Moradores do Sagrada Família tem reunião com o prefeito sobre as enchentes

Comitiva cobrou soluções para os problemas dos alagamentos. Foi a terceira cheia do Rio Jirau Alto em seis meses.

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  • 06 de Maio de 2024
  • Foto: Portal Educadora

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Na manhã desta segunda-feira, 6, uma comitiva de moradores do Bairro Sagrada Família de Dois Vizinhos se reuniu com o prefeito Carlinhos Turatto (PP), o vice-prefeito Nery Maria (PL) e secretários no gabinete para pedir soluções efetivas contra as cheias que afetam a região. Somente nos últimos seis meses, foram três enchentes do Rio Jirau Alto que atingiram dezenas de famílias. Na ocasião, foram discutidas ações realizadas e planejados os próximos passos que serão acompanhados por uma comissão que foi montada entre os participantes.

Elis Andrade, que reside no bairro há décadas, destacou que qualquer chuva já tira o sono das famílias. “Na quinta, quando ameaçou a chover, já fiquei sem dormir. Estamos comovidos com a situação do Rio Grande do Sul, mas não podemos amenizar nossa dor. Foram duas noites sem dormir, a chuva veio, na minha casa deu uns 90 centímetros de água, perdi meus móveis, mas isso não se compara ao desespero, dor, aflição, o sentimento que vai gerando na gente. A revolta, a indignação. Eu sofro também pelos meus vizinhos. Vesti a camisa, quis ajudar e agora queremos uma resposta. Vamos até o fim. Entendemos a natureza, mas agora esperamos uma solução”, disse.

André Tímbola reside na Rua Mário de Barros e destacou que sua casa nunca tinha sido afetada por cheias. Nos últimos seis meses, no entanto, foram três enchentes. “Viemos aqui em busca de paz. De poder, mesmo com chuva, deitar no travesseiro e não ter preocupação se vai alagar ou não. Viemos buscar ações concretas e pra ontem. Não queremos algo para seis meses, um ano, dois anos. Estamos doando nosso tempo, nossa vida, para ajudar as famílias a prefeitura se comprometeu, nos prometeu que, a partir de amanhã, vamos ter as máquinas atuando no rio”, disse.

Ações

O vice-prefeito Nery Maria lamentou o fato de os moradores ter a terceira enchente em seis meses e prometeu ações efetivas. “É um problema de anos, mas como gestores, temos que achar uma saída, uma forma definitiva pra isso acabar. É longo, demorado, mas nosso município vai começar o trabalho nos rios. Vamos abrir galerias, construir pontes. O recurso que foi anunciado ainda não chegou, foi assinado o convênio, no momento que chegar já vamos iniciar as obras. Com mais de R$ 500 mil do município, foram compradas vigas, vamos fazer pontes e dragar o rio, colocando as máquinas para que isso não aconteça mais. Vamos fazer contenções de água e buscar resolver esse problema”, adiantou.

O prefeito agradeceu a compreensão da população e falou sobre algumas ações já realizadas. “Quando tivemos a grande enchente, no ano passado, tomamos algumas decisões e foram feitos vários serviços de contenção junto ao leito do rio. Para fazer algo mais efetivo, precisamos tirar toda a rede de água e de esgoto que adentra o rio. Eu me coloco no lugar das famílias, que perderam tudo de novo, na margem de seis meses. Eu já tive três reuniões com a Sanepar e hoje convoquei novamente para que eles venham dar uma posição para que a gente consiga fazer o que tem que ser feito. Tomamos a decisão e os R$ 500 mil que voltaram da Câmara vai ser utilizado nesse projeto. Licitamos vigas para que possamos fazer a ponte na Rua Mato Grosso (próximo ao Siega), que ali tranca o Rio. Ali na Mário de Barros também vamos abrir e fazer a ponte. Vamos tirar também as galerias da Dedi Barrichelo Montagner e Vamos fazer os diques da Mazurana e outro para cima do Lago Dourado. Vamos cortar aquela curva da Rua Iguaçu e baixar o que dá naquela região para que segure água ali também”, disse.

Ele falou sobre os recursos que foram recebidos depois das enchentes. “Até agora recebemos R$ 378 mil para auxílio de moradias das pessoas atingidas, R$ 704 mil para pontes e bueiros e do Governo Federal, até agora, não veio um centavo. Montamos aqui uma comissão que vai acompanhar diretamente todas as ações. Licitamos 3 mil horas de máquinas e tudo o que precisar ser feito, vai ser feito. Não vamos achar culpados. Se o problema tem 60 anos, o povo delegou pra nós resolver e vamos buscar resolver. Estamos junto com os moradores do bairro. Outra ação é que as famílias que foram atingidas por três cheias em seis meses vão ser isentas do IPTU, as 11 famílias que tiramos e não conseguimos colocar ainda, vamos continuar pagando aluguel social, mas eu espero que Deus nos dê força para enfrentar esse problema”, completou. Ele ressaltou que os R$ 6,6 milhões para as pontes estão liberados, mas ainda não foi concluída a burocracia da licitação.

Outra situação é que moradores realocados do Bairro Sagrada Família para outras regiões estão sofrendo preconceito. “Temos, no Sagrada Família, um povo humilde e trabalhador. Eles podem não ter o capital financeiro que muitos tem, mas são pessoas do bem. Encontramos, em Dois Vizinhos, pessoas que acham que não podem morar perto do povo do Sagrada Família porque eles são mais humildes, não tem o recurso financeiro. Infelizmente, é o país que vivemos, vamos buscar resolver. Inclusive, a comissão propôs que das 94 casas que vai sair, sejam contemplados moradores da região para ter um  recomeço”, conclui.

Elis Andrade enfatizou essa dificuldade. “Para quem está de fora, que nos critica, venham conhecer a história de cada um que está lá. A prefeitura, inclusive, tem se empenhado em alocar o pessoal e temos dificuldade das famílias entrarem ou outros bairros porque são do Sagrada Família e sofrem preconceito. Isso é uma vergonha”, lamentou.

Fonte: Portal Educadora