Ele é o secretário geral da Ordem dos Agostinianos Descalços e reside em Roma.
Frei Diones celebrando o casamento do irmão, Paulo, na Itália. Foto: Arquivo Pessoal
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O Frei Diones Rafael Paganotto é natural de Nova Prata do Iguaçu, entretanto, adotou Dois Vizinhos no seu coração por ser a cidade onde a família vive desde que ele é muito jovem. Atualmente, ele reside em Roma (Itália) onde exerce as funções de secretário geral da Ordem dos Agostinianos Descalços. Em entrevista ao Programa Sete e Meia, da Rádio Educadora, ele falou sobre a vida na Europa e os trabalhos realizados. “Eu fui ordenado diácono há 12 anos, em Dois Vizinhos. Na minha história, fiz meus estudos de filosofia e teologia na Itália, retornei quando fui ordenado e, nesse caminho, fui eleito para o governo geral da ordem. Já são cinco anos que eu resido em Roma e meu trabalho específico é dentro da casa central. São ações mais burocráticas, específicas para a ordem no mundo todo. A cada seis anos, a gente tem a eleição, a assembleia internacional e, para mim, foi uma surpresa, por ser jovem, brasileiro, depositarem em mim essa confiança e, graças a Deus, mesmo com tantas dificuldades de pandemia, guerra, recessões, ficar longe da família, amigos e da pátria, me sinto bem, procurei fazer um bom trabalho. Na metade do ano que vem encerro minha passagem por lá e espero, assim, retornar ao nosso país”, disse Diones, que também fez parte dos seus estudos de filosofia e teologia na Itália.
Ele também falou sobre as diferenças de uma rotina em uma paróquia ou escola e no governo geral. “Eu era acostumado com pastoral, lecionar, estar junto com grupos, fui assessor por muitos anos de cursilho, equipes de Nossa Senhora, retiros e sinto muita falta disso, mas, por outro lado, colaboro com a minha ordem de modo diferente. Me enriqueceu culturalmente, espiritualmente e humanamente. Ter a rotina metódica, burocrática, te ajuda em alguns sentidos, mas por outro lado, mas você ir visitar um doente no hospital te abastece de um modo que não tem comparação, fazer um casamento, fazer parte da vida das pessoas é muito legal. Então são dois tipos de trabalho que são muito interessantes”, completou.
Agostinianos
Frei Diones falou como, dentro da formação sacerdotal, ele decidiu seguir a ordem Agostiniana. “Eu costumo comparar a vocação religiosa e sacerdotal como um caminho de um casal. A pessoa começa a conhecer o outro lado, ver as qualidades, os defeitos, se sentir bem ao lado da pessoa até chegar numa decisão de constituir família, celebrar um casamento, ter filhos. Nossa caminhada é muito parecida, conhecemos formas diferentes de viver a vida religiosa, o sacerdócio. É um caminho de longos anos até tomar uma decisão, amadurecer essa escolha e eu sempre tive essa abertura para a novidade. Não que a vida diocesana não me dá isso, mas não me sinto ligado a um território. Tive experiências em outros continentes, países e isso me ajudou a ser a pessoa que sou hoje”, comparou.
Se retornar ao Brasil, a atuação pode ser em diversas localidades do país. “Não estamos ligados a um território. Sendo religiosos Agostinianos, temos comunidades em várias partes do Brasil. São paróquias, seminários, colégios no Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, no Paraná, no Paraguai, então, pode ser que algum desses lugares eu seja destinado. No período antes de retornar para a Europa, eu fiz vários anos no Sul de São Paulo, onde eu dava aulas, fui pároco, colaborei em seminários, movimentos, pastorais, então, aqui, na nossa diocese, se eu viesse, seria para integrar a comunidade de Ampére ou Salgado Filho.”
Vaticano
Uma curiosidade é saber se, estando em Roma, o contato com o Vaticano é mais estreito. “O Vaticano é um pequeno território no coração de Roma e é tudo em prol da Igreja Católica. É como se fosse a sede administrativa. Nós, como ordem religiosa, temos relações com bispos, governos no mundo todo e com o Vaticano não é diferente, tudo que diz respeito aos religiosos, aos padres, a missão, liturgia, economia, muitas questões, temos que ir ao Vaticano. Eu costumo dizer que, em alguns momentos, passamos meses sem colocar o pé lá, mas temos momentos que vamos quase todos os dias. O Vaticano é como se fosse o Palácio do Planalto e, para se ter acesso a um chefe de Estado, tem que ter motivo muito específico. Eu estive com o Papa em dois momentos recentes: a primeira, numa assembleia com os meus familiares, foi algo rápido. Outro momento foi quando a ordem celebrou o aniversário na sua história, pedimos um momento particular para um grupo de 200 pessoas entre padres, colaboradores e tivemos esse momento numa sala do Vaticano. Eram 45 minutos, ele acolheu a todos e foram esses dois momentos que tive contato direto com ele. Se não, em algumas celebrações, sempre com muita gente”, diz.
Casamento do irmão
Em 2022, o frei teve uma emoção diferente de celebra o casamento do irmão Paulo Paganotto. “Eu já celebrei muitos casamentos na minha vida e sempre costumava dizer que temos dois tipos de casamento: de pessoas que não conhecemos, onde procuramos celebrar da melhor forma possível porque é um momento único na vida do casal e de pessoas que a gente conhece, ou seja, amigos, alguns familiares, que geram uma emoção diferente. Eu coloquei agora o do meu irmão como o terceiro tipo porque é totalmente diferente, uma emoção que não tinha provado ainda e foi muito gratificante. Esse casamento era um projeto que tínhamos há alguns anos, a pandemia foi impedindo e, graças a Deus, agora aconteceu, foi tudo bem e deu certo que, na última semana que estavam lá, eu fiz o pedido para participar daquela catequese que o Papa faz toda quarta-feira, que é aberta a todos, é gratuita, você pede as entradas e é aceito ou não. Deu tudo certo e só de acompanhar de longe já foi muito emocionante”, conclui.
Fonte: Portal Educadora