Mesmo depois de tanto tempo, se tem divergências sobre o número de vítimas.
Foto: arquivo
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Ainda está marcado na memória de muita gente no Sudoeste o naufrágio da balsa Vitória, que operava no trajeto Foz do Chopim/Quedas do Iguaçu até o acidente que aconteceu no dia 19 de setembro de 1973. Era fim de tarde, o rio estava com vazão acima do normal em virtude das chuvas dos dias anteriores e a embarcação também contava com lotação máxima já que, naquela hora, muitos trabalhadores da Usina de Salto Osório retornavam às suas casas do outro lado do Rio Iguaçu. Pouco depois de partir, ouviu-se um romper de cabo e a embarcação começou a afundar juntamente com tudo o que tinha em cima (três caminhões, um ônibus e um táxi).
Quantos morreram? Não há dados oficiais sobre vítimas fatais e as opiniões a respeito disso continuam contraditórias. “Entreguei, no local do acidente, numa só vez, 31 caixões, todo o meu estoque, a pedido da Eletrosul. Mas, também, havia a Copel, as empresas acompanhando os trabalhos de resgate”, afirma Claudino Luís Dalbosco, proprietário da funerária Dalbosco & Cia Ltda, a única em Quedas do Iguaçu. A manchete do Jornal do Brasil, do dia 22 de setembro, afirma que “Homens-rãs tentam resgatar 27 corpos desaparecidos no Iguaçu”. A Defesa Civil apontou 37 mortos e a Igreja Católica constatou a morte de 45 pessoas, sendo que 40 teriam se salvado. O povo que viveu a tragédia, no entanto, continua afirmando que o número de mortos e desaparecidos supera a casa de 100 pessoas.
Os dias posteriores à tragédia foram de intensa dor e tristeza. Chegou-se a instalar um necrotério às margens do rio para identificação de corpos e exames de praxe, dado ao estado de decomposição dos mesmos. Um corpo chegou a ser resgatado em Marmelândia, cerca de duzentos quilômetros do local do acidente. No dia seguinte ao naufrágio, o proprietário da balsa seu Atílio Toniazzo, procurou o advogado Dr. Nereu Carlos Massignan (em memória), para defendê-lo no processo que foi aberto no Tribunal Marítimo. O desfecho do caso, para o advogado e para o proprietário da balsa, foi um sucesso, apontando “força maior” (invasão de gente sobre a balsa), que isentou o proprietário de culpa. A tragédia inspirou músicas e ainda mexe com o imaginário local, deixando muitas marcas em famílias que perderam seus entes queridos para as águas furiosas do Rio Iguaçu.
Fonte: Portal Educadora com informações do historiador Marcos Witeck