As comunidades de São Francisco do Bandeira, Nossa Senhora do Amparo, Santa Lúcia, Linha Beneti e São José do Canoas vão receber visitantes nas festas.
Foto: Arquivo/Portal Educadora
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Tradicionalmente, no dia 25 de julho, os colonos de Dois Vizinhos se reúnem para as Festas da Partilha, que chegam a sua 35ª edição em 2025. Neste ano, serão cinco eventos: no São Francisco do Bandeira, reúnem-se as comunidades de São Pedro do Bandeira e vizinhas de Salto do Lontra; em Nossa Senhora do Amparo, a festa abrange moradores do São Pedro dos Poloneses, Linha Marília, Linha Tartari, Linha Conrado e Boa Vista do Chopim; Santa Lúcia se unirá a São Pedro do Sul e São Valentim para sua celebração; na Linha Benetti, a festa vai reunir Jacutinga, São Luiz do Chopim, Flor da Serra e Santa Terezinha; já São José do Canoas celebrará com São Miguel do Canoas. Nos eventos, a participação não tem custo, sendo que cada agricultor leva um pouco da sua produção para dividir com os vizinhos e visitantes.
No programa Sete e Meia desta quarta-feira, 23, na Rádio Educadora FM, Itacir Albuquerque, do Nossa Senhora do Amparo, falou sobre a festa. “Nesse ano, vamos receber as demais comunidades vizinhas. Já estamos nos preparando há alguns dias, deixando tudo pronto para auxiliar quem vem comemorar esse dia do colono conosco. A gente já deixou a lenha arrumada, os tijolos para colocar as chapas, fazer os borraios, os tachos, os bambus para as barracas, a questão da água, deixamos tudo pronto para quem vem de fora”, destacou.
A recepção dos convidados começa cedo. “A partir das 7h30 já vamos estar recepcionando quem vem, montando os tachos, preparando as comidas. Às 10h, vamos ter a celebração religiosa e, nesse ano fomos agraciados, com a presença do padre Nelson Maróstica, que sempre foi um incentivador dessa festa. Ao meio-dia, temos o almoço partilhado, todo mundo prepara o alimento e partilhamos e às 16h é o encerramento. Dá tempo de voltar para as propriedades, desmontar as barracas, deixar tudo organizado para trabalhar no sábado porque não podemos ficar parado. Só reforçando para a nossa comunidade que temos famílias que não participaram, que chegaram morar há pouco tempo, mas todo mundo é convidado. Venham participar, é mais prático fazer a comida todo junto do que sozinho”, completou.
O cardápio é variado. “A comida é simples, mas sempre temos o porco no tacho, a mandioca, frango em molho ou frito, macarronada, arroz, comidas mais simples, de colono mesmo. Sempre tem também um pé de moleque, cri-cri, bolo de milho, de fubá, frutas, batata doce assada para sobremesa”, completou.
Boa Vista do Chopim
Valmir Claivic, da Boa Vista do Chopim, relembrou a história. “Nossos antepassados iniciaram essa tradição, que começou com o Aores da Silva, com o meu pai o Osmar Claivic, e outros pioneiros que sempre incentivaram as reuniões nas comunidades e não estão mais entre nós. Por isso, sempre fazemos orações por eles antes das festas começarem e estamos trabalhando para manter as tradições. Quinta, 24, à tarde já vamos armar a estrutura e, na sexta, 25, chova ou não chova, teremos grandes festas. A gente tem o privilégio de fazer a Festa do Colono no Dia do Colono, nunca muda a data e convidamos todo o pessoal para participar, ano passado tivemos festas muito bonitas, foi na Linha Conrado e não vai ser diferente dessa vez. Na igreja, domingo, 20, convidei todo mundo, falei para chamar os vizinhos, incentivar e ir porque quanto mais gente for, mais forte as festas ficam. O intuito é os agricultores participarem, comemorarem seu dia”, completou.
O dia já inicia com um brodo. “É uma tradição que criamos e o pessoal adora. Eu chego cedo, faço o brodo e o pessoal chega, vai tomando uma xícara e se animando. Muita gente das comunidades vizinhas pede o valor para ir na festa e eu sempre digo que não custa nada. Vamos levar mais alguma comida para alimentar todos e, se puder trazer algo, será bem-vindo. Teremos um dia alegre em festas que chegam a reunir 700 pessoas. A última nossa teve umas 500 pessoas, foi muito bonita”, disse.
Rafael Zonatelli, também de Boa Vista do Chopim, enfatizou a importância dos eventos. “O propósito dessa festa é sempre a partilha. Não é só a partilha do alimento, mas podermos compartilhar conversas porque, muitas vezes, deixamos de visitar um vizinho, mas vamos nos encontrar, bater um papo, tomar um chimarrão, comer um torresmo fresco, mexer com os tachos e curtir um dia diferente. É uma tradição da partilha, uma divindade, Deus nos deu o alimento e temos que partilhar com os outros. As novas gerações já estão se acostumando, ajudando, vamos montando as barracas, organizando e convidamos o pessoal que é do campo, do interior, que nos ajude, que participe. Vamos cultuar nossa tradição, convidar o vizinho, levar um pouco de cada que no fim sempre temos bastante alimento, colocar as fofoca em dia, conversar com o vizinho, o vizinho de comunidade, abraçar, tirar sarro, manter essa tradição bonita e que Deus nos abençoe com um dia bonito para que a gente fique bem aconchegado e curta a festa”, conclui.
Fonte: Portal Educadora