Dois Vizinhos chega a 440 casos de coronavírus

''O coronavírus deixou de ser números e passou a ter nomes'', diz secretário de Saúde.

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  • 13 de Agosto de 2020
  • Foto: Alexandre Baggio/ JdeB

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O mês de agosto tem sido dramático para Dois Vizinhos com relação ao coronavírus. Foram 271 casos confirmados nos 12 dias do mês. Além disso, ontem, 12, foi confirmado o segundo óbito: um paciente homem, de 57 anos. O total de casos confirmados durante toda a pandemia chegou a 440, sendo que 236 pacientes estão recuperados e 202 seguem com o vírus ativo (13 em hospitais e 189 em isolamento domiciliar) além dos dois óbitos. São ainda 154 casos suspeitos, 298 descartados e 1.299 pessoas são monitoradas. “O total dos últimos dias vem surpreendendo. Sabíamos que íamos ter alta nos casos, mas não 116 casos em dois dias”, resumiu Edson Spiassi, secretário de Saúde.

Dos 13 casos que estão em hospitais, alguns inspiram maior cuidado. “Nós temos uma paciente que tem problemas cardíacos e outras comorbidades e exige muita atenção. A maioria dos nossos casos, graças a Deus, está sendo leve. Poucos estão evoluindo para gravidade, mas temos também, no hospital, duas moças, com 20 e poucos e 30 e poucos anos, que não estão no tubo mas a tomografia mostra pulmões bastante comprometidos e isso também exige cuidados”, explicou.

Mais rígido

Terça-feira, 4, a Prefetura enrijeceu o decreto proibindo o funcionamento de qualquer comércio no domingo como forma de tentar conter a proliferação do vírus. “Nós estamos buscando influenciar o menos possível no comércio. Não queremos quebrar ninguém. A história de pararmos no domingo é para quebrar 8 a 10% a circulação do vírus, o que representa um dia. Eu falei com representantes dos restaurantes que eram apenas dois domingos porque queremos criar a consciência para o povo ficar em casa. A única coisa que resolve é isso. Todos precisam fazer sua parte. Vamos ter outras reuniões com o comitê para pensar em novidades mais rígidas nos decretos”, disse o secretário.

Spiassi lamentou o fato de a doença estar banalizada por algumas pessoas. “A gente percebe que muitos se sensibilizam quando morre alguém, mas tem outros que fazem pouco caso. É uma vida, um ser humano, ele é de alguma família. Outros falam que não foi o coronavírus, por ter outras doenças mas, por exemplo, eu sou hipertenso e levo minha vida normal. Se não adquirir a Covid-19, eu fico vivo.

Hipertensão tem medicamento para controlar, a Covid não. Foi feita uma mídia em algumas medicações, mas estamos com dificuldades de acesso. Faz 60 dias que estamos usando a cloroquina, azitromicina, um anti-inflamatório e o tamiflu quando o paciente quer. É o protocolo mais utilizado, mas está em falta o tamiflu e a cloroquina que são distribuídas pelo governo federal. Até tentamos comprar, mas não conseguimos”, destaca.

No final de março, o comércio ficou fechado durante uma semana e o secretário acredita que esse processo ajudou a achatar a curva. “Infelizmente, o povo abandonou. O fechamento de uma semana, as medidas lá atrás, deram efeito. Se continuássemos mantendo os cuidados como tínhamos no começo, com água sanitária na porta das empresas, utilização correta da máscara, estaríamos, acredito eu, tranquilos. Eu vejo pessoas que vêm na saúde sem máscara, que é um setor que pode ter o problema. Outros vem com a família inteira, isso também aumenta os riscos”, completou.

Profissionais de Saúde

O momento também é crítico porque a doença está atingindo muitos profissionais de Saúde. “Ontem, 12, dois médicos e três enfermeiras ficaram doentes. Todos estão em situação estável, mas precisam permanecer isolados por 14 dias. Já perdemos também quatro motoristas. Esses casos são dessa semana para cá.

Daqui a pouco vamos ter dificuldade com equipe, vamos precisar fechar unidades de saúde e centralizar atendimentos do jeito que der.

Ontem, 12, já tivemos que tirar médico do posto para ir ao Pró-Vida. A equipe também está com níveis altos de stress e fadiga. A gente procura conversar, porque o esgotamento é alto”, conclui.

Fonte: Alexandre Baggio