Dr. Luiz Fernando Dip dá dicas para a saúde íntima dos homens

Médico urologista participou do Programa Sete e Meia na última sexta-feira, 24, e falou sobre os maiores problemas encontrados em Dois Vizinhos.

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  • 01 de Março de 2023
  • Foto: Reprodução Facebook

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O médico urologista Luiz Fernando Dip participou do Programa Sete e Meia na última sexta-feira, 24, e falou sobre diversos problemas que são causados, principalmente, pela falta de higiene no pênis e a não utilização de preservativo. A falta de cuidado pode gerar doenças como o HPV, o HIV e levar até a amputação do membro. O médico atende no centro de especialidades, junto a secretaria de saúde e também realiza cirurgias no Hospital Pró-Vida. Confira a entrevista:

Rádio Educadora – O senhor já atende há algum tempo em Dois Vizinhos, o que mais o senhor tem visto nos seus atendimentos?

Luiz Fernando Dip - Existe uma prevalência muito alta do HPV, que é um vírus chamado papilomavirus humano. É contagioso, sexualmente transmissível. Ela é a infecção sexualmente transmissível mais comum em toda a população mundial e com diagnóstico tardio pode deixar sequelas como o câncer de pênis no homem e o câncer no colo do útero para a mulher.

Rádio Educadora – Quais os cuidados que você deve ter para evitar esse vírus?

Luiz Fernando Dip - É bem simples. Assim como a mulher tem a educação para cuidar e avaliar a saúde genital periodicamente, o homem também deveria ter, mas, no entanto, de fato, isso não é muito seguido na prática. Observamos que crianças, muitas vezes crescem e eu atendo frequentemente adolescentes, adultos e, às vezes, até idosos que acabam tendo higiene genital precária. Muitas vezes o homem tem o prepúcio fechado e levam para a vida toda, sem conseguir fazer a retração e analisar a própria glande e isso é um fator de risco importante para o desenvolvimento e evolução do HPV que gera inflamação local e essa inflamação com o passar do tempo se transforma num tumor, num câncer. O prepúcio é a pele que recobre o pênis quando o homem nasce e, com o passar do tempo, a grande maioria deles abre, vai se soltando, se desenvolvendo e é possível fazer a retração para que o homem consiga fazer a higiene interna entre a cabeça, que seria a glande, e o prepúcio.

Rádio Educadora – E quais as outras queixas?

Luiz Fernando Dip - É muito variado. A urologia é muito ampla. Eu atendo desde crianças, passando por adolescente, mulheres com incontinência urinária, problemas de testículos que não descem nas crianças, homem com disfunção erétil, disfunção ejaculatória, homens e mulheres com cálculo renal, patologias bem diversificadas.

Rádio Educadora – Como está se dando a busca pelo urologista: para prevenção ou somente quando se tem um problema?

Luiz Fernando Dip - Percebemos que o homem vem, cada vez mais, se rendendo, entendendo a importância de ter um médico para expor os problemas relacionados a vida íntima. Depende muito do acesso, pois eu estando aqui, vamos tendo contato com a população, nos aproximamos e isso facilita. A educação do homem faz com que ele não procure, ele tem que ser forte, não pode chorar, não pode se abalar por ser o provedor da família, enfim, por várias questões, mas hoje eu atendo bastante paciente que é trazido por familiares, pela própria esposa, pelos filhos. Eles se preocupam e se rendem e isso vem melhorando.

Rádio Educadora – Qual recado você daria para os homens relacionados a sua área de atuação?

Luiz Fernando Dip - As crianças, acabam tendo o pediatra que acompanha. Qualquer alteração é encaminhada pela gente. Nos pré-adolescentes e adolescentes, basicamente, eles precisam entender, assim como os adultos, que tem que lavar o pênis. Tem que conhecer o genital, entender que o prepúcio tem que ser retraído, precisa visualizar a glande e se isso não vem acontecendo. A principal dica com relação ao câncer de pênis é a higiene local.  Se tem prepúcio, não conseguem higienizar, tem que fazer a cirurgia. É simples, faz-se ambulatorialmente e os pacientes ganham alta no mesmo dia. A gente opera desde crianças pequenas até idosos com mais de 80 anos que, quando a gente abre, está sujo por dentro, tem verrugas de HPV ou lesões cancerígenas. Essa inflamação crônica do vírus que é perigosa. E, obviamente, o homem quando estiver na puberdade, que começa a produzir mais testosterona, precisa estar ciente de ter uma vida sexual segura, usar preservativo, que ajuda a prevenir contra todas as doenças. Vida sexual segura, usar preservativo e buscar orientação é importante. As famílias precisam conversar sobre higiene ou vida sexual. Temos que entender que é um processo natural, vai acontecer e precisamos falar sobre isso.

Rádio Educadora - Existe aqui perto da gente que precisou ter o pênis amputado por falta de higiene?

Luiz Fernando Dip - Acontece, com certeza. A amputação pode ser parcial ou total. Às vezes, a gente faz a ressecção da glande, de um terço, metade do pênis. Diminui o tamanho, mas o homem consegue ainda ter uma vida sexual, ou seja, quanto mais cedo houver o diagnóstico, menos agressiva vai ser a cirurgia. São pacientes, nesse caso, em sua maioria,  adultos, acima de 40 anos. Atendemos também idosos porque com o advento das medicações, o homem aumentou o período de vida sexual porque melhorou a performance e qualidade da ereção e o idoso acaba sendo a população mais promíscua e, poucas vezes, utilizam preservativo. Eles acham que é coisa do passado, nunca usaram, não aprenderam a usar e também pecam com a higiene e essa é uma situação que precisamos de um trabalho árduo, contínuo, com populações distintas que são atingidas por problemas semelhantes.

Fonte: Portal Educadora