‘A Terra é Nossa’ foi filmado nos últimos anos e agora produtores estão fazendo arrecadações para concluir a edição.
Foto: Assessoria
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A Fajusgas Filmes, de Dois Vizinhos, está produzindo o filme ‘A Terra é Nossa’ que vai retratar a Revolta dos Posseiros. Grande parte das cenas já foram filmadas e o longa-metragem está em processo de edição. “Eu sou o idealizador do projeto, roteirista, produtor executivo, a maior parte do financiamento partiu de mim e também sou o diretor geral da produção. Agora, estamos fazendo uma junção preliminar das cenas, contratamos um rapaz, não deu certo, ele teve outros compromissos, fiz um curso e assumi a edição das imagens. Então, estou me virando no avesso para conseguir executar esse filme que eu considero o projeto da minha vida e também de muitas pessoas que se envolveram. Foram cinco domingos inteiros de filmagem, das 7h até o horário que podia tentando fazer a produção. Agora, decidi focar e tirar esse projeto do computador, essa obra tão importante para a nossa região”, resumiu Fábio Júnior Gaspar, que está encabeçando a produção.
Ele ressaltou a importância da revolta na colonização da nossa região. “Tenho certeza que o filme vai impactar muitas pessoas, que vão ‘entrar’ na história, vivenciar as atrocidades que culminaram na Revolta dos Posseiros. O pico foi em 1957, mas começou muito antes, inclusive, tivemos também revolta semelhante em Porecatu, em 1950, ações da mesma forma, sendo que a única diferença é que os colonos lá foram mortos ou expulsos da região, inclusive, com os mesmos jagunços que vieram pra cá. Eles eram contratados por dinheiro para expulsar os colonos e quando vieram para cá já tinham experiência em tortura, ameaça e pressão contra os agricultores. Nossa história seria totalmente diferente se o povo do Sudoeste não tivesse sangue na veia, aguentando o tranco, não tendo medo e indo para cima, conseguindo expulsar os jagunços e as empresas daqui”, disse o produtor.
A historiadora Sirlei Freitas Talau também participou do filme e falou sobre a obra. “Nem todos que estão hoje residindo em Dois Vizinhos conhecem essa história que começou em 1957 e ficou impregnada em muitos que viveram essa tortura. Meu pai tinha bodega e crescemos ouvindo comentários sobre esse assunto. Ela teve um final feliz e nós temos o direito e o dever de colocar isso no papel. O Paraná tem muito pouco registro de história, foi meio esquecido por escritores e a história só é história se está no papel, se tem provas sobre isso. O filme veio para mostrar que temos uma história, uma história vencedora. Quando eu trabalhava em sala de aula, eu passava o filme de revolta dos canudos e no final do filme terminava em três pessoas: um senhor, uma mulher e uma criança que falavam sobre a batalha perdida. Nossos colonos ganharam, conseguiram suas terras, continuaram no seu lugar. Houve muita matança, isso ficou escondido e esse povo, até pelo medo, se calou”, completa.
Arrecadação
A produção está buscando fundos para concluir a edição. “Muita gente fala que temos as leis Rouanet, Paulo Gustavo, Aldir Blanc, mas eu era vereador até ano passado e não quis participar desses projetos para conseguir recursos para o filme. Estamos participando do projeto Paulo Gustavo, só que nossa nota foi baixa e não ganhamos. Pela lei de incentivo, tentamos e não conseguimos. Até agora, a maior parte saiu de dinheiro meu, eu tinha um terreno, vendi para fomentar, mas conseguimos parcerias. Por exemplo, o empresário Robson Tedesco ajudou bastante, pagou a produção do projeto e outras pessoas doaram valores e fomos assim dando sequência. Agora, o projeto parte para a questão mais principal, a edição final, o orçamento que fizemos é de R$ 230 mil. Nosso diretor, André Girardi, criou arrecadações on-line no catarse e no site vakinha e estamos tendo algum resultado, mas buscamos também um produtor executivo que possa fazer o financiamento, o aporte para, futuramente, colher os frutos. Quem quiser ajudar é só procurar vaquinha ‘A Terra é Nossa’ ou nas redes sociais da Fajugas Filmes, que temos os links. Quem quiser doar pode ser via PIX no CNPJ 501252530001-60. Vamos fazer prestação de contas de todo o valor arrecadado de janeiro para cá para as pessoas saberem a movimentação financeira da empresa e se cada um fizer a doação, em breve, vamos ter recursos para a edição”, completa.
Voluntários também estão ajudando na edição. “Temos outros profissionais que estão nos ajudando e as pessoas, se confiarem, tenho certeza que vamos lançar, em breve, esse filme. A Revolta dos Posseiros é a única onde o camponês armado venceu o Estado e o nosso é o primeiro filme que vai falar sobre isso. Temos várias dissertações, textos, documentários, mas até hoje não temos filmes sobre o assunto”, conclui.
Fonte: Portal Educadora