A Delegada Emanuelle Carolina Baggio, que presidiu o procedimento investigatório, informa que a Polícia Civil colheu evidências que indicam que Marli foi morta
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Depois de mais de cinco meses de investigações, a Polícia Civil de Francisco Beltrão encaminhou à Justiça nesta terça-feira (13) o Inquérito Policial - com quase quatrocentas páginas – que apura o suposto “desaparecimento” da costureira Marli Frizanco.
Confira na integra a conclusão da delegada responsável pelo caso:
A Delegada Emanuelle Carolina Baggio, que presidiu o procedimento investigatório, informa que a Polícia Civil colheu evidências que indicam que Marli foi morta, infelizmente. Além do que, os elementos de provas também indicam a fundada a suspeita de autoria, que recai na pessoa do marido, José Frizanco, preso no Setor de Carceragem Temporário anexo à 19ª SDP por força de Mandado de Prisão Temporária.
José nega ser o responsável pelo “desaparecimento” de Marli, alega que não tinha motivos para isso, pois se relacionava muito bem com ela e com demais familiares, informações desmentidas pelas próprias filhas, que inclusive relatam agressões anteriores, além da personalidade agressiva do pai.
O genro do casal informou que saiu da casa por volta das 7h45min do dia 29 de junho, lá permanecendo apenas Marli e José. Já por volta das 9h, quando uma das filhas voltou para pegar as chaves do carro, José se negou a abrir o portão, obrigando ela a se deslocar de carona com um vizinho para o trabalho. Foi apurado que José só retornou pra casa por volta das 18h, embora tenha dito no primeiro depoimento que tinha retornado às 14h e, quando indagado sobre a mãe, respondeu: ‘deve ter fugido com o Ricardão”.
O suspeito entrou por várias vezes em contradição, primeiro informou aos Policiais Civis que no dia do desaparecimento de Marli, teria se deslocado até a cidade de Salto do Lontra, mas quando questionado o local exato onde foi e quem teria visitado, voltou atrás passando então a dizer que na verdade não conseguiu chegar a Salto do Lontra porque o seu carro estragou nas proximidades da SADIA. Foi então questionado pelos Investigadores - que lhe disseram iriam checar as câmeras -, voltou atrás novamente e agora disse que o carro estragou ali na frente da UPA. Novamente foi informado pelos Policiais que seria requisitado as imagens das câmeras de segurança, voltou atrás uma vez mais e passou a dizer que o carro estragou antes do DETRAN. Foi então questionado quem o socorreu, disse que ele mesmo consertou o veículo, e quando questionado o que fez após, disse que ficou rodando pela cidade.
Já quando da primeira entrevista, os Policiais perceberam que José apresentava algumas escoriações na face e no pescoço, num primeiro momento dizendo que tinha se machucado nuns galhos atrás de sua casa, inclusive tinha guardado os ditos galhos para mostrar as autoridades, mas quando informado que passaria por exame de lesão corporal e que aquelas lesões se assemelhavam a arranhões causados por unhas, voltou atrás e então disse que ele mesmo havia se arranhado.
Outro dado que chamou a atenção dos Investigadores foi a descoberta que um dia após o desaparecimento de Marli, o suspeito foi até uma livraria e tirou cópias dos documentos originais dela, questionado se tinha feito isso, José negou, mas quando informado que além de uma testemunha, havia imagens comprovando isso, então admitiu, mas parcialmente, confirmando que tinha sim tirado cópias, “mas só tirei cópia de cópia porque quanto mais cópia melhor”. A proprietária da livraria, por sua vez, afirmou que José estava com os documentos originais de Marli, inclusive pediu que tirasse a frente bem certinho com o verso. Essas cópias foram apreendidas pelos policiais dentro do carro de Marli, que ficou todo tempo na frente da casa.
Os Investigadores disseram ainda que José sempre negou possuír arma de fogo, sempre falava: “minha arma é Deus”, assim como sempre enfatizava que sua relação com Marli era das melhores, mas quando da realização de limpeza na residência do suspeito, familiares acabaram encontrando, muito bem escondidos, uma arma de fogo tipo revólver e parte dos documentos de Marli, além de anotações de próprio punho do suspeito demonstrando nutrir muita raiva de sua esposa.
Foto: Policia Civil
Segundo levantado durante as investigações, Marli não tinha motivos para desaparecer, era muito ligada as filhas e netos, consta que não saia nem na esquina que não fosse com seu carro, não era pessoa depressiva, era muito trabalhadora, comprometida, preocupada com as entregas no prazo das costuras que pegava, tinha inclusive créditos a receber de algumas lojas. Além disso, não houve movimentação de sua conta bancária e nem uso de seu aparelho telefone após o desaparecimento, e a relação com José, pelo que foi apurado, era por demais conturbada, não obstante ele sempre tente passar a imagem de que o casal vivia muito bem, o que não seria verdade, seja pelo relato dos familiares como pelas próprias anotações de José.
Para a Polícia, os elementos de provas colhidos nesses mais de cinco meses de intenso trabalho de investigação bem indicam que Marli foi morta, com ocultação de seu corpo, e existe fundada suspeita de que a autoria destes delitos recai no marido – José - o qual foi indiciado no Inquérito Policial por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e posse irregular de arma de fogo.
O Inquérito Policial, com pedido de prisão preventiva, foi encaminhado à Justiça, e agora caberá ao Ministério Público e ao Poder Judiciário a análise e demais deliberações.
Os Investigadores prosseguem as diligências objetivando localizar o corpo de Marli.
Por fim, a Delegada Emanuelle enfatiza que todo o trabalho foi pautado pela técnica, elogia a atuação dos Policiais Civis que participaram das diligências, enaltecendo a ajuda da população e sobretudo dos familiares: “todos os elementos de provas colhidos foram documentados no Inquérito Policial; nossos policiais se dedicaram ao extremo, aliás continuam a se dedicar para localização do corpo; mas gostaria de agradecer de forma muito especial toda a ajuda prestada pela população e sobretudo pelos familiares de Marli, ajuda que foi decisiva, nos trouxeram informações importantíssimas para que pudéssemos compreender a dinâmica de como os fatos se deram. A todos, muito obrigada”.
Da Redação: Nesta quinta-feira (15) a Justiça analisou o pedido e deferiu pela Prisão Preventiva de José Frizanco. Agora ele fica preso por tempo indeterminado, para que os fatos sejam finalmente apurados.
Possivelmente após os procedimentos ele seja transferido para a Penitenciária Estadual.
Fonte: PP News (com informações da Policia Civil)