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O assédio para compras na China é constante. Pelas ruas existem todos os tipos de vendedores, que chamamos de camelôs ou ambulantes, oferecendo roupas, calçados, relógios, celulares, baterias de celulares, filmes, bolsas, porcelanas, guarda-chuvas, comidas, frutas, animais vivos para cozinhar, como galinha, tartaruga, cobra, pato e mais uma infinidade de produtos. Nestes casos, exceto pela comida, são todos produtos piratas. Mas a falsificação é, de certo ponto, muito boa. Há bolsas perfeitamente similares aos produtos originais. Sempre me perguntei se há algum tipo de fiscalização sobre tantos vendedores de rua, e há! Mas raramente acontece com a pirataria. Já presenciei algumas vezes que os vendedores de churrasquinhos na rua estão fazendo algo proibido. A polícia chega de repente e os chineses que estão "assando" peixe, tofu, ostras e galinha para vender a quem passa na rua arregalam os olhos e saem correndo levando tudo o que puderem para que não sejam pegos. Essa polícia joga toda a comida no chão, derrubando as incandescentes chapas e depois carrega um caminhão com várias apreendidas. Não vi prenderem ninguém. Deixam esse povo sem o meio de sobrevivência e vão embora, "fiscalizar" outra esquina. Para explicar o porquê das esquinas, ruas e passarelas de pedestres lotadas de vendedores de rua é preciso entender outro grande aspecto da cultura chinesa. Esse aspecto mais uma vez tem tudo a ver com a gigante população que vive aqui e a falta de emprego. Nós, no Brasil, quando vamos a alguma praça de alimentação, depois de comer, levamos as próprias bandejas para o lixo, não é? Aqui isso é um insulto para o funcionário contratado só para esse fim. São tantos empregos necessários que aqui é permitido sujar o chão e colar adesivos promocionais nas paredes e nos pontos públicos, porque assim é mais um emprego a ser dado, o da pessoa que vai limpar! Por isso, mesmo sendo ilegal, o governo parece fechar os olhos com as vendas "proibidas" dos ambulantes, são milhões de pessoas que estão desocupadas e que procuram uma maneira de se sustentar. Elas compram os produtos nos pontos de grande volume de venda, que aqui em Shenzhen se chama Dong Mén, e revendem em outros locais. Nesse caso, a pechincha é quase irresistível. Outro local de grande assédio de vendas é a televisão. Neste meio aparecem os mais inusitados produtos. Pulseira magnética que faz tudo, dá vigor e te deixa feliz. Refrigerante com sabor de cerveja. Cigarro com cheiro bom e que deixa a casa em harmonia. Bombinhas para parar de fumar. Joias, celulares, bolsas com formatos diferentes e panelas que ocupam um grande espaço no ar. As partes dos comerciais de estética são hilários. Vendem os mais incríveis produtos, como: Chá para aumentar o tamanho do peito, soutian que vem com uma bombinha e o peito da mulher triplica (nada confortável), Cintas que fazem milagres porque "levam a gordura da barriga para os seios". Cuecas que aumentam os músculos do homem e corrigem a postura. Uma sauna de plástico que você pode usar onde quiser em casa. É uma armação que a pessoa senta num banquinho e se enrola no plástico e com um sistema de aquecimento (muito duvidoso) faz a sauna te aquecer do pescoço para baixo com promessas absurdas de emagrecimento e bem estar. Só assistindo daqui! A melhor comédia chinesa que já vi, e a cada dia esses produtos Made in China me surpreendem mais e mais. Só não consegui encontrar meios de depilação e um bom vinho. O resto, na China, tem! Renata F. Pagnoncelli - Jornalista