O casal Tarsila e Lucas Meggiolaro e os filhos Valentina, Lucca e Antonella já percorreram 40 mil quilômetros com o veículo.
Foto: Arquivo Pessoal
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A pandemia fez com que muitas pessoas repensassem os rumos das suas vidas. Para o casal Lucas e Tarsila Meggiolaro, de Dois Vizinhos, o período de restrições antecipou a realização de um sonho: viajar, com os três filhos - Valentina, 17, Lucca, 14, e Antonella, 11 anos, a bordo de uma Kombi (que ganhou o nome de Catarina). O veículo foi adquirido e, aos poucos, sendo adaptado. Até agora, a família já viajou mais de 40 mil quilômetros no Sul do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai. “A pandemia trouxe várias reflexões. Teve uma manhã que eu e o Lucas estávamos tomando café e começamos a conversar sobre o que fazer da vida, quais experiências, quais os desejos, o que gostaria de trazer para os nossos filhos e surgiu um desejo do Lucas, que ele tem uma memória afetiva do pai que viajava de Kombi, e ele disse que queria ter uma Kombi também um dia. O projeto era para cinco anos, mas como nossos filhos estão crescendo, a gente decidiu que era a hora de realizar esse sonho. A Kombi exige adaptações e alguns desprendimentos e está sendo muito legal viver tudo isso em família”, destacou Tarsila.
O veículo conta com estrutura interna e uma barraca externa para abrigar toda a família. “Hoje a Kombi tem placa solar e isso gera energia, com baterias estacionárias que armazenam o que é produzido. Tem pontos de 12V, tem energia 127, eu consigo usar liquidificador, geladeira, tem o aquecedor de passagem que é o que esquenta a água do chuveiro, que fica fora da Kombi, numa barraca. O fogão tem forno, traz a liberdade para cozinhar, assar alguma coisa, temos a pia para lavar louça e o nosso porta-pote que é o banheiro, muito útil. A gente leva uma churrasqueira também porque a família adora fazer churrasco”, resumiu.
Lucas, por sua vez, ressaltou as adaptações que foram feitas no veículo. “A gente fez uma infraestrutura básica. Nas primeiras viagens não tínhamos geladeira, era com uma caixinha de isopor para armazenar algumas comidas. A gente colocou um fogão com forno, mas se quiser pode levar fogareiro também. A Kombi hoje nos dá uma estrutura para fazer uma viagem mais barata, indo no mercado e fazendo nossas comidas, mas sempre ressalto que o importante é você estar disposto a se adaptar, porque as coisas vão acontecendo e você tem que entender o ambiente que você está inserido. É indispensável, por exemplo, ter alguns aplicativos que ajudam a gente se localizar. Tem um que é muito importante, o Ioverlander, que mostra pontos seguros para dormir, seja em postos de combustíveis, campings. A gente nunca sabia onde ia dormir, traçava uma rota e ia seguindo. Quando começava a entardecer a gente já começava a ver um local para dormir. A gente tinha bastante cuidado para escolher os locais porque as crianças dormiam na barraca em cima da Kombi. Vale ressaltar que nunca passamos medo. Na primeira viagem, eu não dormi. Depois a gente vai se desprendendo um pouco. Ficamos atentos a barulho e a qualquer movimentação. A gente não tem ar condicionado, passamos calor e frio, vento, entra água, cheiro, você percebe o lugar”, explica.
Os filhos já se encantaram com a experiência. “Nossas viagens são muito diferentes de todas as outras e vai ficar para sempre marcado na nossa memória. Nessa viagem, a gente não fez muitas trilhas, nessa não fizemos por causa do pé da Antonella (ela estava com o pé quebrado), mas é bem diferente. A rotina é cansativa as vezes, mas é muito gostoso”, resumiu Lucca. Antonella lembrou o que os amigos falaram. “Eles falam que somos doidos, mas, do nada, nossos pais decidiram viajar de Kombi e tem tudo lá, barraca no teto, geladeira, fogão, sofá-cama, pia, os armários, chuveiro. É muito legal”, disse. Valentina ressalta que a paixão por esse estilo de viagem foi acontecendo gradativamente. “A primeira que fizemos para o Atacama, de carro, nos acendeu a chama para viajar de Kombi. Isso nos deu essa sensação de quero mais. Aí pensamos na Kombi e mudou tudo. De carro e de Kombi são experiências muito diferentes. Meus amigos falam que eu sou maluca, primeiro, porque ficamos muito tempo sem internet e isso já é motivo de ficar maluco, mas é uma coisa importante, nos desprendemos de rede social, a gente brinca bastante, lê livros, assiste filmes juntos, a gente faz os campings, é bem importante, sensação muito diferente de ir num hotel. A gente dorme todo espremido, com calor, com frio, é muito bom”, conclui.
Fonte: Portal Educadora