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Jornalista é hostilizado por grupo de motoqueiros de Dois Vizinhos

Jornalista da Rádio Ampere, foi impedido de exercer sua profissão.

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  • 18 de Setembro de 2017
  • Imagem ilustrativa.

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O jornalista Júlio César Alves, da Rádio Ampere, foi impedido de exercer sua profissão na manhã desta sábado, 16, durante a cobertura de um acidente de trânsito na PR 182. Ele divulgou uma nota explicando como o fato aconteceu:

Colegas da imprensa regional.

Quero reportar a todos uma situação que vivenciei na manhã deste sábado, 16, na rodovia PR 182, em Ampére, sudoeste do Paraná.

Sou jornalista formado e atuo no departamento de jornalismo das rádios Ampére AM e Interativa FM, e ao receber informação sobre um acidente na rodovia que passa pelo município fui até o local para apurar as informações e posteriormente, dentro do que achamos pertinente, sem expor as vítimas, divulgar em nossas emissoras.

Cheguei ao local por volta das 11h e constatei que duas motocicletas acabaram se envolvendo em um acidente de trânsito nas proximidades de um posto de combustível. As vítimas, duas delas, estavam sendo atendidas pela equipe do Samu unidade de Realeza, e duas, com ferimentos leves, já haviam recebido atendimento e aguardavam remoção até unidade de saúde.

Como faço em todas os acidentes jamais interfiro na atuação dos profissionais que estão trabalhando. Primeiro, respeito às vítimas e seus familiares e não bato fotos do atendimento. Depois não posto nada em redes sociais em respeito também as pessoas envolvidas. Por seguinte, respeito o trabalho dos profissionais do Corpo de Bombeiros, Samu, Policia Rodoviaria, Policia Militar se for o caso, Criminalística e IML, enfim todos os envolvidos, pois o mais importante é atender o fato, as vítimas, e depois vem a divulgação da ocorrência. Busco aos poucos confirmar as informações e somente após estar conhecendo o fato divulgar.

Porém, na manhã deste sábado, ao estar exercendo meu trabalho de jornalista, após fazer o registro dos veículos envolvidos fui questionado por algumas pessoas que seriam integrantes de um grupo de motos da cidade de Dois Vizinhos o que eu estaria fazendo. Expliquei.

Fui questionado por diversas vezes e expliquei que estava trabalhando, sem interferir na atuação das equipes de socorro e jamais expondo as vítimas e seus familiares. Porém, fui insultado, agredido verbalmente e até ameaçado por alguns cidadãos. Um deles insistia em querem tomar meu equipamento de trabalho. Outro queria que apagasse as fotos que havia tirado. Um outro se identificou como advogado e quis me intimidar dizendo que iria me processar caso o fato fosse divulgado. Por duas ou três vezes esse cidadão quis usar de sua profissão, caso seja mesmo advogado, para me intimidar, me amedrontar. Para evitar algo mais sério, e até uma agressão física, pois eram pelo menos cinco integrantes desse grupo que me insultavam, me cercavam, decidi sair do local, não podendo infelizmente concluir meu trabalho.

Fui escoltado até meu carro por um policial rodoviário e mesmo assim uns três cidadãos me seguiam e batiam fotos. Um deles bateu foto do meu carro e também da placa, quem sabe para usar numa situação futura. Explico que estava com meu carro particular, o qual está devidamente regularizado.

Quero deixar claro que em momento algum fui mal educado. Em momento algum interferi no trabalho de socorro e jamais expus as vítimas, pois em quase 15 anos de atuação no jornalismo e sendo integrante de uma das famílias proprietárias das rádios da cidade conheço o que devemos e como devemos divulgar fatos dessa natureza. Respeito a todos e eticamente sei o que devo fazer no exercício do meu trabalho. Trabalhamos com profissionalismo, com responsabilidade e cumprindo as legislações pertinentes a nossa área de atuação. São 39 anos de atuação na radiodifusão regional sem manchas em nossa história de sucesso.

Quero também registrar e agradecer a atuação dos polícias rodoviários do posto de Realeza, que verificaram o fato ocorrido com minha pessoa e evitaram algo pior, até uma possível agressão física. Em meu nome, dos meus familiares e de nossas rádios obrigado aos polícias, que além de terem que atuar no registro da ocorrência tiveram ainda que evitar algo pior com um profissional da imprensa que trabalhava de forma correta, idônea e responsável.

No momento em que fui abordado por esses cidadãos fui questionado até sobre minhas vestimentas. Usava bermuda, camiseta, boné e chinelo, pois estava de folga. Como fui acionado fui até o local vestido dessa forma e jamais minhas vestimentas irão me atrapalhar no exército de minha função. Nem dizer quem sou ou se sou um "pé de chinelo qualquer" como foi dito. Não são minhas roupas, marcas delas, se tenho dinheiro para comprar uma moto potente ou qualquer pertence que irá dizer se sou mais ou menos profissional. Perdão, mas bens materiais não fazem me sentir mais ou menos do que os outros. Nem uso de minha situação financeira para denegrir ou desmerecer ninguém.

Quero para terminar agradecer aos colegas da imprensa pelo apoio. Agradecer aos policiais mais uma vez. Lamento o ocorrido. Peço desculpas aos ouvintes por não poder levar as informações, pois pela primeira vez não pude realizar meu trabalho. Nossa empresa tomara as medidas necessárias diante do fato. Foi um ato covarde contra a liberdade de imprensa e de expressão. Foi uma covardia de algumas pessoas que se dizem cultos e conhecedores da lei. Foi um ato contra o exercício da profissão de jornalista.

Nos da imprensa não vamos tolerar esse desrespeito. Não vamos nos calar e que a situação sirva de exemplo para que não ocorra com outros colegas.

Lamento o ocorrido. Vida que segue. Sigo no jornalismo, pois amo minha profissão, amo o que faço, e jamais irei me abalar com a situação vivenciada.

Viva o jornalismo. Viva a liberdade de imprensa.

Julio Cesar Alves
Jornalista diplomado e empresário de radiodifusão em Ampére/PR
DRT PR 5401

Fonte: Jornal de Beltrão

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