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No 1º semestre, Sudoeste viveu pior epidemia de dengue da história

Mais de 1.800 casos confirmados. Surtos e epidemias em diversas cidades. Óbitos nunca antes registrados. O primeiro semestre de 2016 representou "a pior situação da história"

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  • 05 de Setembro de 2016
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Mais de 1.800 casos confirmados. Surtos e epidemias em diversas cidades. Óbitos nunca antes registrados. O primeiro semestre de 2016 representou "a pior situação da história" em termos de epidemia de dengue, zika e febre chikungunya no Sudoeste, segundo Benvenuto Juliano Gazzi, da Seção de Vigilância Epidemiológica da 8ª Regional de Saúde.
Dos 27 municípios da 8ª RS, oito entraram em situação epidêmica (acima de 300 casos a cada 100 mil habitantes) e outros cinco em surto epidêmico (entre 100 a menos de 300 casos por 100 mil habitantes. Como um todo, a microrregião ficou com índice epidêmico elevadíssimo: 471,77 casos/100.000 habitantes. Ademais, 19 municípios registraram casos autóctones (quando o contágio acontece no próprio município) e somente dois municípios não tiveram casos confirmados de dengue (veja os dados na tabela).
Junto aos números exorbitantes de casos vieram vários registros de dengue grave e as primeiras vítimas. Dois idosos, um de Francisco Beltrão e outro de Pérola DOeste, com 76 e 71 anos, respectivamente, o primeiro hipertenso e tabagista e o segundo, hipertenso e cardíaco.

 

 

 

Zika e chikungunya


Zika e chikungunya também causaram estragos, embora em menor escala. Em Nova Prata do Iguaçu foram 21 casos autóctones de zika confirmados dentre 95 notificados. A incidência da doença no município fechou em 196,30 casos/ 100 mil habitantes. Outra cidade que viveu surto de zika foi Santa Izabel do Oeste: 15 casos autóctones, 240 notificados e incidência de 107,85/100 mil habitantes. Nenhuma gestante foi afetada. Já a febre chikungunya circulou pela microrregião com alguns casos importados em Beltrão e Santo Antônio do Sudoeste.
Com a chegada da primavera, os próximos meses precisam ser de "apoio e trabalho incessante de toda a população, dos gestores e profissionais de saúde". Segundo Juliano, o Aedes aegypti já provou seu grande poder de adaptação, reprodução e disseminação. "Qualquer descuido e podemos ter desagradáveis surpresas. Por isso a prevenção é fator fundamental. Se a população e todo proprietário de estabelecimento comercial se dedicar 10 a 15 minutos por semana para a eliminação de criadouros do mosquito Aedes, podemos fazer a diferença no controle do vetor e evitar surtos e epidemias. Sem um trabalho integrado e cooperativo entre a população e o poder público, não conseguiremos vencer estas doenças."

 

 

 

Paraná: 56 mil casos


O Paraná registrou, entre agosto de 2015 e julho de 2016, 56.351 casos de dengue dentre as 145.757 notificações da doença. Foram 52.708 casos autóctones (originários no próprio estado) e 3.643 casos importados de outras regiões. Outros 68.526 foram descartados. Estas são as principais informações do boletim da dengue da semana epidemiológica 31/2015 (primeira semana de agosto) a semana 30/2016 (última semana de julho).
Os casos notificados e confirmados se concentraram entre as semanas epidemiológicas 6 e 15, isto é, entre 7 de fevereiro a 16 de abril de 2016. A semana com maior número de notificações (9.183 casos) foi a de 27 de março a 2 de abril. Já a semana de 21 a 27 de fevereiro foi quando o estado mais confirmou casos de dengue: 4.224.
Segundo Juliano, a concentração varia ano a ano em função de fatores como controle do vetor e clima (concentração de chuva), "o que pode propiciar a reprodução do vetor de forma que o seu índice de infestação chegue a um ponto que facilite a ocorrência de surtos e epidemias. Neste ano, os fatores climáticos adiantaram a ocorrência de casos, pois tivemos surtos no Paraná desde o início do ano", afirma.
Quanto à faixa etária, 52,6% dos casos confirmados estão distribuídos dos 20 aos 49 anos - o maior grupo populacional, pelas estimativas do IBGE -, seguido pela população entre 50 a 64 anos, com 17,7% dos casos. "Em tese seria porque é a faixa mais economicamente ativa e, portanto, mais propícia a entrar em contato com o vetor nos momentos de maior ataque do mosquito (saída e retorno do trabalho). Porém, em muitos casos o contágio ocorre nas próprias residências e foge desta lógica", pondera Juliano.

 

 

 

Mulheres, as mais atingidas


No geral, o sexo feminino foi mais atingido que o masculino em todo o Estado, que tem quase 1% mais mulheres que homens - na região, há pequena diferença de 0,1% a mais de mulheres. "Não localizei um estudo estatístico que demonstrasse que houvesse um ataque maior no sexo feminino aqui no Paraná. Há estudos de soroprevalência da dengue já realizados em outros estados com resultados contraditórios quanto à diferenciação estatística entre os sexos. Alguns apontam que haveria mais casos entre mulheres, mas não há consenso", analisa Juliano.
A justificativa para o maior número de casos entre mulheres, de acordo com os autores, seria a maior permanência da mulher intradomicílio ou peridomicílio (dentro ou nos arredores de casa), locais onde predominantemente ocorre a transmissão de dengue, entretanto, Juliano afirma que "há forte questionamento quanto a esta causa".

 

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Fonte: Jornal de Beltrão

 

 

 


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