Antônio Martendal: o homem que escreve nos mapas das suas corridas

Datas comemorativas, programas de rádio, comunicadores, até imagem de Nossa Senhora Aparecida já foram desenhadas nas corridas de Antônio.

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  • 26 de Novembro de 2022
  • Foto: Arquivo Pessoal

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Dois Vizinhos celebra, na próxima segunda-feira, 28 de novembro, seus 61 anos de emancipação político-administrativa. Antônio Martendal, de 53 anos, nasceu na comunidade de São José do Canoas e, há pouco mais de 34 anos, ele reside na sede do município e trabalha na BRF.

Nos últimos anos, ele desenvolveu a paixão pela corrida de rua. “Eu não fazia atividade física, aí fui pegando idade, o organismo foi ficando lento, eu estava aumentando peso e pensei que tinha que começar a fazer atividades físicas. Comecei academia, não gostei e aí fui para a rua. Comecei caminhando, corria, mas aí dava uns poucos metros e já estava cansado. Tinha de parar. Aí eu observei um senhor que sempre estava correndo, num ‘trotinho’, seguia um ritmo e eu comecei a ficar correndo atrás dele no Lago Dourado. Foram três anos e meio saindo do Santa Luzia, indo no Lago e fazendo a minha corrida ali. Não marcava nada, só contava as voltas. Era devagar. Depois eu fui começando a forçar o corpo. Aí alguns corredores me viram lá e começaram a me incentivaram e eu comecei a participar das corridas de rua. Eu sempre achava desculpa até que teve uma corrida em Dois Vizinhos, me inscrevi e agora ninguém mais me segura”, conta.

A rotina é bem desenhada e tem corridas diárias. “Eu trabalho pela manhã e tenho a tarde livre. Faço os serviços em casa e, se não tiver muitos compromissos, pois sou voluntário na comunidade, eu saio correr. Quando peguei gosto, se fizesse menos de 20 quilômetros parece que nem saia de casa, tanto que, nesses últimos três anos, eu corri mais de 4 mil quilômetros por ano. Em 2022, eu tenho sofrido com câimbras e quero consultar para tentar resolver e melhorar essa média”, disse.

Qualidade de vida

As corridas fizeram com que Antônio levasse uma vida mais saudável. “Tenho um problema na coluna, na vértebra, nasci com ele, ai conforme eu aumentava o peso, só piorava. Eu sentia dores, até me atrapalhava no trabalho. Comecei a correr e até hoje não senti mais nada. Agora eu durmo melhor, me sinto melhor fazendo meu serviço, me alimento melhor, não tenho problema nenhum de saúde. Você ficar na zona de conforto é bom, mas sair dela é melhor ainda. Não é fácil no começo, você sente dor, mas depois o corpo agradece.”

E os desenhos?

Depois de ver na Internet um corredor que utilizava as informações de GPS durante as corridas para escrever nomes e frases, ele se inspirou. “Eu tenho um aplicativo que acumula tudo o que eu faço. Ai comecei a tentar escrever os nomes e fazer os desenhos e é a mesma coisa que escrever no caderno. Vai fazer a letra E, faz uma perna, volta, faz outra perna e segue. Agora eu estou sem tempo, tenho muitas competições, mas semana que vem quero terminar a homenagem para os 31 anos da Vizinhança FM e quem trabalha ali na rádio. Na semana passada fui fazer o nome do programa ‘104 Cidades’ e não consegui me concentrar bem. Comecei, percebi um erro, tive que voltar e recomeçar. Se você entra numa rua errada, acabou, tem que recomeçar. Comecei de novo, estava na metade, entrei numa rua errada de novo e resolvi parar. Aquele dia eu encerrei.”

Incentivador..

A história de Antônio, que começou a correr já com mais de 40 anos, tem inspirado diversas pessoas. “Eu fico feliz. Sempre que estou correndo passa gente buzinando, gritando, incentivando. Várias pessoas acabam agradecendo também porque eu acabo incentivando outras pessoas. Sempre que eu corro, posto no Facebook e isso acaba fazendo mais pessoas a se interessarem pela corrida”, conclui.

Fonte: Portal Educadora