Apesar de a saída de Orlando Silva do Ministério do Esporte estar ligada a denúncias de aparelhamento da pasta pelo PCdoB, tudo indica que o partido manterá o poder sobre a vaga
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Caiu nesta quarta-feira (26) o quinto ministro envolvido em suspeitas de corrupção ao longo do governo Dilma Rousseff, mas o padrão de escolha da presidente deve continuar o mesmo. Apesar de a saída de Orlando Silva do Ministério do Esporte estar ligada a denúncias de aparelhamento da pasta pelo PCdoB, tudo indica que o partido manterá o poder sobre a vaga.
favorito para substituí-lo é o deputado federal Aldo Rebelo (SP), que foi ministro das Relações Institucionais entre 2004 e 2005, durante o primeiro mandato de Lula. Por enquanto, o secretário-executivo, Waldemar Manoel Silva de Souza, filiado à sigla no Rio de Janeiro, é quem fica no cargo como interino.Nos quatro casos anteriores, Dilma repetiu a fórmula de respeito à divisão de espaços no primeiro escalão entre as legendas aliadas. Na Casa Civil, houve uma troca entre petistas (Gleisi Hoffmann no lugar de Antonio Palocci) e nos Transportes, entre filiados ao PR (Paulo Passos substituiu Alfredo Nascimento). Os peemedebistas Wagner Rossi (Agricultura) e Pedro Novais (Turismo) também foram trocados por correligionários – Mendes Ribeiro e Gastão Vieira, respectivamente.Na comparação com os demais parceiros governistas, contudo, o PCdoB tem uma representatividade política menor. Enquanto o PMDB conta com uma bancada de 98 congressistas e o PR de 46, os comunistas elegeram no ano passado apenas 15 deputados federais e dois senadores. Por outro lado, a sigla apoia o PT desde a primeira eleição presidencial após a redemocratização, em 1989.“É triste ver que a presidente mantém esse modelo de loteamento do poder, no qual a única coisa que importa é satisfazer os partidos amigos”, criticou o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias. Já o presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire, disse que as escolhas de Dilma comprovam a formação de um ministério “subalterno” às ordens ditadas por Lula. Ele levanta dúvidas sobre o real interesse de punir casos de corrupção: “a queda do ministro deveria ser a queda, também, do aparelhamento que foi feito no Esporte”.Para os petistas, no entanto, não há motivos para diminuir o espaço do PCdoB. “São aliados essenciais, aliados ideológicos, aliados de todos os momentos”, afirmou o deputado paranaense e secretário de comunicação do PT, André Vargas. “Se a presidenta eventualmente decidir trocar o ministro, acho que tem de ser alguém do PCdoB”, complementou.Ao longo da defesa de Orlando Silva, o partido também fez questão de agir em bloco para defendê-lo. Desde a semana passada, inserções da legenda no horário gratuito de propaganda partidária no rádio e na televisão tentavam dar crédito ao ministro e lembrar que o PCdoB nunca havia sido citado antes em escândalos de corrupção. A sigla também já havia comunicado o governo na semana passada que queria permanecer no controle da pasta.Nesta quarta-feira, o primeiro anúncio sobre a saída de Orlando Silva foi feito pelo presidente do partido, Renato Rebelo. Ele reuniu a bancada para comunicar a decisão no começo da tarde, enquanto a demissão só foi concretizada cinco horas depois, em uma reunião no Palácio do Planalto. Além de Aldo Rebelo, também são cotados para a vaga outros dois comunistas – o presidente da Embratur, Flávio Dino (MA), e a deputada federal e ex-prefeita de Olinda Luciana Santos (PE).