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Metade dos pacientes internados no Pró-Vida tem menos de 40 anos

Hospital de Dois Vizinhos é referência em enfermaria e recebe pacientes de todo o Paraná.

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  • 15 de Março de 2021
  • Foto: Educadora DV

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Na sexta-feira, 12, um grupo de médicos de Dois Vizinhos participou do Programa Sete e Meia, na Rádio Educadora AM, para alertar a população quanto ao momento de colapso que os hospitais do Sudoeste estão vivendo. Incluído nesse cenário, o Hospital Pró-Vida, de Dois Vizinhos, passou a ofertar, recentemente, 17 leitos de enfermaria para o Estado, ou seja, passou a receber pacientes de todo o Paraná acometidos pelo vírus. O médico Rodrigo Sckayer, diretor clínico do hospital, falou sobre a situação atual. “Temos 17 leitos para Covid-19, sendo que temos 14 pacientes internados e, dois deles em unidades semi-intensiva. Estamos conseguindo oferecer um atendimento de qualidade para todos, porém, se continuar nesse ritmo, vai chegar uma hora que não conseguiremos mais”, resumiu.

 

Mais jovens

O cardiologista Fabiano Santiago destacou uma mudança no perfil dos pacientes. “É outra fase da doença. Até um mês, eram internados pacientes idosos com 60, 70, 80 anos e, hoje, o hospital está repleto de jovens de 30, 40, 50 anos com o vírus atuando de forma mais agressiva. Observamos que, no terceiro dia de infecção, já temos pacientes chegando com 30% do pulmão afetado sendo que a segunda semana é a fase mais agressiva. Recebemos os pacientes de enfermaria e não conseguimos transferir porque não temos mais vagas de UTI e muitos  estão sendo intubados aqui. Temos um paciente que está no quarto dia de intubação e não consegue vaga. Chegou o momento que alguém, que controla as vagas, precisa decidir qual paciente vai ocupar a UTI. É uma situação absurda e eu peço encarecidamente para a população se conscientizar e se cuidar”, disse.

Os jovens precisam ter mais cuidado com o vírus. “Hoje, metade dos pacientes que temos no hospital tem menos de 40 anos. Isso é muito assustador. A situação que nos gerava medo em 2020, quando víamos imagens de outros países, vivemos no Brasil. Estamos conseguindo manejar pacientes, só que infelizmente chega o momento que precisamos transferi-los e não temos leitos. A situação é caótica”, lamentou Rodrigo.

 

Oxigênio

Na tarde de quinta-feira, 11, a prefeitura de Dois Vizinhos emitiu comunicado ressaltando a dificuldade na obtenção de oxigênio hospitalar. A situação, no momento, está controlada no município, entretanto, inspira cuidado. “Oxigênio é um problema nacional. Diariamente, o Maurício Ferraz, responsável administrativo pelo hospital, tenta conseguir oxigênio porque a demanda é muito alta. Estamos tentando também instalar uma usina de oxigênio. Pensamos em um grande tanque, mas o fornecimento está escasso”, completa.

 

Não existe prevenção

O cirurgião Marcelo Bailon ressaltou que não existe tratamento preventivo. “A única saída é a vacina, mas ainda não atinge toda a população. Não existe prevenção. Os medicamentos que administramos tem o intuito de prevenir as complicações da doença. Não podemos contar com o tão falado tratamento precoce, além do que, ele traz uma falsa sensação de que o paciente está protegido e ele acaba se expondo por conta disso. Essa doença é imprevisível e, se tivéssemos um tratamento precoce, eficaz, não teríamos tanta gente morrendo em todo o momento”, resumiu.

Por sua vez, o cirurgião Edson Scotini, que também atua no Hospital Regional (HR), tratou o momento como assustador. “O Sudoeste está com taxa de ocupação de UTI acima de 100%. A estrutura no HR foi ampliada, chegou-se a 20 vagas e temos 24 pacientes, sendo 23 intubados. O funcionamento é bastante crítico e, mesmo com experiência em UTI, tem sido assustador. Percebemos que a ventilação mecânica, por si só, não tem sido eficaz em alguns casos. Quem vai para a ventilação mecânica, tem dificuldades grandes.”

 

Vacina

Scotini ressaltou que a vacina não faz com que a pessoa fique livre do vírus, só evita a hospitalização. “A imunização não impede a doença, ela reduz a incidência e aqueles casos onde a doença vai existir tendem a ser mais leves e evitar a hospitalização. Tem muita gente jogando contra a vacinação, mas ela é uma solução e precisamos, mais uma vez, frisar que ela não impede o acometimento da doença, reduzindo o nível de hospitalização que é o grande caos”, conclui.

Fonte: Jornal de Beltrão