Gilmar já cortou a barba, o cabelo, e recebeu roupas e calçados.
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A Defensoria Pública do Paraná comunicou que está estudando a possibilidade de pedir um exame de sanidade mental para Gilmar Reolon, 48, réu confesso da morte do pai, Otávio Reolon, 65 anos (maio de 2009), da família: esposa, Gema Casanova Reolon, 41, seus filhos Gian Lucas, 9, e Gissele Indianara, 14, e a sogra Petronília Strosmovski Casanova, 84 anos (janeiro de 2010); e também da adolescente Idiamara Pereira dos Santos, 13 anos (fevereiro de 2010).
Reolon foi preso na sexta-feira, dia 11, escondido em um mato perto da entrada para a comunidade do Divisor, interior de Francisco Beltrão. Ele estava foragido da justiça havia três anos.
Quando o cidadão não tem dinheiro para pagar um advogado, é obrigação do Estado oferecer serviço de assistência jurídica. Willian Benini, assessor jurídico da Defensoria Pública do Paraná, afirma que, no interrogatório para a autoridade policial, Gilmar Reolon se reporta muito às surras que levou do pai na infância.
“Ele retrata precisamente que desde os 15 anos não chorava mais quando apanhava.” Para Willian, isso é um indicativo de ter sofrido no passado algum distúrbio de ordem emocional, do qual pode ter evoluído para um quadro psicopatológico de maior ou menor grau. Benini diz que só um exame de sanidade mental poderá avaliar algum eventual distúrbio.
De acordo com ele, no seu interrogatório Gilmar retrata com um ânimo calmo o modo em que praticou os crimes, sem esboçar nenhuma emoção, bem como o tempo em que passou solitário, na mata, longe da civilização. O que, também, são indicativos de certa anormalidade atual.
Benini explica que cabe à autoridade policial, o Ministério Público, o assistente de acusação, à defesa, os irmãos, fazer, no interesse público, o pedido sobre a insanidade mental de Gilmar Reolon. “A Defensoria Pública do Paraná entende que há elementos fáticos suficientes que revelam uma dúvida razoável quanto à sanidade mental de Gilmar.”
Se a Justiça aceitar o pedido, Gilmar deverá ser examinado no hospital de custódia em Curitiba. A avaliação é realizada por dois psiquiatras forenses.
Comprovando a insanidade mental do acusado, posterior ou anterior aos fatos, o juiz poderá não receber a denúncia do Ministério Público e determinar a medida de segurança, que é a internação. O prazo, neste caso, irá durar enquanto não cessar a periculosidade do indivíduo. Ele, então, será transferido para o centro médico penitenciário em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba, onde permanecerá internado.
A periculosidade passa a ser avaliada periodicamente através de perícia médica. Se já existisse uma ação penal em andamento, o juiz (na hipótese de considerar um exame de sanidade mental) teria que suspender o processo até o acusado estar devidamente reabilitado, em nome da ampla defesa.
Gilmar Reolon está na delegacia de Francisco Beltrão. Ele permanece recluso no Setor de Carceragem da 19ª SDP (Secat) desde a última sexta-feira, dia 11. Ele está preso em uma cela com mais cinco pessoas e, segundo informações das autoridades policiais, seu relacionamento é tranquilo com os demais companheiros. Gilmar já cortou a barba, o cabelo, e recebeu roupas e calçados.