Aos 40 anos, jovem treinador Fabinho Gomes espera surpreender novamente

O comandante do Galo começou a carreira com apenas 26 anos, quando revelou atletas como Guitta, Gessé e Felipe Melo nos tempos da Intelli (SP).

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  • 29 de Janeiro de 2021
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Jornal de Beltrão - Com apenas 40 anos de idade, Fábio da Silva Gomes Filho, o Fabinho, é o atual campeão da Copa do Brasil de Futsal com o Cresol/Mocelin/Dois Vizinhos. Poucos treinadores no País chegaram ao topo tão cedo, tanto que o Galo vai disputar a Supercopa em fevereiro deste ano contra equipes como Magnus, de Sorocaba (SP), e o campeão da Taça Brasil, que também será definido em fevereiro, em Tubarão (SC).

Fabinho começou sua carreira de treinador muito cedo, com apenas 26 anos de idade. Comandando o time sub-20, da Intelli (SP), ele foi o responsável por revelar jogadores como o goleiro Guitta, o fixo Ferrugem e os alas Fudil, Gessé e Felipe Melo. Indo para a sua quarta temporada no Dois Vizinhos, Fabinho espera surpreender novamente, com um time de baixo investimento, mas muito comprometimento.

JdeB - Como era o Fabinho Gomes quando criança? Já gostava de futsal?
Fabinho Gomes - Eu sempre gostei de futebol, sempre joguei, brincava na rua. Tanto na minha infância, como na adolescência, sempre tinha bola como minha melhor amiga. Minha mãe até brinca que, pra dar comida pra mim, ela tinha que jogar futebol comigo. Então tudo era voltado ao futebol. A gente não sabia diferenciar futebol de futsal, então qualquer bola já dava jogo, chutava, e isso foi dando gosto pelas coisas. Até hoje, a gente gosta do que faz, se dedica pelo futsal.

JdeB - Por que escolheu cursar Educação Física?
Muito em virtude de eu gostar do esporte. Além do futebol, eu praticava outras modalidades, gostava de jogar tênis, voleibol, enfim. Confesso que não tenho muito apreço pelo handebol e pelo basquete, mas as outras modalidades eu sempre gostei de praticar. Eu não me via fazendo outra coisa senão a Educação Física. Minha família no começo não foi tão a favor, porque sabe das dificuldades que um professor enfrenta, ainda mais um professor de Educação Física. Mas eu acho que não saberia fazer outra coisa.

JdeB - Você chegou a trabalhar em outra atividade fora do futsal?

Eu comecei minha carreira como preparador físico em Bebedouro (SP), em 2003. Antes disso, eu fazia faculdade e trabalhava em uma distribuidora farmacêutica, na área do telemarketing. Eu vendia para as farmácias, fazia contato com as empresas. Fiquei nessa empresa por três anos. Quando comecei minha carreira de preparador físico, eu ainda trabalhava nessa empresa, eu conseguia conciliar.

JdeB - O fato de ter sido treinador muito jovem, com apenas 26 anos, atrapalhou você nos primeiros clubes que comandou?
Meu primeiro clube foi a Intelli, de Orlândia (SP). Eu fui pra lá em 2005, como auxiliar técnico. A equipe tinha um investimento muito alto, com atletas renomados, muitos de Seleção Brasileira. Eu era auxiliar técnico e preparador de goleiros. Os goleiros na época eram o Tomate, o Quinzinho e o Lavosier. Imagina eu chegando numa equipe só de estrelas, nunca tinha trabalhado nessa função de goleiro, o Cidão me deu essa oportunidade de trabalhar na Intelli. Aí, em 2006, a Intelli precisava de um treinador pro time sub-20 e eu fui alçado pra essa responsabilidade. Fizemos peneira, eu era muito cru na época, não sabia de nada. Mas montamos uma equipe com a ajuda do Cidão, do próprio Reinaldo Simões, que era o supervisor da Intelli na época. Nos sagramos campeões da categoria no estadual, foi um título inédito, revelamos atletas como o goleiro Guitta, que foi aprovado por mim numa peneira, e tantos outros como o Fudil, que jogou comigo no Beltrão Futsal em 2008 e 2009, o Gessé, que hoje disputa a Liga Nacional, o Felipe Melo, que hoje está na Itália, o Ferrugem, do Tubarão, entre outros atletas que eu tive o prazer de trabalhar.

Em 2007, eu fui convidado pra ser o treinador principal da Intelli. Foi muito cedo, mas a gente fala que o cavalo passa uma vez só e precisamos aproveitar as oportunidades. E com a ajuda de todos os atletas, como Marinho, Leandrinho, Cabreúva, Jé, Greuto, Goda, Messias, Flávio, conseguimos fazer uma grande campanha e chegamos na semifinal da Liga Nacional.

Não chegou a ser um problema por ser novo, mas a gente vai melhorando com o passar dos anos. Em 2008, eu já vim pro Paraná. Comecei cedo, mas fui aprendendo com muitos atletas que eu tive, consegui uma bagagem muito grande e hoje a gente tem uma experiência muito boa.

JdeB - O título da Copa do Brasil tira um peso das costas do treinador Fabinho Gomes?
A nossa carreira é baseada em títulos. Eu tenho certeza que estava faltando um título desse tamanho na minha carreira. Eu sou muito bem elogiado por montar boas equipes, mas eu não tinha até então um resultado convincente, um título nacional. Eu estou desde 2018 no Dois Vizinhos, a gente foi vice-campeão da Série Prata em 2018, vice-campeão da Série Ouro em 2019, vice-campeão da Copa Chopinzinho em 2020, então esse ‘vice’ estava amedrontando a cidade e a mim também.

Foi muito importante esse título, realmente tirou o peso das costas. Acho que marca uma etapa na minha vida como profissional. Ganhar um título em nível nacional com uma equipe que quase ninguém esperava que chegasse, ou até então não era tão conhecida. Hoje a gente fez com que Dois Vizinhos pudesse ser reconhecido nacionalmente, com oportunidade de disputar uma Supercopa, contra equipes de renome mundialmente conhecidas. Isso fica para a história, para o currículo e a gente fica bastante contente.

Você acredita que o Dois Vizinhos possa disputar a Liga Nacional no futuro?
Eu acredito que sim, com essa nova administração municipal essa possibilidade está mais próxima. Os projetos que o Galo vem fazendo, estão dando bons frutos. A cidade abraçando o futsal de uma maneira muito apaixonada também é muito importante pra que isso aconteça. O Galo, hoje, precisa de algumas melhoras estruturais, mas isso é natural e vem acontecendo desde a minha chegada.

Esse time disputou a Série Bronze do Paranaense em 2017 e, de lá para cá, houve uma melhora significativa na gestão. Claro que é preciso sempre estar melhorando, pegando exemplos de equipes que disputam a Liga Nacional, que são campeãs. E o Galo, junto com a diretoria, está no caminho certo para que possa disputar a Liga Nacional o quanto antes.

Gostou da equipe que foi montada para a temporada 2021?
Nós perdemos dois atletas de fundamental importância para outras equipes, o Gugu Flores, que foi para o Foz, e o Lukinhas, que foi para o Campo Mourão. Optamos por não renovar com alguns atletas, mas mantivemos uma base que já vem desde 2019 jogando junto. E trouxemos alguns jogadores dentro da realidade financeira do Galo, mas que são comprometidos e podem nos ajudar bastante dentro das minhas características de jogo.

Acredito ainda que precisamos de dois atletas para compor o elenco, é um ano longo, vamos ter muitos jogos, muitos treinos, e precisamos ter uma equipe competitiva. A diretoria está ciente disso e estamos aguardando alguns patrocinadores, seja antigos ou novos, aguardando também a resposta dos sócio-torcedores, para quem sabe fechar o elenco com mais reforços. Mas para o começo de temporada, estou contente com a equipe.

Alguns já trabalharam comigo, outros são novos mas com potencial. Acho que o Galo pode disputar títulos novamente. Embora tenhamos o título da Copa do Brasil de 2020, vamos novamente entrar nas competições como coadjuvantes, deixando o favoritismo para os times de maior investimento. Mas vamos ter muito trabalho e comprometimento, sempre comendo pelas beiradas, buscando o nosso espaço.