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SABADÃO SERTANEJO

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JEFERSON THIAGO

Professora fala sobre cuidados com cobras

Maria Antônia Michels de Souza, da UTFPR de Dois Vizinhos, desmistificou algumas situações com os animais.

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  • 17 de Janeiro de 2020
  • Foto: Assessoria

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A professora Maria Antônia Michels de Souza, da UTFPR de Dois Vizinhos, que ministra aulas de Zoologia e Entomologia, no curso de Ciências Biológicas, participou do Programa Sete e Meia, na Rádio Educadora AM, para esclarecer sobre a grande incidência de cobras no verão.“Existe um mito muito grande com relação a esses organismos. Temos que separar que as da família Viperadae, como a cascavel, jararaca, com muita incidência no Sudoeste, que são peçonhentas e exigem atendimento médico com administração de soro antiofídico da maneira mais rápida possível. A diversidade de espécies é muito grande, o que gera dificuldade para identificar porque os padrões são variados”, disse.

A questão da cabeça triangular, que muitos dizem pertencer a animais venenosos, é mito. “Isso é válido para os Estados Unidos. Aqui na América do Sul temos que olhar para outras características”, completou.

Cadeia alimentar

Os animais, no entanto, também tem importânciapara nossas vidas.“Eles são predadores, carnívoros, regulando uma série de outros animais como ratos, camundongos e escorpiões. Outra coisa é que nem toda cobra é peçonhenta. As peçonhentas são as que possuem uma dentição especializada da inoculação do veneno. A falsa coral já é ‘boazinha’. É considerada venenosa, mas não tem esse dente inoculador. O máximo que vai acontecer é uma infecção, mas precisa ir para o hospital. Outro exemplo é a cobra dormideira que gera muito medo porque é frequente em hortas, mas é inofensiva. Ela tem um comprimento grande, chega a um metro, mas não é tão grossa e fica mais embaixo das folhas da horta ou no solo bem preto, encoberta. Ela come o caramujo que é uma praga de alface, couve, regulando de forma excepcional. Ela é inofensiva”, explica.

A falta de predadores, faz com que se aumente a incidência de cobras. “O número de indivíduos que temos é por falta de predadores naturais, seja os gaviões, o gambá, então quando você desmata, você desaloja esses animais que vão embora e aumenta o número de cobras. O gambá é morto porque cheira mal, ou porque é feio, mas temos que ter consciência que eles nos ajudam na regulação da teia alimentar que precisa ser respeitada”, explica.

Em busca de alimento

A vinda de cobras e animais peçonhentos para a cidade também acontecem por uma perda de habitat. “Quando se tem uma modificação do ambiente que elas ocupam, seja desmatamento, queimada, que destroem áreas que elas utilizam para se esconder, colocar seus ovos, ter os seus filhotes, as cobras passam a procurar abrigo. Elas acabam encontrando isso num local onde se tem acúmulo de materiais, como toras, telhas, utensílios que sobram de construção e se tornam ninho de cobra ou escorpião. Outro fator é a chuva. O calor favorece as cobras a buscarem o sol, porque eles são ectotérmicos, ou seja, dependem do ambiente para se aquecer e aumentar sua atividade”, explica.

Buscar atendimento

Em caso de algum acidente com uma cobra, o ideal é identificar a espécie e buscar atendimento especializado o mais rápido possível. “O que se pede é que a pessoa fique imóvel, de preferência deitada, precisando se tranquilizar, por mais aterrorizante que seja, manter a respiração normal, sem muita agitação. A pessoa precisa ser levada ao atendimento médico imediato, principalmente, se for cascavel, coral ou jararaca. Lá, o médico vai saber a espécie em virtude dos eventos clínicos. Outra informação é não tentar sugar, garrotear, cortar a área, pois não adianta. Uma vez inoculado o veneno, vai para a corrente sanguínea. Se cortar, garrotear, corre-se o risco de gangrena, perda de membro, infecção secundária por bactéria que pode ser mais séria que a mordida da cobra. Se matou o animal, pode levar consigo, mas eu alerto que cobra morta ainda pode causar danos. Se ela está viva, deixa ir embora, chama o bombeiro, a força verde, porque a manipulação por uma segunda pessoa pode fazer com que ela se acidente.

Nós não temos conhecimento de como manipular o animal”, explicou. A prevenção, para quem trabalha no campo, é utilizar bota de couro ou perneira já que, normalmente, o bote é baixo.

Fonte: Alexandre Baggio