Seminário alerta para o futuro do leite no Sudoeste.

A iniciativa foi da UTFPR, campus Pato Branco, em parceria com o Centro Mesorregional de Excelência em Tecnologia do Leite - Sudoeste e a Universidade de Pádova.

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  • 09 de Julho de 2012
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O que será dos produtores de leite de hoje na região Sudoeste do Paraná daqui a 30 anos? A resposta nem mesmo o mais audacioso dos profissionais do setor arriscaria afirmar, mas dá para ter uma ideia quando se tem uma região com características próximas para comparar e que viveu a nossa realidade há muitos anos. É essa experiência que traz professores da Universidade de Pádova, na região do Vêneto, na Itália, para o Sudoeste.

Na semana passada, eles estiveram palestrando no anfiteatro da UTFPR, campus de Pato Branco, durante o Seminário Internacional sobre a Cadeia Leiteira Paraná - Brasil & Vêneto - Itália, que iniciou segunda-feira e encerrou sexta. Em pauta justamente o que se pode aproveitar do conhecimento daquela região para contribuir com a nossa.

A iniciativa foi da UTFPR, campus Pato Branco, em parceria com o Centro Mesorregional de Excelência em Tecnologia do Leite - Sudoeste e a Universidade de Pádova. As visitas dos professores pesquisadores iniciou em 2010, através da Agência de Desenvolvimento Regional e entidades regionais, e avança etapas a cada ano.

Entre os pesquisados que palestraram, destaque para o que disse o professor Giuseppe Pellegrini, da Universidade de Pádova, em Vêneto, que chamou atenção para a necessidade de profissionalismo no leite e de primar pela qualidade.

Com ajuda da professora mestre em Ciência da Tecnologia de Alimento Simone Beux, que domina o italiano, Giuaseppe lembrou das semelhanças entre as regiões até porque conheceu 25 propriedades no Sudoeste quando aqui esteve em 2010.

Ele observou que o nosso maior problema é a falta de políticas públicas definidas para apoiar o setor, principalmente os pequenos produtores.

Segundo o pesquisador, se não tiver incentivos em informação, tecnologia e subsídios em recursos, “só vão ficar os grandes produtores”. Giuseppe recomenda que os produtores sejam audaciosos, inovadores e organizados para conseguirem se manter no mercado.

A sua fala foi ratificada pela coordenadora do curso de Agronomia da UTFPR, Marlene Ferronatto: "É preciso maior envolvimento da comunidade e do Estado para uma questão tão importante que envolve a renda de muitas famílias na região. Temos que pensar no futuro antes que ele chegue".

Outro fator que o professor chama atenção é para a qualidade do leite, e que os governos precisam estar mais envolvidos para ajudar a cobrar essa qualidade para poder garantir um melhor preço.

Como o índice de produtividade está aumentando de forma muito rápida, o professor alerta para o excesso de oferta no mercado e a falta de um produto de qualidade, como o queijo.

Na sua interpretação, é preciso melhorar a qualidade agora para que se tenha a possibilidade de produzir um queijo que garanta um preço justo no período de crise.

Ele lembra que em 1920 existiam na região de Vêneto mais de 300 laticínios, mas que em 2012 esse número caiu para 10, e o número de produtores também seguiu a queda. Aqui pode acontecer a mesma coisa, embora a realidade de hoje seja outra.

O evento ganhou ares de internacional com a presença de palestrantes italianos e teve como público-alvo professores, alunos de pós-graduação e graduação, extensionistas, pesquisadores, produtores e profissionais envolvidos na cadeia leiteira de outras regiões. A língua não foi problema, pois foram distribuídos fones de ouvido com tradutor simultâneo, além de haver facilidade no entendimento do italiano.