Caso as 51 obras prioritárias listadas no Projeto Sul Competitivo saiam do papel, a previsão é de uma economia anual de R$ 3,4 bilhões a partir de 2020.
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Duas semanas após o governo federal lançar um pacote de concessões de infraestrutura de R$ 133 bilhões, o setor industrial dos três estados do Sul apresentou ontem em Brasília, um extenso documento com propostas para reduzir o custo de transporte na região. Esse custo foi de R$ 30,7 bilhões em 2010, o equivalente a 5,7% do PIB da região.
Caso as 51 obras prioritárias listadas no Projeto Sul Competitivo saiam do papel, a previsão é de uma economia anual de R$ 3,4 bilhões a partir de 2020.
O estudo, feito pela consultoria Macrologística, foi encomendado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e pelas federações industriais da região sul - Fiep, Fiesc e Fiergs.
O dossiê levou um ano para ser feito, tem 2 mil páginas e contou com a participação de 22 profissionais. Mais de 180 pessoas de associações produtivas, empresas, sindicatos, governos e de todos os países do Mercosul e o Chile foram entrevistadas.
Segundo os autores, além de visar o aumento da competitividade dos três estados, o estudo também levou em conta o fluxo elevado de produtos que não são produzidos nem consumidos na região, mas que passam por aqui.
A primeira fase do projeto mapeou as 18 principais cadeias produtivas dos três estados. O levantamento identificou como é a situação atual do consumo interno e da exportação de cada um dos 61 produtos dessas 18 cadeias e previu como será a demanda nesses dois mercados em 2020.
Ao cruzar a demanda por infraestrutura gerada pelas cadeias produtivas com a oferta logística disponível atualmente, o levantamento identificou os principais gargalos de transporte da região.
O maior deles, por exemplo, é a BR-116 entre Curitiba e São Paulo, que está operando 307% acima de sua capacidade.
A segunda parte do projeto, propositiva, identificou oito eixos logísticos da região que devem ser priorizados como investimento.
O cálculo para a definição da lista de projetos foi feito com a análise do retorno sobre o investimento e do impacto socioambiental das obras para a melhoria ou a implementação dos eixos. Ao todo, 51 obras associadas a esses eixos foram selecionadas como prioritárias. Somadas, elas têm um custo de R$ 15,2 bilhões. Do total, 26 estão no Paraná. O maior número de obras no estado se deve principalmente ao Porto de Paranaguá, que concentra 10 projetos.
Entre os eixos, cinco já existem e precisariam de melhorias (BR-116 POA-SP; BR-101 Caxias-SP; BR 285 Passo Fundo - Imbituba; BR-282/280 São Miguel - São Francisco do Sul; e Rodo Buenos Aires-SP, via São Borja) e três precisariam ser desenvolvidos (Ferrovia Norte-Sul; Ferroeste Guaíra-S.Fco.Sul-Paranaguá, via Anel; BR-487/376/277 Boiadeira, de Porto Camargo a Paranaguá).
Para a indústria, a maior diferença do estudo com o projeto de concessões do governo é que ao plano de Brasília não possui visão sistêmica.
A CNI agora propõe a criação de uma força tarefa, envolvendo o governo federal e parlamentares, para colocar o Sul Competitivo em prática. A proposta é que as obras sejam financiadas com recursos públicos e também com parcerias público-privada. No governo federal, é bem provável que o plano seja acatado pelo Ministério da Integração Nacional, que foi o responsável por tocar o projeto Norte Competitivo, plano semelhante ao do Sul, mas focado nos estados da região amazônica.