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Importação está fazendo com que produtores de leite trabalhem no vermelho

Edson Nesello, presidente da Coopervale, destacou que o inverno, normalmente, é um período onde os produtores conseguem fazer ‘gordura’ e isso não está acontecendo.

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  • 14 de Agosto de 2023
  • Foto: AEN

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Nesta segunda-feira, 14, o presidente da Cooperativa de Produtores de Leite Vale do Iguaçu (Coopervale), Edson Nesello, participou do Programa Sete e Meia na Rádio Educadora e falou das dificuldades do momento, principalmente, pela alta importação do produto em pó dos países vizinhos. “Hoje, 10% do volume consumido no Brasil vem de fora. Isso derruba preço e, daqui a pouco, não viabiliza mais a produção local. O cenário é desafiador há muito tempo, buscamos sempre melhorar centavos. Esse período, normalmente, é de fôlego para nós porque, no verão, o preço é, naturalmente, mais baixo e você compensa com o ganho do inverno para se manter na atividade, mas nós viemos de quedas consecutivas, de valores expressivos e daqui a pouco não suporta. Isso afeta toda uma cadeia, vai chegar no comércio na cidade, nas fábricas de rações, agropecuárias, então, é um impacto grande”.

Ele destacou que o preço ideal, para cobrir os custos, é de R$ 3 por litro. “O produtor recebeu, no mês passado, entre R$ 1,50 e R$ 2,60, isso em função do volume, qualidade, e vários outros fatores. O produtor não suporta mais. Se pegar R$ 0,40 de defasagem por litro, o montante no final do mês é grande”, resumiu.

Ele pede a suspensão imediata da importação. “Isso equilibraria o mercado. Foi extinta a lei antidumping e o leite do Uruguai e Argentina vem com subsídios e gera uma concorrência desleal. Aqui nós, produtores, não temos incentivo nenhum. Eu sou favorável que haja interação entre o Mercosul, mas com igualdade. Não bastam acordos apenas. Se tem subsídios para os de fora, todo mundo precisa ter. Se não, tem que ter a tarifa de compensação para trabalhar em igualdade. Com a inflação da Argentina, que está alto, acaba reduzindo o poder de consumo lá e sobra produção. Aqui também tivemos redução de consumo de lácteos. Isso é um fator. O leite em pó é nutritivo igual ao leite in natura, só tira a água e tem empresas reidratando leite. Ele chega em pó e volta para a caixinha. Aqui talvez não encontre, mas em alguns lugares tem essa liberação. Em pó ele tem uma validade mais longa e é bastante usado na indústria também”, completa.

Ele pediu apoio dos produtores. “Se todo mundo se unir, procurar o seu deputado e pedir apoio, ir na câmara de vereadores para eles interferir com os deputados, nós precisamos disso. Se agravou nesse ano, mas o setor leiteiro sempre batalhou por centavos. Crises vem, sempre temos o período de baixas, mas sempre conseguíamos absorver quando o preço subia, dava de fazer caixa e uma reserva. Hoje não roda. Não conseguimos mais fazer reserva, o período seria agora, o preço caiu, no verão, se ficar assim, segue no vermelho e não tem o que fazer. Segundo o ministro Carlos Fávero, essa liberação da importação sem taxação vai ser revogada. O setor precisa que isso aconteça com urgência e vamos seguir promovendo ações, tem o encontro em Brasília (DF) na quarta-feira, 16, e vamos seguir mobilizados”, lamenta.

Ele destacou que nunca passou por situação tão grave. “Já passamos por algumas situações difíceis, eu sou da terceira geração de produtores e queremos deixar sucessão, mas para isso precisamos do equilíbrio entre produção e preço final. Daqui a pouco, os produtores deixam o campo, baixa a produção e o preço vai aumentar na ponta. Os produtores tem investido muito, entregam produto com muita qualidade, eles estão preocupados com contagem bacteriana, células somáticas, sempre entregando produto de excelente qualidade ao consumidor final. Isso exigiu investimento, melhoramento genético e isso afeta o custo”, conclui.

Fonte: Portal Educadora