Na tarde desta terça-feira, 9, a jovem Isabel Veloso, seu noivo Lucas Borba, de Dois Vizinhos, e a médica Melina Branco Behne participaram do podcast Inteligência Ltda, com Rogério Vilela, em um canal com mais de 4 milhões de inscritos. A transmissão foi feita de São Paulo (SP), com o casal presencialmente no estúdio e a médica por vídeo de Francisco Beltrão.

A história de Isabel, de apenas 17 anos, ganhou repercussão nacional nos últimos meses quando, depois de três anos de tratamento contra um Linfoma de Hodgkin, ela teve esperança de cura e a bomba de que o câncer voltou com o diagnóstico de que não teria muitos meses de vida, entrando para os cuidados paliativos. Um grupo de amigos da jovem se sensibilizou e organizou uma vaquinha virtual para que ela e o noivo realizassem o sonho de casar e, de fato, a celebração vai acontecer ainda neste mês. Desde que iniciou a arrecadação, a jovem acabou ganhando muitos seguidores no Instagram (estava com 1,6 milhão na tarde em que o programa foi ao ar) e mostra como conviver com a doença e virou motivação para muitas pessoas.

O apresentador destacou, no início da conversa, que o programa era um dos mais difíceis que ele já fez, por não saber o que perguntar. Durante mais de duas horas, ela falou sobre sua história, a infância e sobre a luta contra a doença.  “Eu tenho 17 anos, faço 18 no mês que vem, dia 17 de maio e já faz três anos que faço tratamento oncológico. Nesse ano, descobri que sou paciente paliativa, tenho pouco tempo de vida e, desde que descobrimos esse diagnóstico, estamos tentando realizar nossos sonhos e, um deles, é o nosso casamento e acho que foi isso que fez com que a nossa história estourasse. Estamos tentando aproveitar a vida ao máximo e queremos muito realizar esse sonho”, resumiu. Isabel nasceu em Chopinzinho, mas já morou em Espigão Alto do Iguaçu, Dois Vizinhos, Curitiba, Francisco Beltrão e novamente em Dois Vizinhos, onde reside atualmente.

O primeiro diagnóstico de câncer veio com 14 anos. De lá pra cá já foram diversos tratamentos como quimioterapia, transplante de medula óssea, imunoterapia até alcançar a cura em novembro de 2023. No entanto, três meses depois, ela recebeu a notícia de que a doença havia retornado mais agressiva. Após uma série de exames, os médicos informaram que não existem tratamentos para curá-la, a não ser ações paliativas para amenizar a dor. A médica explicou o que significa esse momento. “Paliativo vem normalmente da palavra grega pallium que significa manto e é como colocar um manto, acolher, ajudar o paciente como um todo, não o sintoma. Buscamos tratar e controlar a dor física, emocional, parte espiritual, social, tudo isso. No caso da Isabel, ela teve essa reação muito grande na primeira imunoterapia depois que o câncer voltou, que deu essa dor neuropática e diminuiu muito a qualidade de vida dela, ela não saia da cadeira de rodas por causa de dor. Por isso, veio a decisão da família e da gente. E se tivesse essa segunda aplicação? Controlaria as células tumorais, mas não vou conseguir zerar elas e foi ai que veio a decisão de não aplicar mais e olhar para a qualidade de vida dela, independente do tempo. Eu não gosto de falar tempo, a gente não sabe, temos algumas noções, pela literatura e tudo mais, mas cada caso é um caso. Isso depende da reação do corpo dela e das células tumorais. Os cuidados melhoram a qualidade de vida no tempo que ela tem, independente de quanto for”, explicou.

Isabel disse que está bem e, recentemente, uma tomografia mostrou que o tumor não está crescendo, o que é uma boa notícia. “Quando eu comecei o paliativo, o tumor estava bem grande, próximo ao coração, mas a medicação do meu tratamento estava fazendo efeito ainda. Se ele crescesse, poderia pressionar o coração e o órgão parar. Eu insisti, os médicos falaram em seis meses. Pode ser mais, pode ser menos. Eu prefiro acreditar nos seis meses para mais. Eu estou bem agora, essa aplicação da imunoterapia que eu fiz, a última, que foi muito ruim, teve um bom prognóstico, ele diminuiu bastante e está estável. O tamanho que ele está não é tão agressivo, mas quando ele é pequeno não comprime o meu coração. Ai algumas pessoas até vieram falar que eu estava mentindo no meu Instagram até eu postar o laudo. Eu fico feliz por estar pequeno porque eu posso ganhar tempo, mas como eu não estou tratando, eu sei que pode aumentar rapidamente. Então, o que eu quero fazer é aproveitar. Depois de tudo isso, eu entendo que minha missão é curar, não ser curada. Eu vi que minha história pode mudar a vida de alguma pessoa e muitos me falam que eu ensinei aproveitar o tempo que tem, sabendo ou não se tem muito ou pouco tempo de ir embora. Eu to vivendo a minha melhor fase da vida em cuidados paliativos” ,disse.

Você pode acompanhar a entrevista no player acima.  

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