Corte e costura gera 8 milhões de empregos e fatura R$ 60 bi

Antigamente, era raridade uma casa sem máquina de costura. Hoje, não. Por isso não é difícil encontrar esses pequenos comércios em ruas e galerias

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  • 08 de Fevereiro de 2012
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Que a moda brasileira tem ganhado cada vez mais destaque, não resta dúvida. O que pouca gente sabe é que por trás do sucesso de grandes marcas, redes e lojas estão três nichos de mercado: o de bordados, o de costura e o de pequenos consertos. Quem diz isso é Sergio Weiss, sócio-proprietário da confecção de moda infantil Maria Mole & Peepoca, e também fundador do website Costura Externa - dirigido a costureiras, ao varejo e a empresas do segmento. "O segmento de pequenos consertos é extremamente pulverizado e dominado por microempresas. Antigamente, era raridade uma casa sem máquina de costura. Hoje, não. Por isso não é difícil encontrar esses pequenos comércios em ruas e galerias de todas as cidades brasileiras", explica. Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) referentes a 2011 mostram que o setor tem 30 mil empresas em atividade. Juntas, elas geraram 8 milhões de empregos diretos e indiretos e faturaram R$ 60 bilhões no ano passado. Esse montante correspondeu a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do País no período. Porém, um fator tem preocupado o setor: o aumento das importações. Entre janeiro e novembro de 2011, o volume de importações de vestuário foi 40,6% maior se comparado com igual período do ano anterior. E a China é o país campeão de origem nesse item. Segundo a Abit, para 2012 as metas são fortalecer o mercado interno de confecções, atuar junto ao governo federal para que sejam adotadas medidas de defesa comercial, diminuir a tributação interna e aumentar as vendas aos governos em geral de uniformes escolares e militares. Para Weiss, o segmento de confecções ainda é marcado pela informalidade, o que é justificado principalmente devido ao alto custo trabalhista que produzir na legalidade acarreta. "É comum que uma confecção repasse o serviço contratando uma facção - como são chamadas as microconfecções terceirizadas -, que faz o mesmo serviço por um preço menor", conta. Segundo ele, por isso é difícil reunir dados sobre o segmento, especialmente em relação às pequenas empresas, onde a informalidade é ainda maior. Nesse caso, o empreendedor que pretende investir no nicho deve ter o cuidado de conhecer as práticas das facções antes de contratar uma. É em micros com esse perfil que se veem denúncias de utilização de trabalho escravo, com largo uso de mão de obra ilegal de países vizinhos - em especial a boliviana. Dentre os três nichos - costura, pequenos consertos e bordados -, este último é o que apresenta uma estrutura menos propícia à informalidade. O motivo é o preço que o maquinário para bordar representa. "Uma empresa informal não consegue arcar com os custos", diz Weiss.

O empreendedor que deseja apostar nesse segmento do mercado tem de ficar atento a três aspectos fundamentais: é preciso regularizar sua empresa, para que não tenha problemas legais; manter rígido controle de qualidade; e de produtividade. "É fácil perder clientes nesse segmento. A rotatividade é muito grande para quem não se adapta", diz o fundador do Costura Externa.