Tão logo as máquinas iniciaram a terraplenagem em um terreno no Ecoville para a construção da unidade da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) em Dois Vizinhos, moradores da região começaram uma movimentação, com abaixo-assinado na Internet, lutando contra a instalação. O documento virtual tinha, na tarde de quarta-feira, 185 assinaturas. Na manifestação, eles destacam que não são contrários a instalação, mas sugerem que seja construído em um local mais afastado da cidade e não em um bairro residencial. Diante disso, representantes da entidade participaram do Programa Sete e Meia, na Rádio Educadora AM, para explicar como funciona a Apac. Em Dois Vizinhos, a intenção é que a unidade receba somente detentas mulheres, tendo em vista que a unidade carcerária da 60ª Delegacia Regional de Polícia é uma unidade prisional feminina.

Uma reunião foi marcada para esta quinta-feira, 11, às 18h15, no tribunal do júri do Fórum de Dois Vizinhos para discutir o tema. Num primeiro momento, a Apac seria instalada no Bairro Esperança, em um terreno doado pela prefeitura e que tinha a sede social do Sindicato dos Servidores Municipais. O espaço era de apenas 2.300 metros quadrados, por isso, optou-se pela mudança. “A normativa da Apac dá conta de que só pode ser construída em ambiente urbano e de fácil acesso, por isso, o local. Eu sempre digo que se você passar em Pato Branco, que já está funcionando, ou em Barracão, não percebe que existe uma Apac. Não existe fuga e nem rebelião em Apac. É muito seguro. As pessoas falam que vai vir um presídio, mas não é, uma unidade de recuperação”, diz Paulo Violato, presidente da entidade.

Ele destacou a efetividade do sistema. “No masculino, 72% dos recuperados não reincidem. No feminino, o índice é mais alto: chega a 95%. Nós, na época, escolhemos a Apac Feminina porque vai ser a primeira do Paraná. Isso vai causar reconhecimento, para a cidade, inclusive, pela ONU. A sustentação financeira, depois de funcionar, vem do Tribunal de Justiça. Não vai, assim, onerar ou ter que arrecadar com a população. Vale lembrar que o preso, no regime penitenciário comum, custa 3 salários mínimos. Na Apac, custa 1 salário mínimo”, completou.

A Apac

A ideia da Apac de Dois Vizinhos surgiu pelas juízas Divângela Précoma Moreira Kuligowski e Micheli Franzoni ainda no ano de 2018. Uma audiência pública no Centro Universitário Unisep apresentou o sistema que teve grande adesão da sociedade. Em seguida, constitui-se a associação e se buscou apoio para a construção da unidade. No início de 2020, foi empossada a primeira diretoria da associação com Willian Benini na presidência. O trabalho foi focado na busca por um espaço adequado para os apenados. Nova diretoria foi empossada em setembro de 2021, tendo Paulo Violato como presidente. A expectativa é iniciar, em breve, a construção da sede que já conta com o apoio de várias autoridades.

Fonte: Portal Educadora com Jornal de Beltrão