Solução é tratada como paliativa e foi definida em reunião que aconteceu na noite de quarta-feira, 21, no centro comunitário do bairro.
Foto: Portal Educadora
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Na noite de quarta-feira, 21 de maio, aconteceu uma importante reunião no centro comunitário do Santa Luzia em Dois Vizinhos para debater sobre a frequenta falta de água que ocorre há anos no bairro e localidades próximas. O encontro teve a presença do prefeito Carlinhos Turatto, do gerente regional da Sanepar Nei Clóvis de Lima, vereadores e lideranças da comunidade. O prefeito falou sobre o problema. “Quando foi se renovar o contrato de outorga de exploração de água e esgoto do município, não se exigiu investimentos. A cidade saiu de 25, 30, para 50 mil habitantes e o sistema não vai suportar esse crescimento se não tem investimentos. Aí, quando tem água aqui, não tem no Bairro das Torres. Quando tem água aqui, não tem no Xavier, isso é uma constância, praticamente um revezamento. Eu cobro isso há algum tempo, já tive discussões fortes e agora chegou o momento em que não vivemos uma grande seca e estamos tendo falta de água, com o povo sendo humilhado. O povo chega do serviço cansado, não tem uma água para tomar, para tomar banho, as crianças não conseguem lavar roupa para ir para a escola”, reclamou.
Ele falou sobre o que está sendo buscado para a região. “Estive em Curitiba cobrando a Sanepar, com os deputados Adão Litro e Paulo Litro porque são 10 mil pessoas que residem nessa região e queremos uma solução. Isso depende de investimento, precisa de dinheiro, precisa de planejamento, organograma de investimento, então, veja bem, isso não é minha responsabilidade, mas não posso fugir de estar junto do povo, de cobrar e tomamos a decisão de instalar, no mínimo, quatro caixas de 20 mil litros cada para atender as necessidades mínimas da população nesse primeiro momento. É uma decisão paliativa, mas nesse momento precisa ser feito até que começam os investimentos para resolver de forma definitiva. Seja poço artesiano, a prefeitura tem lotes na região, já dei o xeque-mate para que se resolva e se não resolver vamos acionar o Ministério Público com o apoio de diversas lideranças para resolver esse problema”, completa.
Elizandra Carlon lembrou como iniciou a mobilização da população. “O grupo surgiu de um dia de indignação e muita raiva. Eu estava quase chorando sem saber o que fazer. Eu tinha visita em casa, uma cunhada com criança pequena, minha neta, inclusive, tinha passado por um processo de exame e não tinha água, minha caixa secou e não tinha o que fazer. Água para beber a gente compra, mas e para lavar a roupa e para os banheiros? Resolvi montar um grupo, começar a chamar as pessoas e me surpreendi porque o povo está muito revoltado, não era só eu que estava chorando dentro de casa. O povo foi abraçando, hoje já somos mais de 300 pessoas mobilizadas, mas tem muita gente indignada e não vamos parar até resolver esse problema. Eu moro no Santa Luzia há 24 anos e lembro quando minhas crianças eram pequenas, eu usava as fraldas de pano e já faltava água. Isso há 24 anos. Esse problema não é de agora, demorou demais pra gente fazer esse movimento e, como começamos, não vamos parar. Não temos nem como explicar o que a gente passa”, lamentou.
Andreana Salvador Jasinski, diretora da escola municipal Santa Luzia, ressaltou que a falta de água está gerando déficit educacional. “Apesar de termos quatro caixas d’água na escola, ficamos sem água praticamente toda sexta-feira no período da tarde. Aí temos que falar para as crianças colocar metade da garrafinha de água, não usamos descarga nos banheiros, não lavamos a quadra, pisos e outras situações. Uma cosia que nos preocupa muito em relação a escola são as mães ligando e avisando que os filhos não vão para aula porque não tem como tomar banho, não tem uniforme limpo, inclusive, já conversamos com o prefeito e vamos dispensar o uso do uniforme até regularizar essa situação. São aproximadamente 630 crianças, de 4 a 11 anos, na escola e é muito grave. Antes do grupo, fomos inúmeras vezes na Sanepar e, hoje para nós, a reunião foi de uma alegria grande e, quem sabe agora, a Sanepar perceba o nosso problema. A prefeitura, os vereadores estão do nosso lado e queremos que a Sanepar entenda que nossos bairros são formados por pessoas trabalhadoras que precisam da água, é uma questão grave que mexe até na aprendizagem das nossas crianças”, conclui.
Fonte: Portal Educadora