Ele foi o 10º a comandar a entidade entre os anos de 2006 e 2008.
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O Programa Sete e Meia, da Rádio Educadora, segue entrevistando os ex-presidentes da Sociedade Rural Vale do Iguaçu, que comemora seus 32 anos de atividades no próximo dia 19 de setembro. João Oradi Favin foi vice-presidente em três mandatos e assumiu o comando entre 2006/08, no lugar de Vani Pinzon (em memória) que faleceu no início do mandato. “A Rural, para mim, foi um aprendizado muito grande. Eu comecei coordenando os leilões, me empolguei, participava bastante. O Ivanir Pinzon (em memória) tinha o desejo de assumir, foi candidato, chapa única e eu assumi como vice-presidente. Ele iniciou o trabalho no dia 20 de março de 2006, tivemos o leilão no dia 9 de abril e a confraternização dia 17 de abril. No dia 8 de maio, ele comandou a última reunião e faleceu no dia 9 de junho. Eu até poderia ter assumido direto como vice, mas foi feita uma eleição por aclamação, meu nome foi aceito, confiaram em mim, e tomei posse no dia 10 de julho de 2006. Naquele espaço de tempo, o Itamar Boaretto, que era o segundo vice, assumiu provisoriamente”, destaca.
Favin já pegou a entidade bem estruturada fisicamente, mas ainda assim enfrentou dificuldades. “O preço do gado era baixo. Para se ter uma ideia, o bezerro era R$ 1,60 o macho, a fêmea R$ 1,35 o quilo. Hoje, baixou um pouco, mas já esteve próximo a R$ 14. Enfrentamos dificuldades. Quem começou essa entidade foi herói. Todos os presidentes que passaram fizeram sua parte, eles construíram as bases, fizeram pavilhões, casa do criador, recinto de leilões e a gente já começou a trabalhar em melhorias. O grande medo eram os calotes. Agora, temos cadastros e você vê a vida do cara em dois minutos. No meu tempo, vendíamos o gado no domingo e não deixava o comprador levar no mesmo dia e a gente começava a rastrear os compradores, ver se tinha terreno, se era alugado, se tinha problema de Serasa. Se desconfiávamos de algo, falava que era só à vista ou se o vendedor autorizasse. Hoje tem cadastro, garantia, é mais fácil”, relembra.
Ele ainda agradeceu todos os diretores que trabalharam na sua gestão, principalmente, a atuação do vice-prefeito Itamar Boaretto. “Ele foi meu braço direito, ajudou muito nas melhorias que fizemos, principalmente, nas mangueiras”, completa. O mandato foi de consolidação. “Nós precisávamos arrumar mais sócios, aí descentralizamos as reuniões em São Jorge D’Oeste, em Verê, Cruzeiro do Iguaçu e isso ajudou bastante. Na época eram 80 sócios. Trouxemos várias palestras, estreitamos parcerias com as universidades, o sindicato dos empregadores, enfim, muita gente nos ajudou. Os leilões sempre foram prestigiados, nós visitávamos as outras rurais e eles vinham aqui participar com a gente”, diz.
Numa fase sem dinheiro, ele fez alterações que geraram polêmica entre os sócios. “Em 2007 chegamos com o caixa zero. Eu até emprestei R$ 2 mil para pagar umas contas pequenas. As grandes, a gente fazia a prazo. Os jantares mensais era tudo de graça e nós cortamos a bebida gratuita. Teve reclamações, mas o povo aceitou. Era sempre carne, massa, outros ingredientes e o que eu fiz? Não tínhamos dinheiro e falei para fazer um risoto. Aí alguém falou: nós, fazendeiro, vindo aqui comer arroz. Alguém até disse que ia dar um bezerro que nunca chegou. Outra vez, pra fazer economia, ao invés de ter alcatra, mignon, fizemos bisteca de paleta. Já criticaram a gente de novo, mas foi importante”.
História
Favin está em Dois Vizinhos há 53 anos. Ele trabalhou com criação de gado e búfalos e, atualmente, está com as terras arrendadas. “Eu comecei como criador de gado. Em 2002/03 comprei terras em Cruzeiro do Iguaçu, comecei com bovino. Depois compramos um terreno em São Jorge, tínhamos as vacas de cria em Cruzeiro e confinava em São Jorge. Em 2004, por aí, comecei a criar búfalo. Cheguei a um plantel de 96 búfalos. O gado, a gente foi diminuindo porque fizemos loteamento onde tínhamos a terra, tirou uns 10/12 alqueires para lote, começamos a fazer lavoura. Há uns três anos, aluguei a pastagem e vendi o gado. No ano passado, vendi os búfalos e arrendei a terra. Fiquei triste porque meus búfalos eram bem mansos, em 15 minutos eu tocava eles na mangueira sozinho. Eu gostava muito de mexer com búfalo, gostei mais do que o gado”, conclui.
Fonte: Portal Educadora