parece que tudo que foi feito não surtiu efeito. A gente está cansado de tentar apelar para a conscientização da população. Claro que iria ser pior se deixássemos tudo, sem arrastões, mas o poder público faz sua parte, os profissionais estão adoecendo, os postos estão com equipes reduzidas porque os profissionais foram direcionados para UPA e estamos perto do colapso na saúde, vivendo com medo de faltar insumos já que, em uma semana, para se ter noção, a gente utilizou perto de 10 mil ampolas de dipirona. Eu não sei o que acontece que a população não consegue olhar para o seu quintal”, lamentou Grasieli Pedrusi, chefe da vigilância epidemiológica.

A população não colabora com a limpeza dos seus quintais. “A gente tem relatos dos agentes de endemias que entram nas casas com o saco do lixo e o dono fica sentado apontando onde está o lixo. Precisamos de uma legislação mais punitiva em nível de Brasil. Vivemos sobrecarga de serviço, a população padecendo, pessoas que, às vezes, na casa, não tem uma tampinha e adoecem por causa do vizinho e eu não sei mais o que falar. A dengue é um problema social. Todo mundo está se virando em mil para atender em todos os setores. Tivemos criança de 10 anos entubada, de 5 anos entubada que, graças a Deus, não evoluíram para óbito, mas estamos tendo muitos casos graves e um óbito já confirmado”, lamentou.

Ela falou que o município só realiza exames em gestantes e casos graves. “Seguimos nota orientativa do Paraná que o município em situação de epidemia não faz mais exames laboratoriais. Quem faz exame é gestante e pacientes internados. Esse é coletado amostra e vai ao Laboratório Central do Paraná (Lacen). Os outros, tendo febre e dois sintomas, seja dor nas costas, no corpo, mialgia, vômito, diarreia, manchas pelo corpo, é clinico epidemiológico. Se todo mundo fosse testar, não teria estrutura suficiente em virtude do número de casos que temos”, conclui.

Jaqueline Almeida, chefe de enfermagem da secretaria de saúde, também desabafou. “A dengue não é de hoje. Já faz muito tempo que acomete muita gente e, infelizmente, em alguns anos tem essa explosão. A nossa última epidemia foi em 2015. Nós, como saúde, participamos, ajudamos nos arrastões com o pessoal e a situação é bem complexa. A gente ia fazendo os montes de lixo para que as máquinas recolhessem e as pessoas voltavam para pegar alguns lixos. É incrível. Muitos falavam que alguma coisa ainda iam precisar, que podiam vender algo. Nada contra o apego, mas se for acumular, precisa ser acondicionado corretamente”, conclui.

Fonte: Portal Educadora

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