O engenheiro ambiental Alexandre Bianchini, chefe do Núcleo Regional da Secretaria de Estado da Agricultura (Seab), de Dois Vizinhos, e o engenheiro ambiental Ricardo Barossi Ludwig, responsável pela área vegetal da regional da Agência de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Adapar), participaram do Programa Sete e Meia, da Rádio Educadora, ontem.

Jair Bonato, apresentador do programa, inquiriu os engenheiros sobre o cultivo da safra agrícola e as embalagens com sementes, oriundas da China, que vêm sendo recebidas por famílias de diversos estados brasileiros.

Safra Agrícola

Alexandre Bianchini, da Seab, falou sobre a safra agrícola e a falta de chuvas. “Ontem [terça-feira] dei uma saída pro campo e vi muitas colheitadeiras colhendo o trigo e os tratores atrás fazendo o plantio [da soja].” O chefe da Seab frisou que para os agricultores “não tem pandemia, não tem tempo ruim que faça com que eles parem de trabalhar”.

Ele informou que no município de Dois Vizinhos devem ser plantados cerca de 17 mil hectares de soja. Mas lembrou que estamos em ano de influência do fenômeno La Niña, que consiste em menos chuva na região Sul e mais chuvas no Norte/Nordeste do Brasil. “De acordo com o Deral este ano é um ano atípico, um ano de La Niña, houve atraso no plantio por causa do tempo seco e vai passar aí o fim do ano, dezembro, janeiro e fevereiro essa falta de chuva. Vai dificultar um pouco o plantio”, comentou.

Na Região do Vale do Iguaçu, área que compreende o Núcleo da Seab, de Dois Vizinhos, Alexandre disse que, de 10% a 15% da área prevista já foi plantada. Nesta época do ano a perspectiva é que mais áreas já estivessem plantadas. “Mas o agro não para, os agricultores não param, estão colocando as sementes na terra”, ressaltou.

Sementes misteriosas

Ricardo Barossi Ludwig, agrônomo da Adapar, em Dois Vizinhos, discorreu sobre as encomendas destas sementes oriundas de países da Ásia. “Essas sementes que estão chegando de origem estrangeira no Brasil, devido a essa importância da agricultura no Brasil, a gente vê que é um problema gigante, todos os estados já registraram estas sementes estrangeiras nos seus endereços.”

Ricardo explicou de que forma estas sementes devem estar chegando nas casas. “Geralmente [quem recebe] é alguém que já fez alguma compra de produtos da China, um relógio, uma capa do celular, um produto similar. E eles têm lá registrado e muitos receberam ou estão recebendo estas sementes acondicionadas em algum tipo de embalagem.”

O engenheiro agrônomo orientou as pessoas sobre o que fazer em caso de receber uma encomenda com sementes. “É muito importante que as pessoas que receberam estas sementes procurem as unidades da Adapar, na Seab em Dois Vizinhos, e em todos os municípios em volta, procurem as prefeituras que elas vão destinar ou entrar em contato com a Adapar, que vai procurar dar a destinação adequada ou enviar para laboratórios e verificar o que que estas sementes têm.”

Conforme o técnico da Adapar, já foi constatado que estas sementes contêm ácaros, fungos e bactérias. “Fungos, por exemplo, estão presentes nas sementes por meio de uma série de dormentes. Estão esperando simplesmente a planta germinar, entrar em contato com a água, pra esta estrutura do fungo se desenvolver. Tem alguma chance de ter fungo ou praga que nós não temos no Brasil. Até mesmo estas plantas podem se tornar ervas daninhas no Brasil.”

Até o momento, no Paraná, mais de 34 pacotes de embalagens foram recebidos por famílias de diversos municípios. Ricardo explicou que “cada embalagem tem milhares de sementes. Claro que muita gente ainda não tem conhecimento, acaba deixando em casa. Tem pessoas que têm curiosidade de plantar. Acontece muito, quem me mandou? Aí planta pra ver se é uma fruta”.

Em Maringá, uma pessoa abriu a embalagem, plantou as sementes e cresceu uma planta enorme. Por isso, a Adapar vai precisar acompanhar esta situação. Ricardo fez um apelo às pessoas: “Quem recebeu, entregue na Adapar. Não abra a embalagem. Qualquer tipo de semente pode se tornar um grande problema”.

Alexandre Bianchini, da Seab, disse que “O Brasil e o Paraná são movidos pelo agronegócio, e temos que ficar em alerta para que isso não possa interferir no agronegócio”.

Fonte: Jornal de Beltrão

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