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Suspeita de compra de votos em Nova Prata do Iguaçu.

O crime teria sido praticado pela coligação "Construindo o Futuro", do prefeito eleito, Adroaldo Hoffelder, conhecido como Sassa.

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  • 21 de Novembro de 2012
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Pelo menos cinco eleitores de Nova Prata do Iguaçu, na região Sudoeste, realizaram denúncias de possíveis compras de votos ao Ministério Público Estadual (MPE), nos últimos 30 dias. O crime teria sido praticado pela coligação "Construindo o Futuro", do prefeito eleito, Adroaldo Hoffelder, conhecido como Sassa.

Uma das denunciantes, a professora municipal Cleide Aparecida de Araújo, procurou o MP no dia 23 de outubro. A mulher relatou que um dia antes da eleição dois cabos eleitorais do candidato da coligação "Construindo o Futuro" foram até a casa dela. "Entrou em minha residência e me ofereceu R$ 5.000 (cinco mil reais) para que toda minha família votasse no candidato ‘Sassa; até hoje esse cheque não foi descontado [...] meu marido, que estava em casa, presenciou a oferta", afirma

Cleide aceitou a oferta, mas afirma não ter votado no candidato a prefeito. Ela relata que "naquela data eles não entregaram dinheiro ou cheque algum, apenas preencheram o cheque e anotaram o número do mesmo em um papel, sendo que, se o ‘Sassa ganhasse a eleição, na primeira segunda-feira após a votação eles entregariam o cheque, o que realmente ocorreu". Um dos cabos eleitorais, segundo a denunciante, teria levado o cheque para a professora no dia 08 de outubro, às 09h, e pediu para que fosse compensado no dia 20 do mesmo mês.

A professora, que há 23 anos trabalha no Município, denunciou ainda que o cabo eleitoral teria ofertado, além do dinheiro, "mais um turno de aula como professora da Prefeitura Municipal".

Ela disse ao promotor Felipe José Gehr que "o candidato a vereador conhecido como Pascoalon, ofereceu mil reais pelos votos da casa, sendo que este efetuou o pagamento de quinhentos reais em dinheiro e prometendo 500 reais após ser eleito; promessa que não cumpriu".

De acordo com Cleide, a tentativa de compra de voto foi uma surpresa. "Até hoje não cabe na minha cabeça que eles vieram aqui comprar meu voto. De tanto que eu falei que não votaria no candidato deles e, mesmo assim, eles virem aqui comprar o voto. Não sei se eles estavam desesperados, achando que eu venderia mesmo", disse, por telefone.

A professora afirma que procurou o Ministério Público para que a Justiça seja feita. "Eu não quero esse dinheiro sujo. Sempre ganhei dinheiro trabalhando. Da lavoura até a sala de aula sei fazer tudo. Não fiz isso para me aparecer, para ajudar alguém, fiz isso para mostrar que compra de votos é crime e precisa de punição", explica a professora.

A reportagem da CGN Cascavel entrou em contato ainda com outras duas pessoas que denunciaram possível compra de votos ao Ministério Público. Um dos casos envolveu a filha de 17 anos de Neuza da Silva Vieira. A adolescente teria sido procurada pela Coligação "Construindo o Futuro", que ofereceu materiais de construção em troca do voto. "Deram tijolo, areia, cimento e telha", conta Neuza.

A garota mora em uma casa no mesmo terreno que a mãe. Segundo Neuza, ela usou os materiais para construir um banheiro na casa. A mãe explica que resolveu procurar o Ministério Público logo que ficou sabendo do caso. "Não é justo. Não é justo compra de voto e é crime", afirma a dona de casa, que diz ser filiada ao PT (Partido dos Trabalhadores).

O caso do pedreiro Vanderlei Vieira foi ainda mais grave. Ele diz ter sido ameaçado por um vereador eleito que não teria cumprido com o combinado. "Eu tinha uma conta no mercado dele [Vanderlei Orben]. Três semanas antes da eleição, ele pegou os canhotos e falou que se eu votasse nele e no Sassa, ele quitava minha dívida de R$ 1.131. Passaram as eleições, ele se elegeu e veio me cobrar. Me humilhou bastante e disse que se eu não pagasse, ele ia enfiar o revólver na minha boca, porque eu não tinha votado nele", relata.

O homem também levou o caso ao Ministério Público Estadual e registrou ainda um Boletim de Ocorrência. De acordo com Vanderlei, ele chegou a receber pressão para não denunciar o caso. "Agora espero que alguma coisa seja feita. Não tem como ficar assim. Ele me ameaçou de morte", afirma o pedreiro.

O prefeito eleito Adroaldo Hoffelder (PMDB), conhecido como Sassa, foi contactado via telefone, mas não atendeu a ligação. Na casa de um parente a reportagem foi informada que ele está em Brasília e volta hoje para a Nova Prata do Iguaçu.