Mais de duas mil pessoas dependem economicamente da Araupel em Quedas do Iguaçu, seja direta ou indiretamente. A empresa injeta cerca de R$ 50 milhões no município todos os anos
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Não houve negociações entre o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e a Araupel, empresa com unidade em Quedas do Iguaçu e que detém o título de maior exportadora brasileira de molduras, painéis, lambris e componentes de janelas e móveis.
Cerca de 3 mil famílias do movimento invadiram no dia 17 de julho 206 hectares da área de produção da empresa. Eles alegam que a área é utilizada para o reflorestamento e, na opinião deles, deveria ser um terreno para o plantio de alimentos.
Na reunião de ontem, dia 23, em Laranjeiras do Sul, o Incra ofereceu um terreno em Porecatu, entre Londrina e Maringá, no Norte do Paraná, para que elas sejam remanejadas. Mas os sem-terra não aceitaram a oferta, eles querem 30 alqueires para ocupação das famílias.
Uma nova reunião acontece na próxima terça-feira, dia 29, para continuar as negociações entre Incra, Araupel e Polícia Militar. Enquanto isso, a área invadida segue cercada pela polícia e a empresa não pode trabalhar neste local.
Mais de duas mil pessoas dependem economicamente da Araupel em Quedas do Iguaçu, seja direta ou indiretamente. A empresa injeta cerca de R$ 50 milhões no município todos os anos. Sem contar que quatro cidades sudoestinas também têm trabalhadores empregados na produção de madeira.
"A Araupel, juntamente com a comunidade de Quedas do Iguaçu, acredita no direito constitucional brasileiro e buscará de todas as formas reaver sua propriedade privada para dar continuidade as atividades que contribuem significativamente com a economia do Estado do Paraná", escreveu a assessoria de imprensa da empresa, por meio das redes sociais.
Os conflitos entre Araupel e o MST começaram há cerca de 18 anos, quando houve a primeira ocupação. De lá para cá, as família já ocuparam um total de 52 mil hectares da área de produção, que hoje funciona em apenas 18 mil hectares.
Os 206 hectares invadidos na semana passada correspondem à área mais produtiva da empresa, onde se encontram os troncos prontos para o corte.
O maquinário florestal, que se encontrava na área invadida no dia 17, foi devolvido pelos sem-terra dois dias depois. Estima-se que o valor em madeira em cima deste pedaço de terra seja em torno de R$ 18 milhões.