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Fermino Rodrigues não estava na balsa porque o balseiro não deixou

Com apenas 12 anos, ele vendia doces no trajeto.

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  • 19 de Setembro de 2023
  • Foto: Portal Educadora

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Há exatamente 50 anos, no dia 19 de setembro de 1973, acontecia o naufrágio da balsa Vitória em Cruzeiro do Iguaçu. Era fim de tarde e a embarcação saiu lotada de Quedas do Iguaçu sentido Foz do Chopim. Poucos metros depois de iniciar a travessia, ela acabou naufragando. Fermino Rodrigues não é considerado um sobrevivente, entretanto, só não estava na embarcação porque o balseiro não deixou. “A gente vendia vários produtos, mas nesse dia era doce. A gente acompanhava a travessia, ia e voltava, o dia todo. Como o horário estava adiantado e já era a viagem que os funcionários de Salto Osório estavam voltando para a vila de Foz do Chopim, o balseiro pediu para que nós descesse e aguardasse em terra firme porque ia voltar muita gente na balsa. Aí a gente desceu e ficamos do lado de cá esperando. Infelizmente, quando a balsa saiu do outro lado, ela andou uns três, quatro metros, estourou um cabo e afundou. A gente só viu o ‘gritedo’ do pessoal, os carros caindo, um por cima do outro, o ônibus, caminhão de bebida, uma tragédia total. Traumatizou a gente porque foi muito forte, era muita gente gritando, pedindo socorro e a gente olhando sem poder fazer nada. A gente sente até hoje”, lembrou Fermino, em entrevista ao historiador Marcos Witeck.

Fermino residia em Foz do Chopim e seu pai, inclusive, trabalhava na usina. Ele também não embarcou na balsa em virtude da lotação. “O caminhão que meu pai vinha ficou do lado de lá, não coube todo mundo. Muita gente não tinha embarcado e se salvou. Os que já tinham embarcado que aconteceu isso. A balsa dava duas, três viagem para transportar todo o pessoal que vinha de Salto Osório para Foz do Chopim”, completou. Ele falou sobre algumas recordações do dia. “Eu lembro que, quando a balsa foi sentido Quedas do Iguaçu, a gente olhando, parecia que não ‘tava’ bem nivelada. Eu era criança, não entendia. Depois que carregou, eu ainda falei para o meu amigo que parecia que a balsa ‘tava’ torta para um lado. Meu amigo falou que era impressão por causa da água. Teve esse comentário que tinha um  lado da balsa que estava cheio de água, a gente não tem certeza, não sabe, mas dava impressão que estava com um lado cheio de água. Ela fazia esse trajeto todo dia, mesmo com o rio cheio, mais vazio, esse dia o rio estava muito cheio, tinha chovido muito, mas dava impressão que tinha água na balsa”. Fermino destaca que muitos conhecidos faleceram em virtude da tragédia. “Eu era criança, não perdi amigos, mas perdi bastante conhecidos, senhores, amigos dos meus pais, da família, que faleceram, vizinhos meus”, conclui.

Fonte: Portal Educadora com informações do historiador Marcos Witeck