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Setembro Amarelo e a importância de se prevenir o suicídio

Durante todo o mês, diversas ações voltadas para o tema serão realizadas.

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  • 01 de Setembro de 2023
  • Foto: Portal Educadora

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O médico psiquiatra Dr. Nelson Aiex participou do Programa Sete e Meia na última quinta-feira, 31 de agosto, e falou sobre o Setembro Amarelo, um mês voltado para a prevenção ao suicídio. O dia 10 é marcado, oficialmente, como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e, em 2023, o tema é “Se precisar, peça ajuda!”. Na sua fala, o médico tentou desmistificar algumas questões relacionados ao tema. “Uma coisa que eu considero importante sobre suicídio é que a gente pode falar sobre ele, mas eu defendo que não se fique detalhando muito. Em primeiro lugar porque não vem ao caso e em segundo porque pode ser um gatilho, despertar aquela situação de cometer o mesmo gesto por imitação”, disse.

Ele falou sobre o que pode levar uma pessoa a colocar um ponto final na sua vida. “O suicídio é um gesto de desespero extremo, que só acontece quando a pessoa acha que esgotou todos os meios de cessar o sofrimento psíquico que ela vem tendo. A pessoa está com sofrimento psicológico, emocional e acha que não tem saída. Isso não é verdade. Essas coisas todas tem jeito de ser superado, tem solução e é nisso que a gente trabalha. Com nosso trabalho, mostramos que existe saída, por pior que seja a situação, basta a pessoa procurar ajuda. Uma pessoa chega ao suicídio não é por fato isolado. As vezes a pessoa pensa que foi uma decepção na carreira, trabalho, amorosa, perda financeira. Não é isso. A pessoa só chega no suicídio depois de um processo que vem sendo construído no dia a dia. São somadas diversas dificuldades e a pessoa vai desenvolvendo e ela não procura ajuda, não tem ajuda oferecida. O entorno não percebe o que está se passando. O suicídio é o final de um processo, não está ligado a um fato pontual”, explicou o médico.

Ele indicou como as pessoas próximas podem ajudar. “Nós queremos falar sobre o assunto, mostrar que podemos ajudar as pessoas. Observe o comportamento das pessoas que vivem no seu meio e, se perceber que eles estão diferentes, retraídos, mostram sinais de tristeza, se isolam, ofereça a sua mão. Nunca chegue mostrando solução, mandando fazer isso ou aquilo, apenas mostre que está do lado da pessoa para ajudar e que, se ela precisar conversar, você está disponível. Oferecer-se para levar aos serviços especializados também pode ser um caminho”

Todas as formas de tratamento precisam ser consideradas. “Nosso princípio é estimular as pessoas a utilizarem todos os recursos. Essa questão da espiritualidade sempre me toca muito, mas também não podemos substituir tudo por Deus. É importante, mas vamos pegar pelo lado de que Deus colocou à disposição das pessoas meios para poder cuidar delas, sejam as equipes médicas, de saúde, os medicamentos e, assim, claro que medicamentos não podem ser usados de forma abusiva, sem necessidade, mas quando é necessário precisa ser utilizado, assim como a psicoterapia, a atividade física. Por isso temos uma equipe multidisciplinar, inclusive, contando com o reforço da espiritualidade independente da religião. Muito se fala sobre jeito certo ou errado de tratar, mas eu sempre falo que temos que somar forças”, completou.

O médico destaca que é importante também observar todas as pessoas que estão no entorno de uma pessoa que passa pelo problema. “Existe um termo que todo mundo ouve falar em prevenção, mas utilizamos também a ‘pósvenção’, que é um cuidado com a pessoas que sobrevivem a um suicídio ou os familiares, amigos, colegas de trabalho que conviveram ou convivem com essa pessoa. Se é uma pessoa que tentou uma vez, sobreviveu, a gente vai fazer o tratamento, o acompanhamento. Isso é feito no CAPS, na rede de saúde mental, temos um sistema de acolhimento, onde fazemos a estratificação de risco e as pessoas que são considerados de médio/alto risco e tiveram intenção suicida são acolhidas ali. Os casos considerados mais leves são destinados ao ambulatório de saúde mental. O objetivo disso tudo é uma prevenção também porque busca evitar que outro suicídio aconteça no mesmo núcleo que uma pessoa que cometeu suicídio se inseria. É comum ter suicídios seguidos em mesmos ambientes”, diz.

Dois Vizinhos conta com estrutura do Centro de Atenção Psicossocial que está aberto para toda a população, assim como o Ambulatório de Saúde Mental. “Temos também o Centro de Valorização da Vida (CVV) que foi uma das entidades que encampou o setembro amarelo no Brasil, entre 2014/15, e o telefone é 188. É um serviço de 24 horas por dia, sete dias por semana, atendidos por voluntários treinados para ajudar as pessoas”, conclui.

Fonte: Portal Educadora