Além do trabalho jurídico, núcleo oferece também apoio psicológico para as mulheres vítimas de violência.
Reunião do Numape em 2021. Foto: Assessoria/Arquivo
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Desde 2018, Dois Vizinhos conta com um braço do Núcleo Maria da Penha, que foi criado na Unioeste, em Francisco Beltrão, sob coordenação da professora Sônia Maria dos Santos Marques. A estrutura é pensada para atender, jurídico e psicologicamente, mulheres afetadas pela violência. “Atualmente, são 26 mulheres sob atendimento na área jurídica e psicológica porque normalmente as vítimas da violência doméstica estão há anos, décadas, sofrendo algum tipo de violência. Elas chegam completamente destruídas emocionalmente, por isso, não adianta prestar somente assistência jurídica, elas precisam do apoio emocional. A maioria das atendidas é de Dois Vizinhos, mas recebemos também mulheres de Boa Esperança, Cruzeiro e Verê”, diz a advogada Cláudia Zippin Ferri, uma das fundadoras do Numape.
Ela ressaltou que a violência contra a mulher acontece em todos os níveis sociais. “Dificilmente alguém não conheça, não tem uma pessoa muito próxima, que sofre violência. E essa violência não é só o extremo, a agressão, ela está na humilhação diária, na exploração econômica, naquela situação que vai corroendo a autoestima da mulher. Ela se vê no ciclo vicioso, com filhos, pensa no patrimônio que foi suado para conquistar durante a vida e vai se conformando nessa situação, mas tem saída. Como advogada, eu percebo que a mulher chega ao escritório, nos apresenta o problema de violência doméstica, o desejo de separar, de sair daquela relação abusiva, mas tem medo porque o homem disse que vai ficar com os filhos, com a casa, que vai matar ela. Estamos aqui para lembrar que, por mais que pareça difícil, a mulher não está sozinha. Todas têm direito a ter esse atendimento e de forma gratuita no Numape. Ninguém vai ter a vida exposta porque tudo é feito dentro do maior respeito, maior cuidado. Aí vem a dúvida que se um advogado particular pegar o caso ele vai ter mais celeridade. Não é assim. Tanto um caso de divórcio, por exemplo, que nós fazemos de forma particular, como o feito pelo Numape, a prioridade é a mesma.”
A advogada destacou como uma mulher pode procurar ajuda. “Se a mulher tiver medo, constrangimento de ir na Polícia Civil ou na Polícia Militar, pode ir direto na sala do conselho da comunidade que fica no Fórum, no primeiro andar. É só chegar lá e conversar com a secretária, relatar, não precisa falar de detalhes pessoais. É só dizer que precisa de ajuda por sofrer violência doméstica. Com isso, ela será encaminhada para esse atendimento gratuito e de qualidade, tratada com todo o respeito e vai ver que em pouco tempo vai tomar as rédeas, o rumo da sua vida”, conclui.
Fonte: Portal Educadora