Uma multa encaminhada por um motorista a Gilmar Yared, pai de Gilmar Rafael Yared, morto em acidente de trânsito em 7 de maio de 2009, que envolveu o ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, aponta que ao contrário do que alegou a Consilux na época, os radares da região estavam funcionando. Cópia da multa foi publicada ontem pelo pai da vítima em sua página no Facebook.
"Recebi nesta segunda-feira a infração cometida por um motorista aos 50 minutos do dia 7 de maio de 2009 registrada há 4 minutos da tragédia a poucos metros de onde morreram meu filho e seu amigo aos 54 minutos", afirma Gilmar Yared no texto. "Na época a Consilux não apresentou as imagens alegando que os radares apresentavam problemas. O motorista revelou ainda que não nos procurou logo após porque temia pela sua segurança", explicou ele.
Yared disse ter encaminhado o documento ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, para que seja investigado o sumiço das imagens. O motorista que enviou a multa afirmou não ter revelado a questão antes por medo. Ele teria mudado de ideia depois de ficar indignado com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal de adiar o julgamento de Carli Filho.
Quando o acidente ocorreu e o caso veio à tona, a Consilux - empresa contratada pela prefeitura para operar os radares - alegou que o carro do ex-deputado não foi detectado por nenhum dos sete radares, do possível trajeto entre o restaurante no Bairro Bigorrilho, onde ele jantou, até o local do acidente, na Avenida Monsenhor Ivo Zanlorenzzi, no Bairro Mossunguê.
Essa informação foi confirmada ainda por um engenheiro especializado em acidentologia, Walter Kauffmann, contratado pela família de Gilmar Rafael Yared. A análise foi baseada no relatório de todos os radares enviados pela Consilux.
Na ocasião, Kauffmann disse que não foram analisados somente os radares do trajeto entre meia-noite e 0h52, quando ocorreu o acidente, como nenhum radar da cidade detectou a passagem do veículo, em qualquer velocidade e em nenhuma hora do dia 6 de maio, 24 horas antes do acidente.
O grande mistério, segundo o engenheiro, são as falhas nas listagens. Ou seja, em muitos casos, houve a detecção de vários veículos e suas respectivas velocidades, mas em 50% deles, em média, não havia placa registrada pelo sistema.
O engenheiro recebeu o relatório da Consilux em papel. Na listagem entre 0h46 e 1h29 da madrugada do dia do acidente, 51 veículos passaram pelo radar localizado a poucos metros do local da colisão. Desse total, 16 carros não tiveram suas placas identificadas pelo sistema.
O especialista afirmou, na época, que estranhou que em nenhuma listagem, entre todos os radares de Curitiba, o carro de Carli Filho teria sido registrado por radar - sistema coleta todas as informações, inclusive os casos de não excesso de velocidade.
"Era como se ele não estivesse saído de casa neste dia, não teria ido trabalhar e não teria ido nem ao restaurante", concluiu.