Operação São Jorge é encerrada sem encontrar a onça, mas constata irregularidades em fazendas.

Foi identificado um número considerável de produtores rurais que faz o descarte irregular de carcaças de bezerros machos recém nascidos.

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  • 01 de Agosto de 2012
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A Operação São Jorge - desenvolvida por técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Prefeitura Municipal e policiais da Força Verde - encerrou suas atividades no dia 24 de julho e, apesar de não conseguir capturar a onça parda que matou a idosa Joana Luzza Bordin, 86 anos, no dia 27 de junho, fez um amplo trabalho de educação ambiental e conseguiu identificar o que está atraindo animais carnívoros na localidade.

A coordenadora do Núcleo de Fauna do Ibama no Paraná, Eunice de Souza, diz que foi identificado um número considerável de produtores rurais que faz o descarte irregular de carcaças de bezerros machos recém nascidos. Os animais não têm utilidade para as propriedades produtoras de leite e, na maioria das vezes, são mortos e jogados na natureza sem serem enterrados, contribuindo para atrair predadores (como a onça parda, gato do mato, graxaim) e carniceiros (urubus). "É uma somatória de fatores, mas essa comida farta, com descarte de bezerros; suínos que são carneados pelos produtores, jogando os restos nos fundos das propriedades, estavam atraindo animais carnívoros para perto das pessoas."

A representante do Ibama afirma que, além disso, ficou constatado que há retirada de madeira e caça por parte dos moradores do município, fatores que afugentam as presas naturais da onça parda. "Com relação a caça, não é aquela caça esportiva, porém existe um número razoável de caçadores. Eles acabam abatendo as presas de felinos como a puma e provocando um desequilíbrio, levando os predadores para o mesmo território dos humanos", conta. Eunice destacou que é imprescindível que os moradores modifiquem estes hábitos, inclusive, para prevenção de doenças.

De acordo com ela, o descarte de carcaças de animais nas fazendas é um assunto sério que deve ser encarado com responsabilidade pelo produtor. A carcaça do animal pode conter doenças que contaminam o meio ambiente, rios e o solo, além de causarem problemas de saúde humana. O descarte correto deve ser feito em uma cova com, pelo menos, um metro de profundidade com cobertura de terra em um local plano e longe de lagos ou rios e é recomendado que seja feita a queima total da carcaça, dentro do próprio buraco, ou, cavar uma cova profunda, de pelo menos 2 metros, e enterrar. Esta é maneira mais correta para descartar as carcaças de animais.

Eunice diz que os bezerros machos poderiam ser utilizados para produção de vitelo, que é uma carne nobre e muito apreciada em algumas localidades, ou engorda para produção de carnes. "

Conforme disse, a equipe encontrou indícios muito fortes de que a onça parda vivia próxima das propriedades, como fezes recentes, pegadas frescas e o local onde ela dormia.

A técnica do Ibama reforça que não há motivo para abate indiscriminado de animais silvestres, basta mudar algumas atitudes para restabelecer o equilíbrio.