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Dona Helena deixou o comércio e casarão está sendo destruído

Ela chegou em Dois Vizinhos em 1964 e teve bar, mercearia e comércio de fios e lãs sempre no mesmo espaço na cidade Sul.

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  • 28 de Julho de 2025
  • Foto: Portal Educadora

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Quem trafega pelo Centro Sul de Dois Vizinhos percebeu que, nos últimos dias, o antigo casarão da Dona Helena (na esquina da Avenida Presidente Kennedy com a Rua Paraná) começou a ser destruído. A empresária, que no local já teve bar, mercearia e comércio de fios e lãs, vendeu o terreno e, agora, com 84 anos, vai curtir a aposentadoria. “Nós compramos aquela casa construída ali na esquina do Ítalo, do lado da panificadora. Quando o posto mudou para aquela esquina, não era o Bianco ainda, o Honorato Cechin, que era nosso vizinho e era dono do lote, ele falou: João, o posto vai mudar e se você quer acompanhar o posto, eu tenho o lote em frente ao posto para vender. Quero R$ 1 mil. Aquele tempo acho que era 1 mil cruzeiros, sei lá. Compramos o lote e levamos a casa inteira em cima de umas rodas para lá. Essa mesma casa. Tinha o Perin que era técnico em levar as casas. Depois de um ano, a gente ergueu e fizemos o porão de alvenaria. A mesma casa”, disse Maria Helena Fernandes Costa, a Dona Helena, em participação no Programa Sete e Meia.

Ela começou, com o esposo, João (em memória), como bar, se tornou uma mercearia e agora, nos últimos anos, vendia fios e lãs. “Quando chegamos ali, era puro chão aquelas ruas. Dava uma semana de chuva, a casa era baixinha, o assoalho do bar era de madeira e quando ia lavar tinha que rapar o assoalho com uma enxada, ficava alto de barro, depois a gente lavava. O calçamento veio bem depois, nem lembro em que ano. A calçada a gente que fez em toda a esquina. Eu pintei aquela calçada três vezes”, completou.

A filha, Diva Matievicz, destacou que a mãe ficou muito conhecida na cidade. “Minha mãe brinca que ela é mais conhecida que erva ruim. Quando a gente chega nos locais e as pessoas, às vezes, não a reconhecem, mas quando falamos que é a Dona Helena que tinha um mercadinho, todo mundo lembra. Por muito tempo, os mercados não abriam sábado à noite e domingos e a Dona Helena sempre era o quebra-galho. O pessoal lembra até hoje. A gente ouve esses relatos quase todos os dias e encontramos muitas pessoas que conviveram conosco”, explica.

Além do comércio, Dona Helena foi reconhecida como benzedeira. “Teve vários casos de pessoas com ‘rendidura’ que benzi no carro, no outro dia voltava sozinho, bem bom. Isso foi um dom que Deus me deu. Apliquei muita injeção também, a dona maria Marafon eu ia de seis em seis horas para fazer injeção para ajudar ela”.

História

Nascida em Erechim (RS) em 22 de agosto de 1940, Dona Helena, cujo nome de batismo é Maria Helena Fernandes Costa, tem um papel muito marcante na história de Dois Vizinhos. Sua jornada com a família começou em 1962, com a chegada a São Roque. Posteriormente, residiram na Linha Benetti e, em 1964, fixaram-se na cidade sul de nossa cidade, onde atualmente se encontra o Posto Delta - em frente ao Supermercado Ítalo. Dona Helena, ao lado de seu esposo João Costa (em memória), trouxe seus três filhos – Diva, João Felipe (em memória) e Vicente Sérgio – de Faxinal dos Guedes para Dois Vizinhos. Na nova cidade, a família cresceu com o nascimento de Jorge Paulo (em memória) e Neide. Ao longo das décadas, Dona Helena empreendeu e marcou presença na vida econômica da cidade. Sua casa de madeira foi por muitos anos um ponto de referência. Esta casa, com sua arquitetura tradicional, fez parte da paisagem urbana e da recepção visual para quem chegava a Dois Vizinhos. A recente venda e demolição do imóvel despertou emoção na comunidade, que testemunha a transformação de um espaço com profundo valor histórico e afetivo.

Dona Helena falou sobre como chegou em Dois Vizinhos. “Eu tinha uma irmã minha que morava aqui, que era casada com o falecido Agenor Azevedo, os filhos estão aqui ainda, aí eles iam passear para lá, no Rio Grande, e nos interessamos em vir para o Paraná. Carregamos a mudança, chegamos no São Roque, ficamos ali 1 ano e 10 meses, a gente tinha salão de baile, bar, fizemos 10 bailes lá, era dos Bonato, deu uns bailões, um melhor que o outro. A Igreja era próxima, só subir e a gente ia no terço. Missa era difícil. Meu pai tinha loja e salão de baile. Meio dia eu ia na escola e o outro período a gente ajudava na loja. Ele vendia tecidos, calçados, ferramentas e alimentos também. Os quilos eram pesados na mão, quilo por quilo, embrulhava e eu me criei ajudando, sempre gostei do comércio”, comentou.

Ela conheceu o marido em Faxinal dos Guedes. “Meu pai era gerente de uma serraria e meu marido era motorista de caminhão da empresa. Conheci ele e a gente casou. Três filhos nasceram lã (Diva, João Felipe e o Vicente) e daí viemos para cá e tivemos o Jorge Paulo e a Neide. Chegamos em Dois Vizinhos no dia 15 de agosto de 1964. Dá 61 anos. Em São Roque foi em 1962, moramos na Linha Benetti 6 meses também”, conclui.

Fonte: Portal Educadora