O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, afirmou que não voltará a se candidatar nas próximas eleições, previstas para fevereiro de 2012, segundo entrevista publicada nesta quarta-feira no jornal local "La Stampa". O premiê prometeu também deixar o cargo até o fim do mês, após a aprovação de reformas econômicas prometidas à UE (União Europeia).

"Não vou disputar o gabinete", afirmou Berlusconi, depois de anunciar que deixará o cargo assim que a lei de reforma econômica for aprovada. "Chegou a hora de [Angelino] Alfano, ele será nosso candidato. Ele é realmente bom, melhor que qualquer um pode pensar, e sua liderança é aceita por todos". Alfano, ex-ministro da Justiça do governo de Berlusconi, é atualmente secretário-geral do PDL (Povo da Liberdade), e seu nome poderia receber um apoio relativamente grande para liderar um governo de transição no qual entraria a oposição centrista.

"Antes devemos dar respostas imediatas aos mercados. Não podemos esperar mais para adotar as medidas que decidimos; esse foi meu compromisso com a Europa e, antes de ir, quero cumpri-lo", ressaltou. "Faço um chamado a todos, maioria e oposição, para que essas medidas sejam aprovadas o quanto antes, e depois apresentarei minha renúncia".

O primeiro-ministro disse que, após sua demissão, o presidente Giorgio Napolitano começará as consultas com os partidos políticos para decidir o que fazer, mas adiantou que não quer governos de união nacional ou o apoio de partidos da oposição.

Sobre a votação de ontem, o primeiro-ministro qualificou de "alucinante" o que passou. "Eles me traíram, aqueles que durante toda uma vida levei em meu coração", lamentou. O primeiro-ministro reconheceu após a votação na Câmara dos Deputados que seu governo não tem a maioria, pois conseguiu apenas 308 votos, enquanto 321 deputados não votaram.

O primeiro-ministro falou também sobre seus problemas com o ministro da Economia, Giulio Tremonti. "A relação pessoal não é ruim, mas no final ele sempre faz o que quer e só me resta tomar nota durante o conselho de ministros", reconheceu.

Sobre que fará após a renúncia, Berlusconi considerou que participará da campanha eleitoral e talvez volte a ser presidente do Milan.

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