Sem-Terra Prometem Intensificar Ocupações

Segundo a assessoria de imprensa da Araupel, a manifestação dos acampados logo após o resultado das eleições foi assustadora

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  • 30 de Outubro de 2014
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Mais de 1,4 mil famílias permanecem acampadas nas áreas produtivas da fazenda Araupel, em Rio Bonito do Iguaçu. Logo após a definição do segundo turno das eleições, no último domingo, as mobilizações do grupo ligado ao MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) se intensificaram, principalmente na praça central de Quedas do Iguaçu e no espaço pertencente à madeireira.
Segundo a assessoria de imprensa da Araupel, a manifestação dos acampados logo após o resultado das eleições foi assustadora. Gritos como "Agora a Araupel é nossa" foram ouvidos pelos moradores durante as comemorações da reeleição de Dilma Rousseff (PT). Os dias seguintes foram ainda mais conturbados, já que na terça-feira logo pela manhã o grupo fechou as vias de acesso à empresa, além de apreenderem maquinários, impedindo que os serviços fossem executados pelos funcionários. A assessoria ainda informou que a partir deste momento os sem-terra não querem apenas os hectares que já foram invadidos, mas sim, toda a fábrica.
Nas últimas décadas, a Araupel cedeu 51 mil hectares à reforma agrária, o que impediu que novos investimentos fossem realizados no município, que há mais de 40 anos fortalece sua economia baseada na produtividade da empresa. Após a quarta invasão, ocorrida em julho deste ano, outros 33 mil hectares são ameaçados. Neste local são mantidas áreas de reflorestamento e árvores que há anos são cultivadas até que alcancem a maturação necessária para a sua comercialização.

Invasões em 2015

A promessa de intensificar as ocupações em todo o território nacional foi confirmada após a publicação de uma reportagem na segunda-feira (27) na página oficial do MST. O texto mostra a avaliação do coordenador nacional do Movimento, Gilmar Mauro. Segundo ele, o esgotamento do modelo de crescimento em que "trabalhadores e patrões ganham" e a composição mais conservadora do Congresso recém-eleito, onde a bancada ruralista contará com 273 deputados e senadores a partir de janeiro (33% mais que na legislatura anterior), deve estimular a atuação dos movimentos sociais. "O próximo governo terá de escolher quem vai sair perdendo, e nós precisamos lutar para que não sejam os trabalhadores", diz.
A reportagem de O Paraná procurou o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para esclarecimentos sobre o estudo dominial das terras da Araupel, considerado o principal embate entre a empresa e o MST. O Movimento garante que a área em que as famílias estão acampadas é da União, opinião divergente dos diretores da madeireira. Entretanto, o superintendente do Instituto, Nilton Bezerra, não foi encontrado.

MST emite nota pública sobre confusão nas áreas da Araupel

A direção estadual do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), de Rio Bonito do Iguaçu, veio a público esclarecer que, diante das informações veiculadas por alguns meios de comunicação da cidade de Quedas do Iguaçu, afirmando que a partir do dia 29 de outubro o governador reeleito, Beto Richa (PSDB), já havia assinado a ordem de despejo do Acampamento Herdeiros da Terra de 1º de Maio, diante desses fatos tomou-se os seguintes encaminhamentos. Dentre as explicações dadas pelo Movimento, afirma-se que as famílias assentadas e acampadas decidiram reforçar a vigilância próxima ao acampamento, tendo em vista a garantia da segurança de todos. "Além disso, acreditamos que o acordo selado entre o Incra, Secretaria de Segurança Pública do Paraná e o MST será cumprido, visto que este acordo garante que as famílias permanecerão na área até o levantamento da cadeia dominial da propriedade, que se diz da Araupel. Neste acordo a empresa pode trabalhar normalmente e retirar a madeira que possui", relata a assessoria.
O MST divulgou ainda que as famílias acampadas acreditam que o Incra, o governo do Estado e demais órgãos responsáveis resolverão a questão sem conflitos, com base no diálogo, garantindo que todos possam ser assentados. "Por fim, a reforma agrária é uma questão social e não deve ser tratada como caso de polícia", conclui.

Fonte: O Paraná