Definição prioriza topografia e desvio de áreas socioambientais. Trajeto mais plano e com menos restrições foi pensado a partir de critérios técnicos.
Foto: Reprodução Jornal de Beltrão
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A sugestão de traçado para a ferrovia entre Cascavel e Chapecó já está disponível para consulta no site da Nova Ferroeste. O estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental foi elaborado a pedido de entidades catarinenses e incorporado ao projeto que prevê a reestruturação e ampliação da malha ferroviária do Paraná, interligando com outros estados. Com isso, a região Sudoeste será “cortada” por trilhos e pode ter um novo modal logístico. Para a definição de onde a ferrovia deve passar foram adotados critérios técnicos. As premissas básicas foram “evitar áreas com relevo acidentado e minimizar as interferências com áreas socioambientais, rodovias existentes, áreas urbanas, linha de transmissão, áreas alagáveis, dentre outros”, cita o documento.
Inicialmente, a TFP Engenharia, empresa responsável pelo estudo, cogitou três opções de traçados com base no relevo mais favorável. A partir daí, foram analisados critérios como conflitos com cidades, estruturas, áreas protegidas ou de mata, além da possibilidade de pequenos desvios ou correções do trajeto planejado. A metodologia utilizada permitiu avaliar as melhores possibilidades com base na atribuição de importância de 13 variáveis.
O traçado escolhido tem 263 km de extensão, será feito em bitola larga (1,60m) e compreende 119 curvas. Quase um terço da linha tem aclive ou declive entre 0 e 0,2% e os trechos mais acentuados (entre 1 e 1,37%) somam 107 km. O ramal irá conectar o terminal ferroviário de Cascavel até Pinhalzinho (SC), distante cerca de 35 km de Chapecó. Esse foi escolhido como ponto final da via por ser uma área próxima à BR-282, com topografia plana, sem edificações e sem necessidade de intervir em áreas ambientais.
Viabilidade e interesse
Ao longo de sua extensão, a ferrovia vai cruzar vários municípios da região. Entrará no Sudoeste atravessando o Rio Iguaçu na altura da prainha de Boa Esperança do Iguaçu, passa próximo à cidade e segue para Dois Vizinhos, onde vai passar na direção Noroeste da área urbana. Mais adiante, o traçado cruza por Verê, atravessa o Rio Santana em Itapejara D’Oeste e passa próximo a Bom Sucesso do Sul. Depois, segue a Leste de Renascença e Oeste de Vitorino (na região da Baulândia, bem próximo de onde está projetado o aeroporto regional) e continua até próximo à cidade de Campo Erê (SC). Dali, vai até Pinhalzinho.
Apesar de não contemplar nenhum ponto de transbordo ao longo dos 260 km de ferrovia, há possibilidade de que uma conexão com a via férrea seja construída para atender a demanda do Sudoeste sem precisar de deslocamentos até as extremidades do ramal. Pode ser através de linhas implantadas por empresas ou grupos econômicos ligando as indústrias até o ramal ou por meio de um ponto de transbordo, em que as cargas chegam de distâncias curtas por caminhões e são colocadas em vagões. Assim como toda a extensão do ramal, esses investimentos para atender de forma mais direta a região vão depender da viabilidade econômica e de recursos privados.
Atender a região
O projeto encabeçado pela Acic (Associação Comercial de Chapecó) e outras entidades foca mais na demanda do Oeste catarinense, que precisa trazer muito milho, soja e farelo de soja do Mato Grosso e enviar para os portos proteína animal, principalmente aves e suínos. Mas é uma perspectiva que também pode ser aplicada ao Sudoeste paranaense, que concentra grandes indústrias frigoríficas exportadoras (BRF, Vibra e Coasul) e precisa de insumos para a criação de animais. Neste processo, duas questões são fundamentais: primeiro viabilizar o ramal de forma totalmente privada e depois o setor produtivo regional mostrar interesse na construção de um ponto de transbordo para atender os municípios mais próximos de Beltrão e Pato Branco.
Fonte: Jornal de Beltrão