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Roda de conversa para o combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes

Evento, coordenado pelo Núcleo Regional de Educação de Dois Vizinhos, tem a parceria com o Ministério Público.

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  • 15 de Maio de 2023
  • Foto: Reprodução YouTube

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Na próxima quinta-feira, 18, no auditório da Associação Empresarial de Dois Vizinhos (ACEDV/CDL), será realizada uma roda de conversa sobre o combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. A ação é organizada pelo Núcleo Regional de Educação (NRE) em parceria com os órgãos de segurança e o Ministério Público e será voltada para as alunas do curso de formação de docentes das escolas Irmã Maria Margarida (Salto do Lontra), Padre José de Anchieta (São Jorge D’Oeste) e Leonardo da Vinci (Dois Vizinhos) sobre o tema. “Esses alunos serão professores, algumas já fazem estágio em escolas municipais e podem nos ajudar nesse trabalho de combate”, resumiu Dírsio Ferreira da Silva, chefe do NRE de Dois Vizinhos, em entrevista ao Programa Sete e Meia da Rádio Educadora.

Ele destacou que o tema é debatido durante todo o ano, com a devida ênfase no mês de maio. “Já está no calendário escolar a questão do combate ao abuso e exploração sexual, principalmente, pelo dia nacional de combate no dia 18. Temos atenção especial dos diretores, funcionários e professores para esse assunto. Muitas vezes as crianças e adolescentes são abusadas em casa e precisam falar, conversar com alguém e na escola temos a escuta ativa para ouvir essas crianças e fazer os encaminhamentos”, completou.

A técnica do NRE, Márcia Balotin, destacou os trabalhos realizados. “Qual é o nosso papel enquanto profissional de educação? Caso suspeite ou se tenha revelação na escola, que saibamos fazer os encaminhamentos necessários. Neste ano, a Secretaria de Estado e Educação (SEED) está com um olhar muito cuidadoso com esse tema. Ela vem desenvolvendo um projeto que se chama escola/escuta e, apesar de ter esse nome, ele não foca só na escuta, mas no acolhimento. Temos uma pessoa de referência em cada turno da escola que é capacitada para ter esse olhar mais acolhedor e ser a propagadora, na escola, dessas informações”, explica.

Auxílio do Ministério Público

As promotoras de justiça Dra. Vanessa Pinto Maia de Medeiros e Dra. Larissa Batista Vasconcelos destacaram que o órgão de justiça vai auxiliar em todos esses eventos de combate ao abuso e exploração sexual. “Nós observamos que, ano após anos, a violência sexual contra crianças e adolescente aparece em todos os locais do Paraná e do Brasil, sem importar a renda familiar. Esse dia nacional de combate é instituído através de Lei Federal e esse olhar atento da escola, que buscamos, é justamente pela escola ter um papel fundamental no combate, pois observamos que os casos de abusos contra crianças e adolescentes são, majoritariamente, ocorridos dentro do contexto familiar. Às vezes, os pais acham que a criança/adolescente estão seguros em casa, mas não observam alguns sinais que demonstram que, justamente naquele ambiente, que era para ser seguro, é onde acontecem as violações. Vale lembrar que você não precisa ter certeza absoluta dos casos, mas se existe uma suspeita, algo chamou a atenção, você pode comunicar, anonimamente, para o Conselho Tutelar ou pelo Disque 100 ou 181 que os órgãos vão apurar e ver se a situação é concreta”, disse a Dra. Larissa.

Ela destacou as formas de abuso. “Não é só o estupro, não é ter uma relação sexual, mas, às vezes, o passar de mão, onde o agressor sinaliza que está fazendo um carinho, que é tudo normal, que não é nada demais, mas a normalização desse ciclo, dessa forma de violência, faz com que muitos nem se deem conta que estão passando por abuso. Então, é importante as crianças e adolescentes saberem o que é carinho e o que é abuso”, completa.

A Dra. Vanessa destacou o número de casos. “Apesar de estarmos vigilantes e atuarmos de perto no acompanhamento desses casos, apuração e responsabilização, infelizmente, temos números alarmantes. Os últimos dados do anuário brasileiro de segurança pública, referentes a 2022, destacam que foram registrados 45.994 casos de estupro de vulneráveis. Desse total, 61% tiveram como vítimas meninas menores de 13 anos. São faixas etárias que estão ainda no início da primeira infância. A assembleia legislativa do Paraná divulgou que, no 1º trimestre de 2020, foram registrados 1.072 casos, isso equivale a aproximadamente 12 casos por dia no nosso Estado. Esse número pode ser muito maior, já que a maioria dos casos acontece dentro do ambiente familiar e tudo isso leva a criança a não revelar a situação”, explica.

Ela destacou a atenção aos crimes virtuais. “Os crimes cibernéticos ganharam tipificação no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) porque, muitas vezes, os pais e familiares julgam que aquela criança ou adolescente estão protegidos dentro de casa, mas por eles terem uma acesso a rede de internet, eles estão expostos a ambiente não seguros, os aliciadores chegam a ter contato para o abuso, para comercialização e distribuição de pornografia infantil e isso torna o problema cada vez mais complexo. Temos uma limitação nos meios de apuração para identificar essas pessoas, porque a internet permite que os criminosos façam uso de perfis falsos e os danos psicológicos que essas crianças e adolescentes sofrem são para toda a vida. Então, é muito importante que a sociedade esteja atenta, integrada, os profissionais da rede de proteção, do judiciário, Polícia Civil, Ministério Público terem um olhar conectado, tanto na prevenção, nosso principal objetivo, quanto da responsabilização do agressor para que esses casos não voltem a acontecer”, conclui.

Fonte: Portal Educadora