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Everton Lozano fala sobre planos e desafios na reitoria da UTFPR

Diretor do campus de Dois Vizinhos foi escolhido como reitor pela comunidade escolar e conselho universitário, faltando apenas a nomeação do presidente da república.

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  • 16 de Julho de 2024
  • Foto: Portal Educadora

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Na manhã desta terça-feira, 16, o Programa Sete e Meia recebeu o professor Dr. Everton Lozano, diretor do campus de Dois Vizinhos a UTFPR e novo reitor eleito da instituição de ensino. No novo cargo, ele vai dirigir os 13 campi da instituição de ensino. Durante a entrevista, ele falou sobre os desafios que terá no novo cargo, que deve assumir no final de setembro. Everton é o primeiro reitor da instituição de ensino que sai do Sudoeste e também, aos 44 anos, é o mais jovem a se eleger para comandar a instituição de ensino. “É uma história muito bonita e, digamos assim, rápida. Da chegada ao Sudoeste, a trajetória aqui e agora indo para a reitoria. Sem dúvida é um desafio enorme, que dá um friozinho na barriga mas é muito bom ter esse receio que isso denota também responsabilidade”, resumiu.

O professor ainda fez um apanhado da campanha e falou sobre a estrutura da universidade. “Como uma universidade multicampi e estamos, praticamente, em todas as regiões do Paraná, com campi em 13 cidades, hoje somos a quarta maior federal do Brasil com 35 mil alunos, 2,5 mil professores e 1,1 mil técnicos administrativos. Dois Vizinhos é uma das unidades que começou como Escola Agrotécnica Federal e, em 2002, foi transformada em CEFET quando já estava tramitando o projeto para a instituição se tornar UTFPR. Eu cheguei em 2010 na UTFPR, ingressei na Universidade em um clima político acirrado à época, já tínhamos polarização política na instituição e ela perdurou até então. A minha candidatura veio nesse cenário, cansado de observar sempre os mesmos nomes e grupos disputando a reitoria e vendo como uma grande oportunidade mediante, obviamente, um trabalho que foi desenvolvido aqui em Dois Vizinhos, onde já estou na segunda gestão do campus. Vi uma oportunidade de lançar a candidatura com o slogan ‘Renova UTFPR’, uma candidatura vinda do interior, numa proposta de agregar as pessoas e não segmentar. Saímos a campo, fizemos 40 dias de campanha, passamos pelas 13 cidades, algumas por mais de uma vez, conversamos com professores, técnicos administrativos, com os alunos e apresentando nossas propostas”, completou.

Everton ressaltou que buscou fazer uma campanha toda propositiva. “Uma coisa que me orgulha bastante, não só a mim, mas toda a equipe que se juntou nesse trabalho porque nós discutimos uma proposta, elencamos um hall de possibilidades, escolhemos um nome de um grupo que conta com mais de 100 pessoas e, em nenhum momento, fizemos uma campanha de baixo nível. Essa foi a minha condição para sair como candidato. Não quis atacar, apontar defeitos, mas uma nova possibilidade, nova forma de ver e enxergar os mesmos problemas que temos há anos. As instituições de ensino padecem de demandas históricas, os tempos mudaram e a UTFPR estava na hora de ter uma administração com um olhar um pouco diferente sobre os mesmos problemas”, explicou.

O principal desafio?

Everton falou sobre algumas demandas que encontrará como reitor. “As instituições de ensino têm desafios em comum. Temos eixos a seguir que são o ensino, pesquisa, extensão e inovação. Hoje, 95% do conhecimento produzido no Brasil é nas universidades. Não temos, no país, um histórico cultural, científico, baseado em instituições de pesquisa. As universidades são grandes núcleos de conhecimento e, ao longo dos anos, esses espaços sempre foram tidos como uma bolha, um núcleo fechado. Eu busquei aqui, com a equipe, romper essa bolha, mas ainda temos um desafio enorme porque as universidades não estão próximas das populações onde elas estão inseridas. No plano nacional de educação temos metas a cumprir, como aumentar o número de graduandos, de mestres e doutores. Só pela educação que construímos uma grande nação. Só que um desafio grande é abrir as portas à comunidade. Aqui em Dois Vizinhos, conseguimos inserir a UTFPR na comunidade, participando ativamente de diversos setores da sociedade. Nossos professores, pesquisadores, num trabalho de formiguinha, ingressaram em diversas entidades e hoje temos esse dever, essa missão, de aprimorar e melhorar isso em todo o Paraná”, relatou.

Nova geração

Outra situação destacada pelo novo reitor da UTFPR é que as novas gerações não estão valorizando o ensino superior. “A minha geração, quando a gente tinha um trabalho a fazer, íamos para a biblioteca pesquisar na Barsa e em outros livros. Hoje, o conhecimento está na palma da mão e a qualidade dessa informação é um problema. O que antes, lá, há 20, 30 anos, as pessoas tinham o sonho do ensino superior, mas o acesso era difícil. Ao longo dos últimos anos, tivemos um aumento significativo no número de instituições federais e o acesso passou a ser realidade, mas o jovem não está interessado. Os jovens querem tudo em tempo real e não imaginam como passar 5, 6, 10 anos na universidade, querem tudo em tempo recorde e por isso temos que pensar em uma universidade mais inserida, formando profissionais que realmente o mercado de trabalho demanda, produzindo conhecimento que a sociedade requer. Se o Brasil se destaca no agro e isso é resultado de milhares de projetos de pesquisa que muitas vezes a comunidade não entende. São 5, 10, 15, 20 anos de pesquisa que resulta no que estamos vendo. Tudo o que se segue hoje, Inteligências Artificial, vestuário, eletromecânica, agricultura, tudo advém disso e aí está a universidade nesse papel. Nós temos o dever de nos aproximarmos mais do povo e nos tornar uma instituição mais atrativa aos jovens, mostrando que esse imediatismo muitas vezes não vai levar a uma carreira sólida, uma construção sólida”, explicou.

Ele também ressaltou a diminuição na busca pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Há 10 anos, o Enem, tinha, anualmente, 9 milhões de jovens disputando 1,5 milhão de vagas. Hoje, são 3 milhões de jovens disputando as mesmas vagas. Obviamente, as famílias estão menores, há uma mudança cultural, mas temos um gargalo no Brasil de 20 milhões de jovens em idade que poderiam estar na universidade e que não estão. É a geração ‘nem nem’, que não quer estudar e nem trabalhar. O Brasil ainda carece desse desenvolvimento, não estamos num país de primeiro mundo. Precisamos de uma educação mais moderna, que realmente forme o profissional para aquilo que o mercado demanda e, no sistema, como um todo, parece que estamos um pouco atrás porque as mudanças na sociedade são centenas de vezes mais rápidas do que o processo de formação. Esse é o caminho que precisamos buscar, seja inserindo os estudantes nas empresas, no setor privado, nos aproximar das entidades públicas, das organizações não governamentais, trabalhar pela comunidade, que é para isso que estamos formando nosso profissional”, conclui.

Fonte: Portal Educadora