O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o ex-presidente Lula concedeu poder ao senador Fernando Collor na BR Distribuidora, em troca de apoio ao governo no Congresso. Para Janot, uma organização criminosa foi criada dentro da BR para desviar recursos públicos.
O trecho em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é citado faz parte da denúncia contra o deputado federal pelo PT de Mato Grosso do Sul, Vander Loubet. Ele foi denunciado no fim do ano passado. As informações foram divulgadas pelos jornais Folha de São Paulo e O Globo e confirmadas pela TV Globo.
Janot afirma que em troca de apoio à base governista no Congresso, Fernando Collor de Mello, senador pelo PTB de Alagoas, obteve do então presidente da República "ascendência" sobre a Petrobras Distribuidora.
Segundo o procurador, Collor nomeou os responsáveis pela diretoria da rede de postos de serviços, Luis Claudio Caseira Sanches, e pela diretoria de operações e logística, José Zonis. Essas diretorias serviriam de base para o pagamento de propina a Collor.
Janot também afirmou que quando parte da BR foi entregue ao senador Collor, a presidência era ocupada por Lula, do PT, e que por isso outra parte da estatal foi reservada ao Partido dos Trabalhadores, que fez duas indicações. Uma delas, a de Nestor Cerveró, para a diretoria financeira da empresa.
Na delação premiada, Cerveró afirmou que em razão de ter viabilizado a contratação da empresa Schain como operadora da sonda Vitória 10000, ainda quando era diretor da área internacional da Petrobras, havia um sentimento de gratidão em relação a ele. E que, como reconhecimento, Lula decidiu indicá-lo para uma diretoria da BR Distribuidora.
A denúncia cita várias vezes o ex-ministro de Fernando Collor, Pedro Paulo Leoni Ramos, apontado como operador particular do senador no esquema. Segundo Janot, era alguém que agia com liberdade para implantar o que o procurador chama de um complexo esquema criminoso na empresa e que cobrava uma espécie de pedágio de quem tentasse fechar contratos com a BR Distribuidora.
De acordo com a denúncia, parte da propina recebida pelo deputado Vander Loubet foi para pagar dívidas da campanha dele à eleição municipal de 2012. A Procuradoria pede que o parlamentar seja condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e por fazer parte de uma organização criminosa. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavaski, relator da Lava Jato, ainda vai decidir se aceita ou não a denúncia.

O PTB informou que não faz indicações ao governo e mantém uma postura de independência e que eventuais indicações de cargos feitas por parlamentares são de responsabilidade dos próprios parlamentares.
A assessoria de Pedro Paulo Leoni Ramos disse que não vai comentar o assunto, porque ainda não teve acesso à denúncia.
Vander Loubet só vai se manifestar depois de terem acesso ao documento.
O advogado de Fernando Collor informou que o senador não é acusado neste processo, e, por isso, não vai comentar o assunto.
A BR Distribuidora e o PT também não vão comentar.
O Instituto Lula não quis comentar as afirmações do procurador Rodrigo Janot. Sobre a delação de Nestor Cerveró, o Instituto Lula disse que o ex-presidente já esclareceu à polícia que não tem relação pessoal com Cerveró, muito menos sentimento de gratidão. E que Lula sempre atuou dentro da lei.
Não conseguimos contato com a defesa de Luis Claudio Caseira Sanches e Jose Zonis.

FONTE: http://g1.globo.com

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