Em participação no Programa Sete e Meia, ele relembrou algumas histórias do início do município.
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A família do pioneiro João Maria Martins chegou ao Sudoeste em 1945. Eles foram pioneiros e auxiliaram o desenvolvimento das linhas São Roque, Quatro Irmãos e Alto Empossado. Em 1948, se estabeleceram na região da comunidade de Santa Bárbara. Seus avós, Francisco Alves Martins e Maria da Silva Marques, adquiriram o direito de posse da terra em Dois Vizinhos. “Meu pai, Fermino, em 1947, foi morar em São João, se estabeleceu no Rio Capivara e eu lembro que, naquele ano, fomos surpreendidos por um grande ataque de gafanhotos, o que fez que o presidente Getúlio Vargas distribuísse veneno para que combater a praga. Eles vieram voando, passaram por cima de nós, chegou escurecer, parecia que ia chover. Começamos observar, era um bando de gafanhoto. Aquele bando não baixou na comunidade, aí veio outros que pousaram ali e comeram tudo. O presidente foi bastante atencioso na época. Sem alimentação para os animais, meu pai comprou uma roça perto de Pato Branco. Lá engordávamos porcos e vendíamos. Então, depois de um tempo, meu pai veio e comprou, do meu avô, o direito de posse em Dois Vizinhos no mês de maio de 1948. Eu estava com seis anos”, lembra o pioneiro.
Em 1966, João casou com Dona Eudite de Lurdes Martins, com quem teve seis filhos: Florival, Florides, Geronides, Edemir, José Aldair e Fernando. Eles têm ainda 13 netos e dois bisnetos. “O casamento, há 50 anos, era tratado com muito mais responsabilidade. Na minha época tudo era bem difícil. Primeiro precisava autorização dos pais para namorar, era só em casa e de mão dada na frente dos pais e logo depois marcar a data do casamento. Hoje em dia, nem se casam e vão logo morar juntos sem assumir o compromisso”, completou.
João acompanhou toda a colonização de Dois Vizinhos. Conheceu o primeiro padre, prefeito, delegado e comerciantes do município. “Era muito difícil. Para comprar o básico, íamos a cavalo para Pato Branco. Levávamos dois cargueiros e trazíamos o sal, a querosene, os tecidos. Era um dia para ir e outro para voltar. Hoje a diferença é muito grande. Na época não tinha professor e meu pai pagava um professor para a gente estudar em casa. Reunia toda a criançada e o professor dava aula para nós. Depois que viemos para Dois Vizinhos a gente tinha o primeiro professor Valdomiro. Ele tinha uma escolinha no Moinho dos Fávero. Depois a gente vinha estudar na Igrejinha de Santo Antônio com a Dona Zelíria”, contou.
Ele falou ainda sobre a alimentação. “O milho era a base. Nós ‘tinha’ monjolo para socar o milho, a mãe ia lá e tirava a farinha, a quirera, a canjica pra comer com leite, fazia broa assada, o milho era nosso arroz. Era muito difícil.”
‘Fruta de angico’ para o Frei Deodato
O pioneiro lembrou uma história com o Frei Deodato. “Nós chegamos e tinha o padre, o Frei Deodato, que vinha a cavalo. O cavalo chamava Max e obedecia a ele. Quando o frei se fingia de morto, o cavalo metia o fucinho nele até o Frei levantar. Numa certa ocasião, o Frei Deodato chegou sem avisar e nós estava desprevenido. O pai ofertou a canjica para ele. Ele disse que não conhecia e depois pediu onde que dava aquela fruta e meu pai disse que dava num angico. Eu era o guia do padre, levava para outras comunidades, aí levei ele para o São Valentim no Seu Augusto França, que era autoridade no nosso município e lá, o padre pediu a fruta de angico com leite, que ele tinha gostado muito. Foi difícil para eles adivinhar o que era”.
Fonte: Portal Educadora