Faleceu Dona Nucha Coletti, pioneira de Dois Vizinhos

O velório está acontecendo na Unifas.

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  • 30 de Março de 2024
  • Foto: Arquivo Familiar

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Faleceu na madrugada de sábado, 30, em Pato Branco, a pioneira de Dois Vizinhos Anna Dranka Coletti, mais conhecida como Dona Nucha. Ela estava com 88 anos e deixa seis filhos, netos, bisnetos familiares e muitos amigos. O velório será neste sábado, 30, a partir das 9 horas na Capela da Unifas, com sepultamento acontecendo as 17h.

Em entrevista para a Rádio Educadora, em 2023, Dona Nucha falou um pouco da sua história. Filha de Inácio e Helena, Anna Dranka Coletti teve nove irmãos. Em 1954, casou-se com Ervelino Coletti (em memória), com quem teve seis filhos: Terezinha, Linda, Vani, Rose, Venilto Antônio e Solange. Ela lembra como era Dois Vizinhos ao chegar. “Tinha duas, três casas. Era pouca gente. O Coletti disse pra gente vir para cá porque era lugar de futuro. Ele veio, comprou uma casinha velha que o pessoal colocava outras pessoas dormir, um hotelzinho bem mixuruca. Entramos ali e, quando chovia, molhava toda a casa. Era assim, mas era muito bom”, disse.

Ao chegar no município, a família melhorou a hospedaria, que estava instalada na esquina da Rua do Comércio com a João Dalpasquale. “A madeira veio de Bom Sucesso, da serraria do meu pai, e o Coletti construiu. Essa madeira tinha 5 metros e meio de comprimento. A gente construiu também a casa para ‘por’ a loja. Em cima era dormitório. Tinha também uma cadeia de madeira. A ruazinha já existia em partes, aí a gente foi abrindo. Quando viemos de mudança, já trouxemos a Terezinha (primeira filha). Eu lembro que ganhei meu enxoval quando casei e o meu pai falou que nem precisava bordar o lençol porque eu vinha para o sertão.”

Para alimentar os hóspedes, ela criava animais e tinha verduras e legumes plantados no terreno. “A gente comprou ali uma quarta de terra. Com muita dificuldade, construímos o hotel da forma que dava, a gente era muito pobre, fazia o que podia. Eu plantava bastante, tinha uma horta grande, tirava muita verdura ali, porque não tinha mercado, a gente tinha que fazer o possível para ter as coisas. Sempre dando um jeitinho. Criava galinha, quando terminava a carne, fritava ovos e servia o pessoal. Lavava roupa no Rio, não tinha água encanada. Aí levava as crianças junto pra dar banho e já trazia limpo pra casa.”

A paixão pelo marido foi à primeira vista. “Meu pai comprou um moinho que era dos Coletti em Bom Sucesso. Eu cheguei, uma menina de 14 anos, e me engracei no Coletti. Achei ele coisa mais linda. Ele tinha uma namorada e eu fui passear na casa da namorada dele com ele e a irmã dele. Ela ficou com ciúme de mim e deixou dele. Que bom. Aí ficou só meu”, disse.

O empreendedorismo sempre fez parte da vida de Dona Nucha que cuidava do hotel e, constantemente, ia para São Paulo para trazer produtos que seriam comercializados em uma loja de secos e molhados. “O Coletti comprou um caminhão e puxava suíno pra São Paulo (SP). A gente ia junto, fazia as compras, carregava o caminhão e trazia diversas mercadorias. Comprava tecido, mantimentos, panela, uma vez o Coletti trouxe meia carga de pinico porque o preço estava bom. E vendeu tudo. Os filhos todos ajudavam na empresa que virou, em seguida, o Comércio Pagnoncelli”, completa.

Fonte: Portal Educadora