Cirurgias de emergência estão garantidas na casa de saúde duovizinhense.
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A direção do Hospital Pró-Vida, de Dois Vizinhos, comunicou, na manhã desta segunda-feira, 30, em participação no Programa Sete e Meia, na Rádio Educadora, que está cancelando todas as cirurgias eletivas em virtude da falta mundial de alguns insumos, entre eles, o soro fisiológico. A casa de saúde conta com um estoque para 60 intervenções de emergência. “Está faltando soro e alguns medicamentos no mercado. É um desabastecimento mundial desses insumos que está afetando nosso trabalho. Para o pessoal ficar mais tranquilo, nós temos estoque para garantir cesáreas está garantida, cirurgias de apêndice, as mais complexas. Hérnia, vesícula, joelho, ombro, as vasculares, que também precisam desses insumos, estão canceladas até o pessoal da Secretaria de Estado e Saúde (Sesa) ou dos nossos fornecedores conseguirem esses insumos. A sociedade precisa entender que não é falta de dinheiro para comprar o insumo. Uma cirurgia de vesícula, a gente sabe que a pessoa tem dor, mas não é uma cirurgia de emergência, mas é eletiva. A pessoa vai ter que aguardar até regularizarmos a situação. Estamos na lista de todos os fornecedores para tentar comprar uma cota e estamos na expectativa. A sociedade precisa entender que não é falta de dinheiro para comprar o insumo”, disse Maurício Ferraz, diretor do Hospital Pró-Vida.
Ele destacou que a matéria-prima para produção desses insumos vem de países como China e Índia, que estão encontrando dificuldades na luta contra o coronavírus. Outro agravante é a Guerra da Ucrânia. “Parece um absurdo faltar soro, mas o cenário é esse hoje”, conclui.
A farmacêutica Ana Paula Dzivielevski destacou que existe uma dificuldade também com outros produtos. “Não é só no Paraná, é no Brasil todo, na semana passada, a saúde de São Paulo publicou que tem 40 itens em falta. Temos falta, por exemplo, de dipirona, que é uma medicação que, só em abril, no Pró-Vida, foram consumidas mais de 2 mil ampolas. Temos medicamentos, mas só necessários para emergência. Na semana passada, alguns hospitais entraram em contato para pedir empréstimo de soro. A gente costuma fazer isso, é uma mão amiga, mas não tivemos como emprestar porque nosso estoque está muito pequeno e nenhum fornecedor tem disponível. Há um mês tínhamos cancelado as cirurgias porque estava faltando neostigmina que é uma medicação utilizada no centro cirúrgico. A gente pagava R$ 1 e subiu para R$ 55 a ampola. Os medicamentos tiveram reajuste de 6,13% mas sabemos muito bem que aumentou mais que isso. Tem fornecedores cobrando uma porcentagem que nem sei dizer. O soro fisiológico, esse de 1 litro, que é o que mais sai, a gente pagava no máximo R$ 7 e foi pago R$ 18,70 na última compra. A cada mês aparece uma dificuldade nova”, explica.
A substituição de medicamentos não é tão simples. “A neostigmina, que é utilizado no centro cirúrgico, tem apenas um medicamento que substitui e custa R$ 370 o frasco. São poucos que tem substituição no mercado. A situação é complicada”, lamenta Ana Paula.
O anestesista Rodrigo da Costa ressaltou que o soro é essencial para qualquer intervenção. Ele chegou no município em outubro de 2020 e já fez mais de 2,5 mil procedimentos. “Hoje viemos alertar a população devido a escassez de um insumo extremamente básico. Eu, como anestesista, sempre falo que uma boa anestesia começa com uma boa veia, que, recebe o soro. O que seria o soro? É a água com eletrólitos, vários tipos de açucares e, através dele, vai a medicação para o paciente. Isso dá um bom resultado na cirurgia. A escassez do básico preocupa muita gente porque esses itens estão no pronto-socorro também. Temos, na região, um alto índice de traumas e, enquanto o sangue não chega, precisa do soro, por exemplo, e isso e é algo que nos preocupa. Temos que alertar a população que vai nos ajudar a conseguir reestabelecer todo esse processo”, explica.
O soro caseiro não pode ser utilizado dentro de hospitais. “Ele, sem dúvida, mudou o parâmetro de saúde nacional. Perdíamos muitas crianças por desidratação, que é uma condição grave. Quando ele pode ser cuidado em domicílio, recebe o soro via oral, feito em casa. No hospital, os pacientes são mais graves e a oferta de soro via oral não é suficiente, porque, muitas vezes, o paciente, além da desidratação, está com náusea, vomito, com sonolência pelo quadro e precisamos de uma via de acesso para repor os eletrólitos através da veia. Qualquer coisa que fazemos endovenosa, tem que ser estéril. Não pode ser a água da nossa casa com sal e açúcar e infundir endovenoso no paciente e aí a necessidade do soro que é produzido nas farmacêuticas. Ele é usado para um paciente que está precisando de ajuda na enfermaria ou numa cirurgia. É um insumo básico para começarmos o cuidado em saúde do paciente”, conclui.
Fonte: Portal Educadora