Produtores de leite de Cruzeiro e Boa Esperança do Iguaçu discutiram crise no setor

Encontro contou com a presença o deputado estadual Luis Corti.

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  • 22 de Agosto de 2023
  • Foto: Marcos Witeck

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No sábado, 19, aconteceu o encontro dos produtores de leite de Boa Esperança e de Cruzeiro do Iguaçu, na Câmara de Vereadores de Cruzeiro do Iguaçu. Os trabalhos foram coordenados por Claudecir Fretta e a mesa foi composta ainda pelo deputado estadual Luis Corti, os presidentes das Câmaras municipais de Boa Esperança, Thiago Dreves e de Cruzeiro do Iguaçu, Volney Rufatto e os secretários da Agricultura Adair Valendolf (de Cruzeiro do Iguaçu) e Valmor Tessaro (de Boa Esperança do Iguaçu).

O alto custo da produção, o baixo preço ao produtor e a redução do imposto de importação foram alguns dos assuntos tratados no encontro.

A entrada de leite em pó importado por conta da desoneração que vem sendo adotada pelo Governo Federal está prejudicando o mercado interno. Os problemas começaram em agosto de 2015 com a autorização da importação de leite em pó. No entanto, a situação se agravou em agosto do ano passado com a redução da taxa de importação que passou de 11,2% para 4%.

O secretário de Agricultura de Cruzeiro do Iguaçu, Adair Valendolf, falou sobre como surgiu a ideia do encontro. “A gente esteve na quarta e quinta-feira em São Jorge D’Oeste, conversamos com o secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara. Além disso, falamos também com o deputado Luis Corti que se disponibilizou a vir para Cruzeiro do Iguaçu esclarecer sobre as políticas voltadas as reivindicações do preço do leite, já que existem projetos em níveis estadual e federal”, explicou.

O deputado Luis Corti destacou que o leite traz o sustento de muitas famílias. “Quero agradecer a oportunidade de vir aqui expor essa questão, em função que nós levantamos esse tema na Assembleia Legislativa no dia 8 de agosto quando o movimento começou a eclodir em nível de Brasil. Estamos vivendo uma realidade que exige providencias. O leite virou uma verdadeira indústria para o Brasil, que é o quarto maior produtor do mundo atrás apenas dos Estados Unidos, Índia e China, com produção de 35 bilhões de litros/ano corresponde a 6,5% de tudo o que o mundo produz. O Brasil não consegue ter uma produção suficiente para a exportação. Ao longo dos anos, o leite virou uma fonte importante de sustento, de emprego e renda, o Sudoeste tornou-se uma potência. O Paraná e o segundo maior produtor do Brasil, perdendo apenas para Minas Gerais, tem 89 mil propriedades que produzem leite e em muitos municípios é a maior alternativa de emprego. O sudoeste (1,1 bi de leite/ano) é a maior região produtora do Estado (4,4 bi de leite/ano)”, detalhou.

A crise no setor tomou força com a redução na taxação de leite importado do Mercosul, adotada em agosto de 2022, que tem feito com que muitos produtores trabalhem no vermelho. “No final do ano passado, uma alteração na questão tributária do Brasil trouxe consequências que se projetaram neste ano e tem trazido dificuldades extremas ao nosso produtor. Essa alteração permitiu a entrada do leite, principalmente do Mercosul, concorrendo de maneira desproporcional com o leite produzido no Brasil. A tributação sobre a importação de produtos lácteos era de 11,2% e o governo baixou para 4% em agosto. O resultado é que de janeiro a maio, nós tivemos um incremento na importação de 223%, que fez o leite internacional chegar barato, concorrendo com o nosso, principalmente o leite em pó porque 1 kg de leite em pó fora do Brasil é adquirido por R$ 15,00 e, com esta medida colocando água, é possível transformar em dez litros de leite, transformando em R$1,50 no litro, o que é algo sem condições. Em fevereiro, o Departamento de Economia Rural (Deral) apontou que o preço do leite ao produtor paranaense foi de R$2,68 e em julho foi de R$2,71”, disse o deputado.

Corti explicou que há um grande movimento dos produtores no Estado e no Brasil, reivindicando o retorno da taxação ao leite importado. Ele acredita que a medida será revista. “Mandamos documento para a presidência da republica, para o Senado, para a Câmara Federal, para o Ministério de Agricultura. Já surtiu efeito, no dia 16 a Pró-Leite nacional fez um grande encontro em Brasília e o governo tende a retornar a tributação da importação de produtos lácteos. São quatro medidas que propusemos: 1) uma é a taxação; 2) a outra, como o Mercosul é uma área de livre comércio, que a gente estabeleça uma cota de entrada de leite do Uruguai e Argentina, que são os dois países que estão mais exportando para o Brasil; 3) além de tudo, que a gente proíba a reidratação de leite no Brasil, que é transformar o leite em pó em líquido; 4) e que seja acompanhado sanitariamente aquele que importa o leite em pó porque ele pode vender o leite em pó direto ao consumidor final, o que ele não pode é colocar este leite na indústria. Com essa junção de forças que estamos fazendo em todo o Paraná e no Brasil, o Governo Federal não tem como não voltar atrás na tributação do leite porque do jeito que está o leite que vem de fora faz uma concorrência desleal com a nossa produção brasileira”, finalizou Luis Corti.

Fonte: Portal Educadora