Ana Heloísa Minski cursa saúde pública em Wisconsin (EUA) e recebeu a vacina da Moderna.
Foto: Reprodução Facebook.
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Se no Brasil as vacinas ainda estão em processo de liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), alguns outros países já estão vacinando a população. Isso faz com que diversos brasileiros já tenham sido imunizados ao redor do mundo. Vivendo em Chippewa Falls, em Wisconsin, nos Estados Unidos, a duovizinhense Ana Heloísa Minski recebeu a vacina da Moderna na quinta-feira, 7.
Ela está no país desde agosto de 2019 e cursa Saúde Pública na University of Wisconsin-Eau Claire e faz algumas matérias de medicina, curso que pretende cursar no futuro. “O processo de faculdade de medicina aqui é diferente. Primeiro, temos que fazer alguma graduação em qualquer área, desde que, enquanto você estiver na graduação, faça aulas que são pré-requisitos para a faculdade de medicina. Eu vou me formar em saúde pública e, posteriormente, buscar a formação em medicina. Eu preciso passar por uma prova, cumprir requisitos e aí sim posso começar o curso”, relatou.
Pela faculdade que está cursando, ela começou a ser voluntária em uma clínica na sua cidade. “Aqui não existe o Sistema Único de Saúde (SUS) e na cidade que eu estou tem essa clínica que oferece serviços gratuitos para pessoas que ter certo salário, não tem seguro ou plano de saúde, enfim, são vários critérios para poder ser atendido na clínica e eu achei interessante porque essas pessoas que vão lá não tem outra alternativa”, explica.
Ana recebeu a notícia que seria vacinada na última terça-feira, 5. “Eu não sabia que me qualificava para a vacina. Eu pego carona com uma colega, uma enfermeira, e indo para a clínica, estávamos conversando sobre isso e eu perguntei se ela já tinha se vacinado. Ela respondeu que havia tomado na semana passada e eu pedi sobre as reações, ela disse que o braço havia ficado um pouco dolorido, mas nada de sintoma. Aí ela disse que a Jenny, que é a coordenadora da clínica, havia enviado um e-mail naquele dia informando que todo mundo que trabalha na clínica estava qualificado. Eu me inscrevi em um link e escolhi o horário para tomar a vacina. Pelo o que eu entendi, são 200 doses na semana e agora eles estão dando somente a vacina para as pessoas da linha de frente. Depois disso, o sistema de saúde do Estado aprovou meu nome”, relatou.
Sem reações
Mesmo tendo algumas alergias, a vacina não causou nenhuma reação para a jovem. “Eu tomei a vacina hoje cedo e já está marcada a segunda dose para o dia 4 de fevereiro. Eu precisei ficar numa antessala por 15 minutos depois da vacina para ver se eu tinha alguma reação alérgica ou algo assim e depois desse período fui liberada. A moça foi superdelicada, a vacina não doeu nada, nem senti a agulha entrando no braço e até agora não senti nada de efeito, alergia, e eu tenho alergia a bastante coisa e isso me deixava com receio. É uma oportunidade eu poder ter tomado a vacina. Eu nem sabia que eu podia, descobri terça e vacinei na quinta-feira. Fiquei bem feliz que eu pude tomar e eu queria poder trazer minha família toda para dar a vacina para eles também”, acrescenta.
Cuidados permanecem
A pandemia ficou mais devastadora na região em que Ana vive quando começou a esfriar, depois de outubro. Festas como a ação de graças e o Natal, no período de frio, acabaram por ajudar na proliferação do vírus.
Agora vacinada, depois da segunda dose, a eficácia da vacina da Moderna pode chegar a 94,1%. Mesmo assim, Ana vai permanecer mantendo todos os cuidados. “Eu estando vacinada, não significa que eu não posso transmitir para outras pessoas. Eu só não vou transmitir no sentido que eu posso contrair e passar para outras pessoas, mas eu ainda assim posso tocar em objetos e passar por contato. Por isso, tenho que ter muito cuidado de lavar as mãos, usar a máscara e fazer tudo o que eu posso, em questão de higiene, para que eu evite tocar em algum lugar e acabar, com a minha mão, espalhando o vírus. É muito bom que eu ganhei essa vacina, mas até todo mundo não estar vacinado, eu posso apresentar um risco para outras pessoas. A preocupação termina em relação a minha saúde, mas eu tenho que me preocupar com as outras pessoas que não tiveram a oportunidade de ganhar a vacina”, relata.
Oportunidade dá forças para Ana encarar a pandemia longe da família
Morar longe da família não é fácil. Quando esse longe é outro país, a situação é ainda mais complexa. No caso de Ana Heloísa Minski, duovizinhense que está nos Estados Unidos estudando saúde pública, a pandemia fez com que a saudade da família ficasse ainda pior. Em 2020, a jovem teve que adiar as duas vindas que tinha planejado ao Brasil nas suas férias em virtude da pandemia. A expectativa, com a vacina, é que logo ela possa estar junto dos seus familiares. “Eu tenho tanta informação na minha cabeça, leio tanto artigo, estudos sobre a covid-19, a pandemia, que isso só me deixa mais ansiosa e com medo. Eu queria colocar minha família inteira e colocar num ‘potinho’ para eles não saírem de lá e nada acontecer. Realmente, às vezes, a ignorância é uma benção porque você não sabe e não entende o que está acontecendo. Claro, a chance de pegar o coronavírus, ter uma gravidade e acabar no hospital ou morrer, os dados são baixos, mas isso não significa que você não vai ser parte daquele dado porque tanto teve pessoas velhas com outros problemas de saúde morrendo, como temos notícias de pessoas saudáveis, jovens, adultos que nunca tiveram nada e morreram. Então, você se preocupa, quer que a família faça tudo certinho, quer controlar a vida deles”, explica.
Ela teve duas viagens para o Brasil adiadas em 2020 porque se viesse para sua casa e ficasse mais de 14 dias, não poderia retornar aos Estados Unidos. “Eu conseguir a bolsa aqui foi uma oportunidade muito grande, mas não posso dizer também que às vezes eu não fico triste. Sinto saudades da família, não só dela, mas da comida, da nossa música, do jeito que interagimos um com o outro. Então, quando eu me sinto triste, que estou longe de todos, estou preocupada, penso que eu escolhi vir para os EUA e estar longe. É o meu dever, vir, lutar, estudar, fazer o melhor possível para que qualquer porta, janela, buraquinho que eu possa abrir de oportunidade para outras pessoas que talvez tenham menos condições é o meu dever porque eu tive mais oportunidade que outras pessoas. É o meu dever vir aqui e fazer isso direito, o máximo que puder para ajudar outras pessoas”, relata.
Fonte: Alexandre Baggio