O governo do Paraná decidiu mudar as regras do fundo rotativo da Polícia Civil depois das denúncias sobre delegacias fantasmas no estado.
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O governo do Paraná decidiu mudar as regras do fundo rotativo da Polícia Civil depois das denúncias sobre delegacias fantasmas no estado. Em reunião extraordinária ontem à tarde no Palácio Iguaçu, o governador Beto Richa (PSDB) tratou do assunto com a cúpula das polícias Civil e Militar.
Uma resolução da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) passará a gestão do fundo para 27 delegados-chefes de divisões e subdivisões policiais, uma espécie de regionais administrativas da Polícia Civil no estado. Hoje, cada delegado responsável por uma delegacia gere o dinheiro do fundo.
Richa determinou que a Corregedoria da Polícia Civil investigue as denúncias. Após a reunião, o secretário estadual de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César Sobrinho, o delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinicius Michelotto, e o diretor do Grupo Auxiliar Financeiro (GAF), Pedro Reichembak Brito, afirmaram que o governo já estudava mudanças na administração do fundo rotativo. Essas mudanças, segundo o secretário, vão melhorar a fiscalização.
O governo deve publicar hoje no Diário Oficial do Estado a resolução que coloca a mudança em prática.
Entre tantos exemplos, a reportagem expôs o caso de Cruzeiro do Sul, cuja delegacia está fechada há seis anos e ainda recebe dinheiro do fundo rotativo da Polícia Civil: R$ 75.635 nos últimos oito anos.
Em nota oficial, o governo diz que o atendimento na cidade é feito pelo delegado gestor da regional de Paranacity, com uma viatura Parati, ano 2001, placa AJZ-8162. “Portanto, a verba destinada ao município é para combustível para esta viatura e outras despesas”, diz a nota. O governo só não explica quais são as “outras despesas”, já que a unidade está fechada.
No entanto, se os gastos em Cruzeiro do Sul forem apenas com combustível, os R$ 11.050,00 repassados no ano passado dariam 4.420 litros de gasolina, a um custo de R$ 2,50 o litro. A uma média de 8 km rodados por litro, se chegaria a 35.360 km no ano, média de 97 km por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. O curioso é que Cruzeiro do Sul fica a apenas 10 quilômetros de Paranacity e entre 2008 e 2010 não houve um inquérito sequer instaurado na cidade.
Para justificar o combustível que seria destinado ao Kadett 1993 fora de circulação em Nova Santa Rosa, o governo alega que a cota não é por viatura, mas por unidade policial.
O atendimento no município, segundo a nota, vem sendo feito pela regional de Marechal Cândido Rondon com um Fiat Elba, placa ADV-0476, sob responsabilidade de um delegado designado pela subdivisão de Toledo.
Esse veículo usa a cota mensal de combustível da delegacia de Nova Santa Rosa. Nesse caso, os R$ 14.300,00 destinados à unidade só no ano passado dariam 5.720 litros de gasolina, suficientes para rodar 45.760 km, o equivalente a mais de uma volta inteira ao redor da Terra.